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Brasil: Carta da Plenária Nacional dos (as) Trabalhadores (as) em Educação

América do Sul/Brasil/06-09-2020/Autor e Fonte: Fórum pelos direitos y liberdades democráticas

Carta da Plenária Nacional dos (as) Trabalhadores (as) em Educação1

Vivemos uma situação de crise do sistema capitalista em todo mundo, seus altos custos são jogados nas costas da classe trabalhadora e do povo pobre. A crise sanitária com a pandemia tem servido de pretexto para avançar a agenda neoliberal, aqui no Brasil assistimos em reunião ministerial a afirmação que o governo deveria aproveitar as mais de 120 mil mortes e mais 3,5 milhões de infectados (as) pelo COVID 19 para passar a boiada, enquanto a população chora e lamenta a perda dos seus entes queridos.

Neste momento podemos destacar como ataque geral a toda classe trabalhadora e ao povo pobre a destruição das políticas sociais e das empresas do Estado, do serviço público e dos(as) servidores(as), denominada Reforma Administrativa, o projeto de lei Future-se de financiamento vida mercado de capitais das IES e o Projeto de Lei Orçamentária Anual encaminhado ao Congresso Nacional pelo Governo Bolsonaro com duros cortes nas áreas socias, em especial o corte de cerca de 25% nas verbas da educação para 2021, em relação ao já precário orçamento de 2020. Nos estados e municípios a situação é similar com cortes e privatizações em curso.

O impeachment do governo Dilma em 2016 aprofundou de forma muito contundente os ataques aos direitos da classe trabalhadora, assistimos na educação: congelamento salarial, redução do número de concursos, intervenções na democracia e autonomia das escolas públicas, redução das bolsas de incentivo à pesquisa e à extensão, reforma do ensino médio que flexibiliza o currículo e reduz disciplinas; no ensino básico se observa a ampliação da precarização dos contratos de trabalho por meio de terceirização, precarização e contratos intermitentes, além de outros ataques se alastram como novas formas de privatização, associadas ao acesso à conexão de Internet e à posse de equipamentos para participação nas aulas virtuais, seja na condição de trabalhador (a) ou da de estudante.

O Ensino Remoto, que está sendo utilizado em vários estados e municípios em todo país, deve ser encarado como provisório e limitado, pois não garante sequer acesso à banda larga, computadores e materiais pedagógicos para a categoria docente e para os estudantes. Via de regra, essa modalidade está sendo usada para criar uma disputa que não existia no início do ano letivo, entre a educação presencial na escola e a educação virtual em casa. Os defensores do neoliberalismo sabem que não pode suprimir as escolas públicas sem resistência e com rapidez, mas estão tentando construir no imaginário social a falsa concepção de que aula remota é o mundo moderno e a escola está ficando obsoleta. O objetivo desse projeto é uma forma não clássica de privatização da educação pública através da entrada de empresas  privadas tecnológicas e a preparação de conteúdos educacionais digitais para o “mercado  educacional”, esta medida vem acompanhada de um desinvestimento sustentado na atualização e formação de professores(as).

A resposta dos(as) trabalhadores(as) em educação, no âmbito internacional, tem sido extraordinária. Mesmo sem apoio ou contrapartida do Estado tem-se assumido por conta própria, com o apoio de seus sindicatos e entidades do ramo da educação a tarefa de se atualizar para enfrentar os desafios pedagógicos atuais. Os educadores de todo o mundo, e não são diferentes os(as) brasileiros(as), são um exemplo digno do compromisso com a continuidade do direito à educação de forma universal, em condições cada vez mais adversas.

Foi com esse espírito que os sindicatos e trabalhadores(as) da educação estão envolvidos, desde o primeiro momento da pandemia em ações de solidariedade, pesquisa e produção de material de EPI e de combate à COVID 19, apesar da falta de qualquer iniciativa do governo.

Com poucas, porém relevantes exceções, os governos vêm apelando de forma irresponsável para o retorno às aulas presenciais, sem previsão de vacina no horizonte e sem condições adequadas de biossegurança, questão que expressa claramente que suas principais preocupações são reativar a economia capitalista neoliberal em crise, isso à custa da segurança e da vida de crianças e trabalhadores(as) da educação.

Porém, a crise atual confirma velhas certezas ao instalar novos desafios. A certeza de que a relação ensino-aprendizagem e a educação de qualidade se sustentam nas atividades presenciais, valorizando mais uma vez o exercício docente, tão vilipendiado pela mercantilização educacional neoliberal. Mas, o retorno à escola de forma presencial não pode ser a realidade naturalizada das desigualdades expressas antes e de forma dramática com a pandemia, afinal anos letivos se recuperam, vidas humanas não.

O atual desafio enfrentado pela geração de trabalhadores (as) na educação é maior que simplesmente garantir o ano letivo 2020, como está sendo aplicado pelo governo Bolsonaro, movimentando-se exclusivamente para garantir os lucros da enorme rede do ensino privado no país. Nossa tarefa é de pensar e construir uma resposta não só para a situação, mas dela traçar um horizonte estratégico que passa inevitavelmente pela construção de uma alternativa pedagógica que sustente uma escola socialmente referenciada nos interesses estratégicos da classe trabalhadora de uma escola popular.

Assumir este desafio da forma mais séria e responsável implica ir além das fronteiras nacionais, pois o que está em jogo é justamente superar a crise de um modelo de educação neoliberal globalizado. Para isso, estamos empenhados(as) na construção do I Congresso Mundial da Educação contra o neoliberalismo e em defesa da Escola Púbica, gratuita, laica e de qualidade, em benefício dos povos e nações, da classe trabalhadora, uma escola feminista, antirracista, antilgbtfóbica, com uma perspectiva emancipadora.

Concluímos com a certeza de que essa plenária nacional dos(as) trabalhadoras em educação não pode deixar de apontar formas de lutas e de organização que nós devemos nos mover no próximo período, por tanto deliberamos:

1) Realizar uma campanha de acompanhamento das Atividades de Ensino Não Presenciais e do trabalho remoto dos(as) servidores(as) docentes e técnicoadministrativos(as). Em defesa que nenhum(a) estudante seja deixado para trás, apoiando as reivindicações estudantis, contra a precarização do ensino e pela garantia das condições de trabalho dos(as) trabalhadores em educação;

2) Fazer uma luta contra o assédio moral que tem aumentado fortemente durante a vigência do trabalho e ensino remotos;

3) Construir de forma unificada com os(as) demais trabalhadores(as) uma grande campanha contra os cortes de verbas nas áreas sociais, em especial a educação, apresentada ao congresso pela proposta de LOA do governo Bolsonaro. Pela revogação a EC 95;

4) Enfrentar o projeto Future-se através de uma ampla campanha que envolva todos os setores afetados;

5) Lutar contra a implementação da Reforma do Ensino médio que reduz carga horária e disciplinas;

6) Buscar a unidade de todos e todas trabalhadores e trabalhadoras em educação na construção da GREVE NACIONAL SANITÁRIA PELA VIDA contra qualquer iniciativa em qualquer local do Brasil da reabertura das escolas de forma presencial;

7) Construir a data convocada pela CNTE de 15 de setembro o DIA NACIONAL DA EDUCAÇÃO EM DEFESA DA VIDA;

8) Construir ativamente a luta encabeçada pelo FONASEFE em defesa do Serviço Público e dos(as) Servidores(as), contra a reforma administrativa, construindo as plenárias estaduais das três esferas dos(as) servidores(as) na primeira quinzena de setembro e do dia nacional de luta que ocorrerá no dia 30 de setembro;

9) Participar e construir o I Congresso Mundial da Educação a ser realizado de forma online, nos dias 25, 26 e 27 de setembro, unificando os(as) trabalhadores(as) da educação de todo mundo na luta contra o neoliberalismo e em defesa da escola pública;

10) Contribuir com a construção de um novo Encontro Nacional da Educação no próximo ano, ampliando em todo o que for possível o arco de alianças para enfrentar as políticas educacionais do governo e avançar numa alternativa da classe trabalhadora como instrumento para a reorganização das lutas sociais e populares.

Precisamos construir forma de organização e mobilização que nos permita repetir o TSUNAMI da EDUCAÇÃO de 2019, em defesa da vida e da escola pública gratuita, laica e de qualidade.

 

1 Carta de consenso entre as entidades, movimentos e coletivos que constroem o Fórum
nacionalmente.

Link para download do cartão: Carta da Plenária Nacional da Educação

 

Fonte e imagem: Fórum pelos direitos y liberdades democráticas

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Brasil: Intervenção de David Lobão na reunião da Frente Parlamentar em Defesa dos IFs

América do Sul/Brasil/30-08-2020/Autor: Mário Junior/Fonte: sinasefe.org.br

Confira no vídeo acima a fala do coordenador geral do SINASEFE, David Lobão, feita na reunião virtual da Frente Parlamentar em Defesa dos Institutos Federais (IFs) realizada em 19 de agosto de 2020.

Em sua intervenção durante a reunião, Lobão falou:

  1. sobre o trabalho de excelência desenvolvido pelos servidores dos IFs – que oferecem um dos melhores ensinos de nível médio do mundo;
  2. da importância das lutas em defesa da Educação Pública (como o “Tsunami da Educação” de maio de 2019);
  3. sugere ao Conif uma reunião para debater atividades e campanhas em defesa da Rede Federal de Ensino;
  4. denuncia os recentes ataques de Bolsonaro à Educação Federal, como as intervenções nas gestões e os cortes orçamentários previstos para o orçamento de 2021;
  5. e caracteriza os IFs como “a maior fábrica de sonhos da juventude brasileira”.

Fonte de informação: https://sinasefe.org.br/site/intervencao-de-david-lobao-na-reuniao-da-frente-parlamentar-em-defesa-dos-ifs/

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Brasil. Obispos sobre la despenalización del uso de drogas

En la nota, los obispos del Brasil denuncian la necesidad de ser rigurosos con quienes se benefician de la venta de drogas y afirman la necesidad de la práctica de la justicia restaurativa. «El camino más difícil y eficaz a largo plazo es la intensificación de las campañas de prevención y lucha contra el consumo de drogas», expresaron los obispos.

Dirigir la atención a las políticas públicas de prevención y apoyo a los servicios de recuperación, incluidos los gestionados por religiosos: de este modo los obispos de la Conferencia Episcopal Brasileña, a través del sitio web del Episcopado, reafirman su oposición al proyecto de ley que quiere despenalizar el consumo de drogas.

Justicia restaurativa

En la nota, los prelados denuncian la necesidad de ser rigurosos con quienes se benefician de la venta de drogas y afirman la necesidad de la práctica de la justicia restaurativa. A este respecto, la Conferencia Episcopal también recordó una nota sobre el mismo tema que publicó hace exactamente cinco años, el 26 de agosto de 2015, en la que se declaraba «en contra de la despenalización del uso de drogas», confirmando al mismo tiempo la importancia «de que la sociedad sea consciente de este problema, porque la dependencia química representa uno de los grandes problemas de la salud y la seguridad pública en el Brasil».

Elige la vida

«Elige la vida, y vivirás, tú y tus descendientes». Con estas palabras del Libro del Deuteronomio los obispos introdujeron su nota en la que reiteraron que «la no punibilidad de la posesión de drogas, con la preservación de la libertad de la persona como argumento, podría agravar el problema de la dependencia química, esclavitud que hoy en día alcanza cifras alarmantes».

Consecuencias del abuso de drogas

«El abuso de drogas interfiere gravemente en la estructura familiar y social. Es una de las causas de innumerables enfermedades, discapacidades físicas y mentales y de la retirada de la vida social. La adicción que afecta especialmente a los adolescentes y jóvenes es un factor que genera violencia social, provoca un cambio de conciencia y de comportamiento en el usuario. El uso y el tráfico de drogas se citan como la causa de la mayoría de los atentados contra la vida -continuaron los obispos- la liberación del uso de drogas facilitará la circulación de los estupefacientes. Habrá más productos disponibles, legalizando una cadena de tráfico y comercio, sin una estructura legal para controlarla. El artículo 28 de la Ley 11.343, al abordar esta cuestión, no prevé la prisión, sino la sanción con la adopción de medidas de reinserción social. Se observa que el encarcelamiento masivo no ha sido eficaz. Es necesario desarrollar la práctica de la justicia restaurativa. Esto no significa menos rigor para los que se benefician de las drogas».

Campañas de prevención

«Con la despenalización de las drogas, la creciente demanda de tratamiento por parte de innumerables adictos aumentaría considerablemente -insistieron los prelados-, la Iglesia Católica, otras instituciones religiosas y privadas, a través de casas de recuperación, demuestran su compromiso de superar la dependencia química y recuperar los lazos familiares y sociales acogiendo, cuidando y dando nuevas oportunidades de vida a miles de adolescentes, jóvenes y adultos a través de la espiritualidad, el trabajo y la vida comunitaria». En conclusión, según los obispos, «el camino más difícil y eficaz a largo plazo es la intensificación de las campañas de prevención y lucha contra el consumo de drogas, acompañada de políticas públicas en las esferas de la educación, el empleo, la cultura, el deporte y el ocio para los jóvenes y la familia». El Estado debería ser más eficaz en la lucha contra el tráfico de drogas».

Fuente: https://www.vaticannews.va/es/iglesia/news/2020-08/brasil-mensaje-obispos-sobre-despenalizacion-uso-drogas.html

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Brasil: Sao Paulo a pruebas de Covid-19 para decidir regreso a aulas

América del sur/Brasil/27 Agosto 2020/prensa-latina.cu

El gobierno de Sao Paulo, epicentro de la pandemia de Covid-19 en Brasil, realizará a partir de esta semana pruebas clínicas a estudiantes y profesores para decidir sobre el regreso presencial a aulas el 7 de octubre.
Según el vicegobernador Rodrigo García, se realizará ‘a partir de los próximos días’ un estudio serológico con alumnos y educadores.

‘Los Departamentos de Salud y Educación del gobierno estadual preparan toda la logística necesaria para llevar a cabo un amplio estudio serológico en el sistema educativo del estado’, recalcó.

Recordó que esta muestra acompaña las estadísticas necesarias para que la información de la evolución de la pandemia sea de educandos y pedagogos, y pueda dar claridad de la preparación de la red para el regreso a clases de más de 3,5 millones de alumnos y unos 240 mil maestros.

De acuerdo con Jean Gorinchteyn, secretario de Salud de la división territorial, el estudio serológico se realizará en todas las ciudades, lo cual ‘nos permitirá evaluar cuánto ha circulado o circula el virus en cada región’.

Aclaró que las academias públicas y privadas volverán a las aulas en la misma fecha. La pasada semana, el sindicato de escuelas particulares fue a la corte para un regreso inmediato.

‘Si el estado realmente logra regresar (el 7 de octubre), el retorno será para las redes públicas y privadas. No habrá una sola autorización, la regla se aplica a todos’, recalcó Rossieli.

La reanudación será gradual y en la primera etapa alcanzará hasta un 35 por ciento de los estudiantes.

Sin embargo, a partir del 8 de septiembre se podrán reanudar las actividades de refuerzo y recuperación, pero solo con carácter facultativo y se autorizarán para los colegios que se encuentren en regiones que hayan permanecido al menos 28 días en la fase amarilla del llamado Plan de Sao Paulo.

Por el momento entre el 24 y 28 de agosto, no habrá clases ni repeticiones de contenidos escolares.

Mientras los profesores descansan, los estudiantes de la red estatal podrán participar en un programa llamado Break Time (Tiempo de descanso), que ofrece un programa diferenciado de actividades recreativas, talleres, teatro, dibujo, danza y juegos, entre otros.

Brasil registró 114 mil 744 muertes de Covid-19 y llegó a tres millones 605 mil 783 infectados del virus desde el comienzo de la pandemia en marzo, según el último boletín del Ministerio de Salud.

Fuente e imagen tomadas de: https://www.prensa-latina.cu/index.php?o=rn&id=391563&SEO=brasil-sao-paulo-a-pruebas-de-covid-19-para-decidir-regreso-a-aulas
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Indignación contra la estulticia de ciertos grupos de la población brasilera

Por: Leonardo Boff

Cuatro sombras oscuras se abaten sobre un país solar que nunca pudieron ser disipadas por nuestra conciencia e inconsciencia colectivas:

La sombra del genocidio de los pueblos originarios, los primeros dueños de estas tierras. De seis millones que eran, quedaron solamente un millón, la mayoría por no poder soportar el trabajo esclavo o por las enfermedades de los invasores contra las cuales no tenían ni tienen hoy inmunidad.

La sombra de la colonización que ha saqueado nuestras tierras y nuestras selvas y nos ha hecho dependientes siempre de alguien de fuera, impidió forjar nuestro propio destino.

La sombra de la esclavitud, nuestra mayor vergüenza nacional, por haber convertido a la gente traída de África en esclavos y carbón para ser consumidos en los ingenios azucareros. Nunca vistos como personas e hijos e hijas de Dios sino como “piezas” para ser compradas y vendidas, construyeron casi todo en este país. Y hoy en día, considerados perezosos y con frecuencia encarcelados, constituyen más de la mitad de nuestra población, arrojados a las periferias. Soportan el odio y el desprecio que antes se imponía a sus hermanos y hermanas de la Senzala y que ahora se les transfiere con violencia, como lo demuestra el sociólogo Jessé Souza (A elite do atraso: da escravidão à Lava Jato, 2007, p.67), hasta que pierden su sentido de dignidad.

La sombra de las élites atrasadas que siempre han ocupado el estado frágil, usándolo para su beneficio. Nunca forjaron un proyecto de nación que incluyera a todos, sino, con las artes perversas de reconciliación entre los ricos, un proyecto solo para ellos. No bastaba con despreciar a los marginados, sino que había que molerlos a palos por si se levantaban, como ocurrió varias veces en su heroica historia de resistencia y rebelión.

Cuando un superviviente de esta tribulación, a través de caminos de piedras y abismos, se convirtió en presidente e hizo algo para sus hermanos y hermanas, pronto crearon las condiciones perversas para destruir su liderazgo, excluirlo de la vida pública, y finalmente bajarlos del poder a él y a su sucesora. Esta sombra ha adquirido los contornos de una “tormenta procelosa y nocturna sombra” (Camões), bajo el actual gobierno que no ama la vida, pero exalta la tortura, alaba a los dictadores, predica el odio y deja al pueblo a su suerte, atacado letalmente por un virus, contra el que no tiene ningún plan de rescate e, inhumano, se muestra incapaz de cualquier gesto de solidaridad.

Estas sombras, por ser una expresión de deshumanización, anidaron en el alma de los brasileños y rara vez pudieron conocer la luz. Ahora se han creado las condiciones ideológicas y políticas para ser lanzadas al aire como las lavas de un volcán, hechas de ofensa, de violencia social generalizada, de discriminación, ira y odio de grandes porciones de la población. Sería injusto culparlas a ellas. Las élites del atraso se han internalizado en sus mentes y corazones para hacerlas sentirse culpables de su destino y así acabar haciendo suyo el proyecto de aquellas, que, en realidad, va en su contra. Lo peor que puede suceder es que el oprimido internalice al opresor con un engañoso proyecto de bienestar, que le será negado siempre.

Sérgio Buarque de Holanda en su conocido libro Las raíces de Brasil (1936) difundió una expresión, malinterpretada en beneficio de los poderosos, de que el brasileño es “un ser cordial” por la llaneza de su trato. Pero tenía un ojo observador y crítico como para añadir a continuación que “sería un error suponer que esta virtud de la cordialidad puede significar buenas maneras y civismo” (p. 106-107), pues “la enemistad puede ser tan cordial como la amistad, ya que ambas nacen del corazón” (p. 107, nota 157).

En el momento actual, lo “cordial del incivismo” brasilero irrumpe del corazón, mostrando su perversa forma de ofensa, calumnia, palabras gruesas, noticias falsas, mentiras directas, ataques violentos a los negros, los pobres, los quilombolas, los indígenas, las mujeres, a los políticos de oposición LGBT, hechos enemigos y no adversarios. Ha estallado, violenta, una política oficial, ultraconservadora, intolerante, de connotaciones fascistoides. Los medios de comunicación social sirven de arma para todo tipo de ataques, desinformación y mentiras que muestran espíritus vengativos, mezquinos e incluso malvados. Todo esto forma parte de la otra cara de la “cordialidad” brasilera, hoy en día expuesta a la luz del sol y a la abominación mundial.

El ejemplo viene del propio gobierno y de sus seguidores fanáticos. De un presidente se esperarían virtudes cívicas, y el testimonio personal de valores humanos que uno quisiera ver realizados en sus ciudadanos. Por el contrario, su discurso está lleno de odio, desprecio, mentiras y vulgaridad en la comunicación. Es tan inculto y estrecho de miras que ataca lo que es más preciado para una civilización, que es su cultura, su saber, su ciencia, su educación, las habilidades de su pueblo y el cuidado de su salud y de la riqueza ecológica nacional.

Nunca en los últimos cincuenta años se ha apoderado de ningún país una barbarie tan grande como en Brasil, acercándolo al nazismo alemán e italiano. Estamos expuestos a la irrisión mundial, convertidos en un país paria, negador de lo que es el consenso entre los pueblos. La degradación ha llegado al punto en que, el jefe de estado, realiza el humillante rito de vasallaje y sumisión, al presidente más extraño y “estúpido” (P. Krugman) de toda la historia norteamericana.

Nuestra democracia ha sido siempre de baja intensidad. Hoy en día se ha convertido en una farsa, porque no se respeta la constitución, se pisotean las leyes y las instituciones sólo funcionan cuando los intereses de las empresas están amenazados. La propia justicia se hace cómplice ante las clamorosas injusticias sociales y ecológicas, como la expulsión de 450 familias que ocupaban una hacienda abandonada, transformándola en un gran productor de alimentos orgánicos; saca a la fuerza a los niños aferrados a sus cuadernos y destroza sus escuelas; tolera la deforestación y las quemas del Pantanal y de la selva amazónica y el riesgo de genocidio de naciones indígenas enteras, indefensas ante la Covid-19.

Es humillante ver que las más altas autoridades no tienen el valor patriótico de dirigir, dentro del marco legal, la remoción o el impeachment de un presidente que muestra signos inequívocos de incapacidad política, ética y psicológica para presidir una nación de las proporciones de Brasil. Se puede hacer amenazas directas de cerrar el más alto tribunal, hacer declaraciones de volver al régimen de excepción con la represión estatal que ello implica, y no pasa nada, por razones arcanas.

La oposición, duramente difamada y vigilada, no consiguen crear un frente común para oponerse a la insensatez del poder actual.

No se debe culpar al pueblo de la degradación de las relaciones sociales, especialmente entre la gente sencilla, sino a las clases oligárquicas atrasadas que han logrado internalizar en él sus prejuicios y su visión oscurantista del mundo. Estas clases nunca han permitido que arraigase aquí un capitalismo civilizado, lo mantienen como uno de los más salvajes del mundo, ya que cuenta con el apoyo de los poderes estatales, legales, mediáticos y policiales para derribar cualquier oposición organizada. La “racionalidad económica” se revela descaradamente irracional debido a los efectos perversos sobre los más desvalidos y sobre las políticas sociales dirigidas a los que más sufren socialmente.

Este es un texto indignado. Hay momentos en que el intelectual se obliga, por razones de la ética y la dignidad de su oficio, a dejar el lugar del saber académico y venir a la plaza a expresar su ira sagrada. Para todo hay límites soportables. Aquí superamos todo lo que es soportable, sensato, humano y mínimamente racional. Es la barbarie instituida como política de Estado, envenenando las mentes y los corazones de muchos con odios y rechazos, que lleva a la frustración y a la depresión de millones de compatriotas, en un contexto de los más atroces, que nos ha arrebatado por el virus invisible a más de cien mil seres queridos. Guardar silencio sería rendirse a la razón cínica que, insensible, es testigo del desastre nacional. Se puede perder todo menos la dignidad del rechazo, de la acusación y de la rebeldía cordial e intelectual

Fuente:  http://www.servicioskoinonia.org/boff/articulo.php?num=100

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Libro: La Investigación en Formación en Educación

La Investigación en Formación en Educación

Autora: Mariana Castaings

Consejo de Formación en Educación

Castaings, Mariana
La investigación en Formación en Educación / Mariana Castaings. – Montevideo,
ANII. FCE, 2019.
104 p.: cuadros, gráficos.
ISBN: 978-9974-8697-5-2

Entre las áreas que conforman la profesión Docente, destaca, como muy relevante, la Investigación. En este ámbito de la Formación Docente, se requiere gran esfuerzo del maestro y la maestra, pero también del apoyo y acompañamiento de diferentes organizaciones, públicas, privadas, mixtas y básicamente del estado a través de Políticas Educativas que propendan a este fin.

Descargue el libro completo aquí: http://209.177.156.169/libreria_cm/archivos/pdf_1947.pdf

Fuente de la Información: Novedad Editorial – Cuatro nuevas bibliotecas en acceso abierto: Centros CLACSO Brasil – Universidad de San Marcos – UARTES – IPES

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26 Equipos Universitarios emprenden Acciones en internet contra el Racismo en Educación Superior en América Latina

26 Equipos Universitarios emprenden Acciones en internet contra el Racismo en Educación Superior en América Latina

Esta campaña es impulsada por la Cátedra UNESCO Educación Superior y Pueblos Indígenas y Afrodescendientes en América Latina de la Universidad Nacional de Tres de Febrero

En 2018 la Cátedra UNESCO Educación Superior y Pueblos Indígenas y Afrodescendientes en América Latina, del Centro Interdisciplinario de Estudios Avanzados de la Universidad Nacional de Tres de Febrero, puso en marcha la Iniciativa para la Erradicación de Racismo en la Educación Superior, para cuyo desarrollo ha contado con el apoyo del Programa de Participación de la UNESCO, del Instituto Internacional de la UNESCO para la educación Superior en América Latina y el Caribe (UNESCO-IESALC), y de la Unión de Universidades de América Latina y el Caribe (UDUAL).

Desde entonces, en el marco de esta Iniciativa, la Cátedra ha organizado dos coloquios internacionales, publicado dos libros y numerosos artículos académicos y textos de divulgación, y ha producido más de 70 micro-videos, además de haber organizado o co-organizado foros abiertos, seminarios y talleres en más de 40 universidades y otras instituciones de educación superior de 10 países latinoamericanos.

En abril de este año lanzó una convocatoria de alcance latinoamericano para recibir y seleccionar propuestas de acciones en Internet orientadas a generar debates y reflexiones que contribuyeran a erradicar las variadas formas de racismo y discriminación racial que aún hoy continúan afectando a la Educación Superior en todos los países de región. Esta nueva campaña de la Cátedra UNESCO da continuidad a su labor de investigación y difusión acerca de la importancia de estos problemas en América Latina. Sus publicaciones académicas y de divulgación, junto a las de más de treinta instituciones aliadas de una decena de países de la región, muestran que estos problemas no solo violan los derechos humanos de diversos grupos e población, y muy especialmente los de pueblos indígenas y afrodescendientes, sino que además menoscaban significativamente la calidad de la formación profesional que ofrecen estas instituciones y de la investigación que realizan.

Para llevar adelante esta nueva etapa de su campaña para la erradicación del racismo, la Cátedra UNESCO constituyó un equipo integrado por 20 colaboradores de siete países latinoamericanos para que se hiciera cargo de seleccionar 25 propuestas de acciones en Internet cuyo desarrollo sería apoyado y acompañado por este equipo, por la Cátedra UNESCO y por instituciones aliadas mediante encuentros de intercambio y colaboración mutua entre todas ellas.

En respuesta a la convocatoria de acciones en Internet fueron recibidas 49 propuestas. El equipo de colaboradores de la Cátedra acabó seleccionando 26 propuestas formuladas por equipos de docentes, investigadores, estudiantes y trabajadores de siete países latinoamericanos (Argentina, Brasil, Chile, Colombia, Ecuador, Guatemala y México) y de España.

Las propuestas seleccionadas serán desarrolladas entre el 15 de septiembre y el 15 de noviembre de este año. Algunas de ellas incluyen la realización de seminarios, talleres y cursos virtuales, otras ofrecen foros y conversatorios, otras producirán programas de radio y televisión, o diversos tipos de producciones audiovisuales.  Parte de estas acciones serán abiertas a los más diversos grupos de interesados, mientras que otras se plantean hacia el interior de algunas universidades u otras instituciones de educación superior en particular, en muchos casos haciendo foco en la formación de los educadores. Todas las propuestas seleccionadas cuentan con el aval de unidades de universidades u otros tipos de instituciones de educación superior, y algunas de ellas también de organizaciones sociales y de organismos municipales.

Listado de Acciones seleccionadas contra el Racismo

ARGENTINA

  • De eso también hablamos y aprendemos: discriminación racial y sociocultural en las IES
  • La erradicación del racismo como responsabilidad en la formación profesional en salud y educación
  • Desnaturalizando el pensamiento racista-discriminatorio en Nazareno-Salta
  • En territorio universitario narrativas otras: voces-cuerpos estudiantiles entre experiencias de discriminación y racismo; y construcción de alternativas campesinas-indígenas
  • Campaña para la Erradicación del Racismo en la UNVIME
  • Derechos Humanos de los Pueblos Originarios en clave de una Educación Intercultural: Experiencias desde Puel Mapu

BRASIL

  • UEL na luta contra o racismo
  • Seminário Internacional para Erradicação do Racismo na Educação Superior: Modos de contestar e ocupar
  • Interrogando à educação das relações étnico-raciais no Brasil: olhares, traduções e experiências com Améfrica Ladina
  • Diálogos institucionais: reflexões e proposições de práticas antirracistas nas universidades brasileiras
  • Conversas para uma Educação Antirracista: dialogando com imagens
  • Traduzindo as Lutas Antirracistas desde os Sules Globais Ações transversais desde Internet para o Enfrentamento ao Racismo Epistêmico e Estrutural no Ensino Superior e nas Comunidades
  • Jornada de Combate ao Racismo no Ensino Superior: Estudantes Indígenas e Afrodescendentes

COLOMBIA

  • Tejiendo Caminos para Eliminar el Racismo: Pueblos Indígenas y Educación Superior en Colombia
  • Identidades afro e indígenas: debates en vivo
  • Historia Pública y racismo: horizontes de sentido para la transformación de la educación
  • Laboratorio Creativo Anti-Racista: Fragmentando el Racismo desde los Escenarios de la Educación Superior

ECUADOR

  • Producción audiovisual “SHUKLLA” Somos Uno-No a la discriminación

GUATEMALA

  • Tzij (palabra)

MÉXICO

  • Racismo en la educación de posgrado. Miradas, reflexiones y resistencias de mujeres indígenas en México
  • Educomunicación para erradicar la violencia de género, el racismo y la discriminación desde la Universidad
  • Rostros en el espejo: indígenas universitarios ante los estereotipos
  • Gaceta Digi-Cultural “Sha chaTzob a te vin naatic”. Rescatando mis creencias, mis raíces

 

Propuestas presentadas por equipos con miembros de varios países

  • Conversatorios Virtuales Interculturalidad, Pueblos Originarios y Afrodescendientes es las Escuelas, Universidades e Institutos de Formación Docente (en cuarentena… y después qué?)
  • Perspectivas Antirracistas e Interculturales para la Educación Superior en Matemática, Ingeniería, Ciencias Naturales, Tecnología y Arte (MINTA)
  • Educación Superior e historias de vida de personas indígenas y afrodescendientes: construyendo puentes desde el enfoque del aprendizaje-servicio en un sistema-mundo racializado.

Para más información, visite la página web de la Iniciativa para la Erradicación del Racismo en Educación Superior o escriba a educacionsuperiorcontraelracismo@untref.edu.ar / catedraunescoesial@untref.edu.ar

Foto de Mauricio Thomsen en Pexels. Desierto de Atacama, Chile (detalle).  
Fuente de la Información: https://www.iesalc.unesco.org/2020/08/20/26-equipos-universitarios-emprenden-acciones-en-internet-contra-el-racismo-en-educacion-superior-en-america-latina/
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