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Uruguay: Programas educativos para prevenir alcoholismo no son efectivos

Uruguay/ 08 de Mayo de 2016/Espectador.com

Los programas educativos desarrollados en los centros escolares para prevenir el consumo abusivo de alcohol y de drogas entre los más jóvenes no son efectivos, dijo esta semana a Efe en Montevideo el estadounidense Thomas Babor, asesor de la Organización Panamericana de la Salud (OPS).

«Hay varias políticas que se han desarrollado y evaluado de forma científica. Una de ellas es la educación en las escuelas. Lo que hemos aprendido en los estudios sistemáticos con gente joven sobre cómo reacciona a los programas de información es que no son efectivos para prevenir el uso de alcohol o las drogas», aseguró.

«Son efectivos cuando son combinados con las escuelas trabajando con los padres para limitar el acceso al alcohol y cambiando el ambiente escolar haciéndolo más receptivo para la gente joven propensa a consumir alcohol. Ahí podemos ver un efecto en el consumo», añadió.

El estadounidense es uno de los ponentes principales del foro «Alcohol, salud pública y bienestar social: aportes para la construcción de políticas públicas orientadas a la reducción del uso problemático de alcohol en Uruguay», organizado por la Junta Nacional de Drogas del país y el International Development Research.

En su alocución, Babor señaló varias políticas públicas aplicadas en distintos puntos del planeta y destacó que las más efectivas son aquellas que elevan el precio.

En su charla también abogó por controles gubernamentales que afecten a la reducción de la disponibilidad del alcohol -limitando horarios de venta o modificando la edad legal de consumo, por ejemplo-, así como por ciertas limitaciones en las campañas publicitarias de las empresas del sector.

«Uno de los problemas con el alcohol es que es un producto comercial y es promovido por grandes compañías que alientan a la gente a beber», apuntó Babor.

En ese sentido, puso como ejemplo la medida adoptada por Francia en la década de 1990 en la que la promoción del alcohol en los anuncios no podía estar vinculada al «éxito o al deporte».

Asimismo, expuso varios casos internacionales en los que la adopción de medidas de este tipo -como por ejemplo la reducción de la tasa de alcohol en sangre permitida para los conductores- han tenido como resultado la reducción de accidentes, homicidios, lesiones y casos de violencia doméstica, entre otros aspectos.

En el caso de Sudamérica, Babor advirtió que el problema con el consumo abusivo de alcohol «se está volviendo muy serio».

«Es una de las regiones del mundo con uno de los mayores porcentajes de problemas con el alcohol. En parte por la ausencia de controles por parte de los gobiernos en el precio, el marketing, la disponibilidad y la ausencia de servicios para gente con problemas de alcohol», dijo.

«En Latinoamérica hay unos costos enormes en los sistemas sanitarios y en el sistema de bienestar», aseveró Babor, que matizó que estos son mayores que los generados por las drogas ilegales.

Preguntado acerca de la idoneidad de prohibir el consumo de alcohol, Babor descartó esa posibilidad al indicar que tiene «algunos beneficios para la sociedad, particularmente en países como Uruguay, que tiene una larga tradición de consumo de vino con las carnes».

«El alcohol es una bebida y puede ser utilizada de forma responsable. Lo que tratamos de hacer a través de las políticas públicas de salud es limitar el exceso del consumo y cuando hacemos eso podemos disfrutar el alcohol sin experimentar los problemas relacionados con él», matizó el asesor de la OPS.

En el caso específico de Uruguay, donde se estima que alrededor de 260.000 personas tiene problemas con la bebida, Babor destacó sus buenas prácticas en cuanto a la «ley de tolerancia cero» que rige desde este año para los conductores del país suramericano.

Pese a ello, señaló que es importante que Uruguay se esfuerce más en controlar la publicidad que se hace de esa sustancia, en vigilar mejor la disponibilidad de venta y en aplicar medidas para incrementar -o mantener al menos- su precio.

Fuente: http://www.espectador.com/salud/335033/programas-educativos-para-prevenir-alcoholismo-no-son-efectivos

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O alcoolismo é o que mata

Fuente Cartamaior /16 de Abril de 2016

 

Necessitamos saber diferenciar entre ‘bebedores sociais’ e seus pileques ocasionais e os doentes que sofrem do mal do alcoolismo.

Eu estava no Chile, de férias, quando me li uma notícia no jornal, que depois se repetiu na TV, e me estremeceu: o falecimento do jornalista Guillermo Espíndola Correa, que foi governador da província de Loa entre 2004 e 2006 – governo de Ricardo Lagos.

Foi encontrado morto em frente a uma loja de materiais de construção, na cidade de Arica. Segundo a matéria, ele viveu seus últimos dias “em situação de rua”, como a imprensa chilena chama os sem teto. Outras fontes diziam que sua tragédia pessoal e também a sua morte foram resultados da sua dependência às bebidas alcoólicas.

Certamente, a grande maioria dos que leram ou viram as matérias sobre o caso, na imprensa escrita e na televisão, disseram: “foi o vício que o matou”.

Sim, essa certeza nasce da visão que a maior parte da comunidade tem sobre o consumo “excessivo” de álcool.

Por isso, pensei em escrever este artigo. Queria contar a vocês que, se por um lado é verdade que em todos os lugares do planeta há muitas pessoas, homens, mulheres e até mesmo adolescentes e crianças que são consumidores “excessivos”, nem todos são o que podemos chamar “bebedores sociais”, esses que aproveitam uma festa de aniversário, ou um funeral, um encontro com amigos ou qualquer motivo especial para tomar além da conta. Há outra grande porcentagem de consumidores que são os alcoólicos doentes, e suponho que Guillermo Espíndola fazia parte desse grupo.

Alcoolismo, a doença

A Organização Mundial de Saúde (OMS) declarou que existem três enfermidades que são de origem desconhecida, são incuráveis e mortais. Esses três males que afetam a humanidade são o câncer, a diabetes e o alcoolismo.

Sim, o alcoolismo. Segundo os estudiosos, uma porcentagem importante da população mundial – cerca de 5%, estimas os cálculos – sofre com o problema. Essa estatística pode variar de um país para outro, mas é importante definir que essas pessoas não são o que chamamos “bebedores sociais”, e sim doentes, que nasceram com um fator que os torna dependentes do álcool e que esse fator nunca os abandonará. A única diferença entre essa doença e as outras duas citadas – câncer e diabetes – é que ela é recuperável.

Essa descoberta foi feita justamente por dois doentes alcoólicos, que antes provaram de tudo, sem sucesso, e se sentiam derrotados. Eles eram William Griffith Wilson e o doutor Bob Smith, dois alcoólatras que um dia se reuniram e descobriram que seu intercâmbio de dolorosas experiências alcoólicas lhes permitiu juntar forças para se afastar todos os dias da bebida. Descobriram que essa compreensão de sua debilidade diante do consumo, que entender como “perdiam o controle” ao beber, que seu apoio mútuo, eram os fatores com os quais estavam conseguindo o que não haviam encontrado nem na medicina, nem na religião e nem em suas próprias decisões. Descobriram que a “perda de controle” se produzia logo após o “primeiro copo”, ali nascia a ânsia por continuar bebendo, e o estágio seguinte já era algo que não podiam controlar voluntariamente. Muitos médicos e científicos acreditam hoje que isso tem uma raiz biológica. Haveria, segundo estudos, uma porcentagem da população mundial que nasce con um fator orgânico que torna as pessoas dependentes do álcool.

Nem Bill Wilson e tampouco Bob Smith sabiam disso, mas sim sabiam que a colaboração entre duas pessoas que sofrem desse mesmo mal permite uma melhor recuperação. Foi por isso que no ano de 1935, na cidade de Akron (estado de Ohio, nordeste dos Estados Unidos), junto com outros doentes, eles criaram um grupo que denominaram Alcoólicos Anônimos, ou somente AA, onde seus membros só se conhecem pelo nome: Bill, Bob, Miguel ou João. Como regra básica, propuseram dizer “não ao primeiro copo” todos os dias. A esposa de Bill, que também sofria do mesmo mal que o marido e seguiu atentamente o que Bill e Bob faziam, percebeu que a família dos doentes também necessitava apoio, para que cada um deles pudesse entender como ajudar o doente. Assim foi criado o Al-Anon, com esse objetivo. Dessa forma, surgiram os dois caminhos que permitem a recuperação dos doentes.

Por isso, a revista Time, anos depois, incluiu Bill entre os 20 primeiros heróis e ícones do Século XX, que dão exemplo de “coragem, autodomínio, exuberância, habilidade sobre humana e graça maravilhosa”, por esses doze passos criados pelo AA, que se iniciam com um: “admito que sou impotente diante do álcool, que minha vida se tornou ingovernável” que empurram no caminho da salvação.

Uma verdade dramática

Durante alguns anos, trabalhei para uma associação média que se dedicava a trabalhar com pessoas alcoólicas. Eu era o assessor de imprensa da entidade, encabeçada por dois eminentes psiquiatras biólogos argentinos: os doutores Rozados e Rodríguez Casanova – ambos já falecidos –, que trabalhavam, assim como os demais colegas, derivando os pacientes aos grupos de AA.

Essa doença é uma verdade dramática que a sociedade ignora, e também a maioria dos médicos, por isso a triste morte de Guillermo, em Arica, me pareceu um tema importante, que merecia destaque, para que muitos saibam que ele provavelmente era um doente que não recebeu o tratamento adequado para seguir o caminho correto. Nem ele, nem sua família. Carolina, sua esposa, declarou à imprensa que Espíndola “era um homem brilhante, e que foi o álcool que o levou a se perder”. Talvez, se ela tivesse chegado a tempo ao Al-Anon, saberia que foi a sua doença, e não o álcool, que o matou.

Eu poderia contar aqui mil casos pude conhecer, durante os quarenta anos em que me relaciono com o tema. Por exemplo, o de uma mulher – fotógrafa de profissão – que iniciou sua carreira alcoólica quando era apenas uma menina, tinha 7 ou 8 anos, e roubava garrafas de vinho do avô. Não podia parar, até que chegou ao AA.

Me lembro de outro doente que era condutor de trens em Mendoza, província no centro-oeste da Argentina. Além de passageiros, ele transportava vagões com grandes quantidades de vinho. Num dia em que o trem teve descarrilhou, e ele não resistiu à tentação de aproveitar para tomar o vinho. Passou uma semana nas proximidades do local do acidente.

Outro caso foi o de uma mulher, arquiteta, que estava em transe alcoólico desatado. Pelas noites, em sua casa, quando não havia bebida, ela tomava perfumes. Tiveram que interná-la no hospital em uma oportunidade, para um tratamento de desintoxicação. Depois disso, a puseram em terapia intensiva no AA. Ela ia aos grupos ao meio-dia, de tarde e de noite. Conseguiu se recuperar, e chegou a ser a primeira mulher decana de arquitetura na mais importante universidade da América do Sul.

No Hospital Borda, o centro psiquiátrico de Buenos Aires, havia um grupo de AA onde acudiam muitos internados que sofriam de males mentais. Lá, o problema era o pessoal auxiliar, que entrava com licores e outras bebidas e vendia aos pacientes. Lembro que o doutor Rozados, então chefe do setor de psiconeuroendocrinologia, lutava contra esse comércio ilegal, e que muitos dos homens do grupo iniciaram sua recuperação do alcoolismo a partir de então.

Sobre o tema médico, eu recordo que há muitos anos atrás, na véspera de um natal, em Mendoza, quando eu visitei um grupo de Alcoólicos Anônimos, durante uma reunião, percebi que um jovem contava como o seu médico havia recomendado o uso de barbitúricos como elemento útil para sua tranquilidade e distanciamento da bebida. Quando eu disse que poucos médicos sabiam sobre o alcoolismo, que o que receitavam era prejudicial para ele, agregando que podia dar o nome de algum médico da cidade que fizesse outro tipo de tratamento, vi que a coordenadora do grupo, uma senhora de uns cinquenta anos, pediu a palavra. Imaginei que perguntaria quem era eu para falar assim dos médicos, mas ela voltou seus olhos à minha direção e disse algo assim: “vocês me conhecem – dizia a todos os participantes da reunião –, por isso quero falar sobre o que o Federico falou. Vocês sabem que sou médica e asseguro que se não houvesse encontrado o AA ainda estaria presa ao vício, e ele tem razão quando diz que nossa classe pouco sabe sobre o alcoolismo”.

O caminho a percorrer

Sem dúvidas, o caminho é esse, o que foi pavimentado em 1935 por Bill Wilson e Bob Smith, os Alcoólicos Anônimos, e tudo o que os grupos entregam a cada pessoa que sofre desse mal, que permite que elas vençam sua dependência e possam dizer às outras que se somam ao grupo: “não ao primeiro copo”, mantendo diariamente esse compromisso consigo mesmo. É verdade que isso não elimina a doença da vida dessas pessoas, mas pode deixá-la guardada numa caixinha de lembranças ruins, sem nunca esquecer que é um mal que pode reaparecer, e por isso todo cuidado deve ser permanente.

Também devemos aprender a não nos deixarmos enganar pelos tratamentos que prometem curas milagrosas, quase mágicas. Houve um caso de um futebolista, um famoso ex-jogador do River Plate, que fez um desses tratamentos, no Chile, mas nunca conseguiu sua recuperação.

Certa vez, quando fazia uma palestra sobre alcoolismo, nós dissemos: “uma pessoa muito pobre, que caminha pela rua há vários dias, que não come e se desmaia de fome. A polícia chama uma ambulância e o leva a um hospital. Aparece outro, em estado ébrio, anda aos tropeções, a polícia chama um furgão e o leva à cadeia”. Enquanto o que sofre de fome recebe um tratamento adequado ao seu estado, e está bem que assim seja, aquele que padece de uma doença mortal, como é o alcoolismo, vai parar numa cela.

Todos, absolutamente todos – sobretudo nesta região – necessitamos saber diferenciar entre “bebedores sociais” e seus pileques ocasionais e os doentes que sofrem do mal do alcoolismo, e que morrem por ele, como morreu Guillermo Espíndola, em Arica. Esses doentes abundam em todo o mundo, e nós ainda não os descobrimos. Devemos saber que há diferenças entre uns e outros.

Tradução: Victor Farinelli

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