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Brasil: Qual o futebol de Marta: Femenino, de mulheres, apenas futebol ou feminista?

Desde a perspectiva com a qual trabalho, ancorada nos estudos de gênero pós-estruturalistas e nos estudos feministas (Louro, 2004; Meyer, 2003), o conceito de gênero não pode ser reduzido a interações face a face entre sujeitos distinguidos na cultura como masculinos ou femininos. Os gêneros atravessam as instituições e as práticas culturais. As instituições produzem e são produzidas por pressupostos de gênero. Outra das implicações do conceito na perspectiva adotada é de que ele é relacional. As construções de feminilidades possuem na masculinidade o seu limite, a sua fronteira ou a sua complementaridade. Nessa lógica não faz sentido falar em mundo das mulheres ou mundo dos homens, futebol de mulheres ou futebol de homens como algo que não estivesse em constante diálogo e disputa.

A partir desses pressupostos me permito retomar a pergunta que dá título a essa escrita. Durante os meses de junho e julho de 2019, na França, está sendo disputada a Copa do Mundo da FIFA de futebol feminino. Em 2018, na Rússia, foi disputada a Copa de Mundo da FIFA de futebol. Na Rússia era necessário adjetivar o futebol de masculino? A Copa do Mundo é feminina porque jogada por mulheres. A Copa do Mundo jogada por homens precisa anunciar que é masculina? Um passe, um drible, um chute, um gol podem ser masculinos ou femininos? Como se dribla no feminino? Um gol de Marta é feminino?

Se parece difícil sustentar que possa existir uma performance esportiva marcada pelo gênero de suas participantes, talvez fosse o caso de marcar que a Copa do Mundo da França é a de futebol de mulheres. O esporte não consegue ignorar as seriações e classificações. O esporte não divide seus participantes somente por sexo/gênero, mas por idade, peso e outros indicadores a serem mensurados em documentos ou por busca de cromossomos ou hormônios. Mais uma vez, dizer que o futebol é jogado por mulheres é uma simples constatação ou é marcar que ele não é jogado por homens, o que ainda seria o esperado?

E se chamássemos apenas de futebol? O tamanho do gramado, dos arcos, o número de atletas, o tempo do jogo podem ser essencializados e ser tudo futebol? Neste ano tivemos a Copa do Mundo da FIFA tal qual no ano passado. Isso parece fazer sentido? Se tomamos, tal qual Judith Butler (2003), que o gênero é um feito, um verbo, uma performatividade, poderíamos pensar em um gênero de atuação que englobasse tantos os homens quanto as mulheres referente a prática de jogar futebol? O gênero “futebolista” faria sentido?

O gênero não pode ser pensado como colado em corpos naturalmente distintos. Eventualmente, os esportes poderiam potencializar uma discussão sobre o conceito de gênero em algumas direções. Aponto duas possibilidades de tensionamento em direções contrárias: a) retomando a lógica da performatividade de gênero, poderia existir uma exigência de prática esportiva que desconsiderasse o corpo de homens e mulheres? Uma expectativa de performance idêntica poderia borrar essas fronteiras de gênero?; b) uma vez que o esporte é uma instituição generificadora e androcêntrica de nossa cultura (Mühlen; Goellner, 2012), a falta de adjetivo não associaria a prática diretamente ao masculino ou, no mínimo, aos homens? As masculinidades poderiam ser tão protagonistas nas representações esportivas que o esporte acaba sendo entendido como masculino, dispensando a necessidade dessa adjetivação? Com isso, sempre que o esporte fosse adjetivado de feminino ou de mulheres estaríamos falando de algo hierarquicamente inferior, reforçando as fronteiras existentes?

Marildes Maciel Mota, ou simplesmente –e nada menos– Formiga, é a atleta que mais disputou edições de Copa do Mundo, sete no total, além de ser a atleta que mais vezes vestiu a camiseta da seleção brasileira de futebol. Na terceira rodada da fase de grupos, Marta Vieira da Silva, seis vezes eleita a melhor jogadora de futebol do mundo, chegou ao seu décimo sétimo gol em cinco edições da Copa do Mundo. Nos dois casos, a informação poderia estar completa, mas quase sempre ela continua: entre mulheres e homens. O alemão Lothar Mathäus disputou cinco mundiais. Ronaldo em 2006 chegou a seu décimo quinto gol e Miroslav Klose o ultrapassou em 2014 chegando a dezesseis. Pode ser um problema de memória, mas não me recordo de que o mesmo complemento tenha sido utilizado. Isso aumenta ou diminui o feito de homens ou de mulheres? É o mesmo para os dois?

Mas ainda faltou um adjetivo a ser pensado neste texto: feminista! Ao se tornar a máxima goleadora do torneio, Marta, que está jogando o mundial com o símbolo da equidade de gênero em sua chuteira, afirmou que seu recorde pessoal era dedicado às mulheres: “num esporte que ainda é masculino para muitos”. A Copa do Mundo da França está aumentando a visibilidade desse esporte na América do Sul, me autorizo a dizê-lo pelas mobilizações que tem acontecido no Brasil e Argentina, países que tenho maiores contatos. E essa visibilidade vem acompanhada de atletas e jornalistas apontando para a necessidade de maior igualdade no âmbito dos esportes, das redações esportivas e em todas as esferas em que as diferenças são transformadas em desigualdades. Se o futebol feminino ou de mulheres permitir uma aproximação mais contundente com o feminismo, mais um importante passo será dado para essa revolução, esse compromisso de todos nós em acabar com nossa cultura machista e patriarcal! Hasta la victória!

Referências

Butler, J. (2003). Problemas de gênero: feminismo e subversão da identidade. Rio de Janeiro, Brasil: Civilização Brasileira.

Louro, G. L. (2004). Gênero, sexualidade e educação: uma perspectiva pós-estruturalista. Petrópolis, Brasil: Vozes, 7ª ed.

Meyer, D. E. E. (2003). Gênero e educação: teoria e política. En: G. L. Louro; Neckel, J. F.; Goellner, S. V. (Orgs.), Corpo, gênero e sexualidade: um debate contemporâneo (pp. 9-27). Petrópolis, Brasil: Vozes.

Mühlen, J. C. V.; Goellner, S. V. (2012). Representações de feminilidades e masculinidades (re)produzidas pelo site Terra. Revista Brasileira de Ciências do Esporte. Florianópolis, 34(1), p. 165-184.


[1] Doutor e Mestre em Educação (PPGEdu/UFRGS). Especialista em Jornalismo Esportivo (PPGCom/UFRGS). Integrante do Grupo de Estudos em Educação e Relações de Gênero (GEERGE). Através do conceito de currículo de masculinidades e do torcer tem trabalhado sobre machismo, heterossexismo, racismo, emoções e elitização nos estádios de futebol. Mail: gustavoabandeira@yahoo.com.br

Fuente de la Información: https://www.clacso.org/qual-o-futebol-de-marta-femenino-de-mulheres-apenas-futebol-ou-feminista/

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Paraguay: Extraño esa palabra que se escribe con amor: “Revolución…”

Heráclito de Éfeso entiende que “El fundamento de todo está en el cambio incesante. El ente deviene y todo se transforma en un proceso de continuo nacimiento y destrucción al que nada escapa”. (http://www.frasesypensamientos.com.ar/autor/heraclito.html).

 

«En los mismos ríos entramos y no entramos, [pues] somos y no somos [los mismos]» Heráclito de Éfeso

Interrelacionando en las redes sociales en medio de un acalorado debate sobre la convulsión social y política en Paraguay, catalizado por el tratamiento en el senado sobre la propuesta del proyecto de ley de desbloqueo de las listas sábana, finalmente aprobada, se concluye que es otra farsa más de las tantas, en ese instante y en ese contexto escribí “Extraño esa palabra que se escribe con amor: Revolución…”.

Mi amiga y colega docente Zuny González, me preguntó inmediatamente “¿Por qué?” Respondí:  Porque ya nadie habla de revolución, es como que están descorazonados de un cambio benéfico de la sociedad…revolución significa transformar todo lo podrido de hoy y construir una nueva sociedad basada en la justicia social”.

La corrupción es el dato indiciario de los gobiernos, salvo excepciones.

Esa oleada de renovación social que la humanidad conoció, por ejemplo en la década de los años 1960 y 1970, insatisfacción social sobre estructuras mentales e institucionales perimidas y obsoletas que ya no funcionaban, más que para frenar el progreso de nuevas ideas y avanzar hacia nuevas y vigorosas organizaciones socio-económicas, más libres, ello se proclamó con toda dulzura en el “Mayo francés”.

La humanidad anhelaba una transformación social que la sacara del conservadurismo y la corrupción política, de la hipocresía, de la desigualdad y del enojoso infortunio perenne.

Aquello no triunfó, vino entonces así, la oleada neoliberal en los años de 1990 y atacó lo cultural desmoronando toda esperanza de cambio social, trastocaron todo lo bueno, lo solidario, lo fraterno, lo cooperativo e impusieron la cultura “del no se puede”. Y la democracia comenzó a mostrar su lado más perverso: los políticos corruptos y vende-patrias.

Así ingresamos al siglo XXI, sin la palabra más real de la vida misma, “revolución” como sinónimo del cambio perenne, de la trasformación social del perfeccionamiento humano.

Se implantó nuevos vocablos, ya era ser antiguo decir “pueblo”, se debe decir “gente”, no se debe decir “revolución”, se debe decir “cambio”. Cambiar para que nada cambie, ya lo sabemos.

Pero volvamos un instante a una etapa singular de la historia, cual fue denominada “Revolución industrial”, en concreto en Inglaterra, allí en esas tierras se desenvolvieron las manufactorías expoliadoras, y que empujaron a miles y miles de hombres, mujeres y niños al despojo de sus vidas. Allí en esa “revolución capitalista”, desde sus entrañas, surgiría la más noble de las organizaciones, las cooperativas, como reacción ante tanta injusticia.

Aquel slogan “Haga el amor, no la guerra” surgido contra la guerra de Viet Nam en la década de los 60, propuso la revolución del amor, que en verdad sedujo a millones de jóvenes que anhelaron otro mundo, un mundo sin odios, ni burócratas estructurados.

Miguel Angel Angueira Miranda, en el año de 1965 sorprendió en Argentina con su libro “Carácter revolucionario del cooperativismo”, de allí, extraemos una cita corta pero categórica, a nuestro entender: “La abolición del lucro y del asalariado, la programación progresiva de la libertad, el lento pero seguro desplazamiento de las formas patronales autoritarias o paternalistas del capitalismo benefactor, esto es, la esencia y sustancia de la revolución social misma, están íntegramente contenidos en el andamiaje de la revolución cooperativa.».

Y hasta el Papa Francisco se suma a hablar de revolución, a restaurar esta palabra, cuando dijo, «El Hijo de Dios, en su encarnación, nos invitó a la revolución de la ternura».

¡En la fraternidad, un abrazo cooperativo!

Autor: José Yorg

Fuente de la Información: http://www.rebelion.org/noticia.php?id=255283&titular=extra%F1o-esa-palabra-que-se-escribe-con-amor:-%93revoluci%F3n%85%94-

 

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Argentina – Escuelas freezer en La Plata: “Nos morimos de frío en el aula”

Martes 9 de julio | 21:26

Trabajar con frío en las escuelas platenses mientras el gobierno de Vidal, en plena campaña electoral, hace oídos sordos a los reclamos por el estado de abandono de la educación pública.

Ana es auxiliar de educación y docente de primaria. Pasó por doce escuelas de la ciudad de La Plata hasta poder titularizar su cargo como auxiliar en una escuela secundaria hace un año y medio. Pasa diez horas dentro de una escuela: cuatro como docente, seis como auxiliar.

Realidad maratónica de miles de docentes que van y vienen de un establecimiento a otro para poder llegar a fin de mes con los salarios de miseria que cobran.

A esto se suman las pésimas condiciones edilicias en que se encuentran gran parte de los establecimientos educativos de la región bonaerense, producto de la desinversión y decadencia de la escuela pública que mantiene Vidal, a pedido del FMI.

“La mayoría de las escuelas por las que pasé tuvieron y siguen teniendo problemas de infraestructura y mantenimiento. Te hablo desde el 2009, así que imaginate que esto no es nuevo en educación”, cuenta Ana.

Mientras trabajaba, también estudió para formarse como docente en un instituto terciario que sufrió (y sufre) la falta de implementación de políticas educativas de los gobiernos de turno.

“El instituto se incendió en el 2013, tenía problemas de inundación, cables colgando, un desastre. Toda una cuestión edilicia muy precaria. Lo cerraron y alquilaron otros espacios y el edificio original nunca lo arreglaron»

«Hoy el instituto está dividido en 4 lugares, calculá que hay cinco carreras en ese terciario y siguen debiendo la reconstrucción del edificio. Lo había prometido el gobierno anterior con Scioli como este de Vidal”, recuerda la docente.

Desinversión estatal que se sostiene como política de estado y que quedó al descubierto una vez más con las bajas temperaturas de los últimos días: escuelas que redujeron horas de clases, suspensiones de clases por falta de calefacción.

El frío dejó al desnudo la precaria situación de la educación en la provincia de Buenos Aires, mientras los funcionarios se ocupan y preocupan por la carrera electoral que ya se largó.

“En las escuelas donde estoy trabajando no hay calefacción. En una hay gas pero las estufas no andan. Hay muchos vidrios rotos. Nos morimos de frio con les niñes. Estamos con las camperas puestas todo el día», relata la docente con mucha bronca.

Y agrega que «a la tarde, en la otra escuela, hay tres calderas de las cuales funciona una y también pasamos mucho frio. La semana pasada se suspendieron las clases por el clima. Los pibes del secundario se movieron e hicieron un frazadazo”

“Esto no es de ahora, las escuelas se vienen abajo desde siempre. Promesas y promesas que nadie cumple, ninguna gestión cumple”, afirma Ana al mismo tiempo que plantea que “el cambio tiene que ser de base, de raíz en las políticas educativas. Hay una emergencia edilicia donde las muertes de los compañeros Sandra y Rubén el año pasado, fueron negligencia y abandono del Est

Por eso plantea que “hay que exigir a todos los gremios de educación que dejen de ser tibios, no podemos esperar a octubre. El sistema de educación está colapsado, lo demuestran los pibes con los frazadazos por falta de calefacción. Es necesario organizarnos con toda la comunidad educativa, docentes, alumnos, padres. Porque la lucha se gana en las calles”

Fuente de la Información: http://laizquierdadiario.com/Escuelas-frezer-en-La-Plata-nos-morimos-de-frio-en-el-aula

 

 

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Brasil – Educación: debate político y alternativas

05/07/2019 | Caroline Bahniuk

Nos hemos ido encontrando, cotidianamente en Brasil, con un embate reaccionario a la educación. Son expresiones de esa decadencia ideológica: el hecho que los manifestantes alineados al gobierno arrancaran un cartel en frente de la Universidad Federal de Paraná con la frase “En defensa de la Educación”; la postura del actual Ministro de Educación, por medio de un live en facebook, al explicar los recortes de los gastos en las universidades federales comparándolos con porcentajes irreales utilizando chocolates; o con el propio presidente de Brasil, al conmemorar el golpe militar de 1964 en nuestro país. En nuestros tiempos, lo que parecía retrógrado se volvió dramáticamente actual y el gobierno central ha asumido esa cara perversa de la cual la educación pública es uno de sus principales objetivos.

¿Cómo explicar esas cuestiones? ¿Cuáles son las inflexiones sufridas por la educación pública brasilera en ese contexto? ¿Cuál es su origen y como llegamos hasta aquí? ¿Cuáles son los enfrentamientos y resistenciasa ese proceso? El grado de complejidad de la sociedad actual exige preguntas y respuestas complejas, requieren ciertamente mayores procesos de investigación. A pesar de eso, traemos en este pequeño texto algunas reflexiones y contribuciones de investigadores que se han inclinado en revelar el embate del capital en la educación, en particular, la educación brasilera actual.

Para iniciar la conversación destacamos dos presupuestos. El primero remite a comprender la educación en el contexto de crisis del capital contemporáneo y sus estrategias para garantizar la recomposición de sus tasas de ganancia. El capital en crisis ha desencadenado mundialmente un proceso de ajuste estructural resultando en la destrucción de los derechos sociales, incidiendo en la degradación de las condiciones de vida de los trabajadores y al mismo tiempo, posibilitando una mayor apropiación privada de los fondos públicos por el capital.

En Brasil ese ajuste fue significativamente acelerado por el golpe parlamentario que destituyó a la presidenta Dilma Rouseff en 2016 y las recientes modificaciones en el campo jurídico formal expresan un momento de síntesis de esas estrategias. En 2017, las aprobaciones de la ley de tercerización permitiéndola tornarla amplia e irrestricta en los contratos de trabajo y de la Reforma Trabalhista (modificaciones en la legislación laboral) provocó una intensa alteración en la Consolidación de las Leyes de Trabajo (CLT), asumiendo como la espina dorsal de esa reforma la dominación de lo negociado sobre lo legislado. La tramitación en curso en el Congreso Nacional de la Reforma de la Previsión social, que pretende elevar la edad mínima de la jubilación, el tiempo de contribución y la institución de un régimen de capitalización de la previsión sobre la gerencia del capital financiero, representa un ataque más a la clase trabajadora. Estas transformaciones en el ámbito de los derechos laborales buscan, al fin y al cabo, regular y ampliar la flexibilización del trabajo por medio del empleo parcial, temporal, subcontratado; marcas de la intensa precarización del trabajo en los días actuales. Esos procesos no han sido realizado sin luchas y cuestionamientos por la clase trabajadora.

La segunda cuestión se refiere a las disputas intraburguesas en el capitalismo. Distintas fracciones de la clase burguesa disputan entre si, constantemente, la dirección de la hegemonía a partir de diferentes estrategias para garantizar el proceso de dominación. Esta opresión se altera a lo largo del tiempo y se aprovecha no sólo de distintas formas de convencimiento sino también de la violencia. Para Fontes (2017) hay una frenética ampliación del activismo empresarial burgués en la sociedad contemporánea al mismo tiempo que un encogimiento de la democracia burguesa, por medio de la expansión de las fundaciones sin fines de lucro vinculadas a las empresas. Estas entidades tienen por objetivo no explícito la captura y la transfiguración de las diversas expresiones de las luchas de las clase dominada, operando tanto en el Estado (restricto) como en la sociedad civil en la dirección de mantener la hegemonía capitalista. Tal proceso ha expandido significativamente la privatización de los servicios públicos, en particular de la educación, foco de nuestra reflexión.

Esos presupuestos son esenciales para comprender la educación hoy en día. Conviene señalar que no es de hoy el interés del capital por la educación. A pesar de eso, la reforma empresarial de la educación en curso, desde la década de 1990 en Brasil y también en otros países de América Latina, revela una actuación de la clase burguesa cualitativamente distinta. La referida reforma tiene instituida, sistemáticamente, la lógica empresarial en la educación pública, en sintonía con la reforma neoliberal del Estado, profundizada en tierras brasileras por medio de la Reforma Administrativa iniciada en el gobierno de Fernando Henrique Cardoso (PSDB) (1995-2000), la cual estimuló una mayor incidencia de lo privado en la educación pública

Desde la década de 1990, los diferentes gobiernos brasileros han dado continuidad al desarrollo de esa reforma en el campo educacional. Las principales características de la reforma empresarial de la educación son: la concretización de alianzas público-privada por medio de la gestión por concesión, la venta de servicios educacionales, el control del proceso pedagógico por evaluación externa, el pagamento de vouchers y/o becas pagas por el Estado para que los estudiantes realicen sus estudios en colegios privados, la venta de materiales didácticos, entre otros (FREITAS, 2018). Estas alianzas concretizan una privatización no clásica, o sea, puede no haber venta de la institución pública en sí, pero ocurrir una privatización interna, más velada. Este proceso acentúa la mercantilización de la educación, con el direccionamiento del gasto público para corporaciones del sector educacional, sobre todo los grandes conglomerados financieros, presentes en mayor volumen en el mercado de la educación superior y en la venta de materiales didácticos (LEHER, 2018).

Para Leher (2018, p. 46) tampoco los gobiernos de coalición petista rompieron con esa lógica a pesar de haber ampliado el acceso a la Educación Básica y superior y haber colocado en pauta algunas políticas de acciones afirmativas importantes: “las eclécticas medidas educacionales del gobierno del PT (2003-2014) fueron armónicas con la agenda del capital”. En ese período hay un crecimiento de la interferencia de la clase empresarial organizada en las políticas educacionales. El ejemplo más emblemático se refiere a la incorporación por el gobierno de la agenda del movimiento Todos por la Educación (TPE) en el Plano de Desarrollo de la Educación (PDE, 2007) por medio de una concepción gerencialista, sustentada por la evaluación y cumplimiento de metas.

El TPE consiste en un conglomerado de grupos empresariales que ocultan su carácter de clase por medio de la filantropía y de la responsabilidad social, presentándose como un movimiento “apartidario” y “plural”, con la finalidad de cobrar y efectivizar mejorías en la calidad de la educación pública brasilera, incidiendo fuertemente en las políticas públicas. Ese organismo revela el carácter inédito de la actuación de los empresarios en la educación en los inicios del siglo XXI orientada a la formación del consenso social, conjuntamente con el crecimiento de las posibilidades lucrativas del empresariado en el sector educacional. El TPE tiene organismos relacionados en diversos países de América Latina, que componen la Red Latinoamericana por la Educación (Reduca). Esos movimientos están sintonizados con los otros organismos supranacionales que formulan e inciden sobre la educación a nivel mundial (Banco Mundial, Unesco, OCDE, Bird, entre otros).

En 2016, en lo que se refiere a las políticas educacionales, se instituyó la Reforma de la Enseñanza Media – decretada inicialmente por Medida Provisoria en 2016 y posteriormente aprobada con ley N.º 13.415/2017 – y la definición de las Bases Nacionales del Currículo Común (BNCC) para la Educación Básica. En los años siguientes apuntaron a restringir la educación al mercado de trabajo o en las palabras de los reformadores: “formar los jóvenes para las competencias y habilidades del siglo XXI”, anclados a la perspectiva falsa del capital humano, donde más educación sería la clave para resolver los problemas estructurales de la sociedad.

La Reforma de Enseñanza Media pretende volver más flexibles a los jóvenes para la variedad de trabajos en un contexto de aumento de desempleo englobando a la juventud de forma más dramática. La nueva Enseñanza Media prioriza las disciplinas de Lengua Portuguesa y Matemática en los tres años de esa etapa de escolarización y deja en segundo lugar los demás componentes curriculares, siendo que los estudiantes deberán elegir un área para profundizar (Lenguajes, Matemática, Ciencias Naturales, Ciencias Humanas y Sociales, Técnico-profesional). Hay un fuerte énfasis para el itinerario técnico-profesional en escuelas cada vez más precarias, sin biblioteca ni laboratorios; condición para realizar minimamente esa formación. Por otro lado, hay una abertura todavía mayor para la actuación de las empresas en esa formación, inclusive en la educación a distancia. En gran medida los educadores critican la reformulación de la Enseñanza Media al considerar que frena todavía más el acceso de los jóvenes al conocimiento universal, despreciando principalmente los contenidos de las humanidades (Filosofía, Sociología, Educación, Física y Artes), incluidos de forma subordinada después de diversas reivindicaciones. Otra crítica está en el riesgo de la limitación para continuar los estudios en la educación superior, por la falta de profundización de conocimientos en diferentes áreas. En las palabras de Motta y Frigotto (2017, p. 369), la reforma “condena generaciones al trabajo simple y niega los fundamentos de las ciencias que permiten a los jóvenes entender y dominar cómo funciona el mundo de las cosas y la sociedad humana. Una violencia cínica de prohibición del futuro de los hijos de la clase trabajadora por medio de la oficialización de la dualidad intensificada de la Enseñanza Media y de una escuela vacía, en la perspectiva de Antonio Gramsci”

Conviene recordar que en Brasil la Educación Básica es compuesta por: Educación Infantil (0-5 años), Enseñanza Fundamental (6-14 años) y Enseñanza Media (15-17 años). La Enmienda Constitucional Nº 59 de 2009 amplió la escolarización obligatoria desde los 4 a los 17 años. Sin embargo, en la Enseñanza Media todavía hay enormes restricciones, tanto para el acceso como para la permanencia en esa etapa de escolarización. En 2017 estaban cursando ese nivel de enseñanza 68% de los jóvenes de 15 a 17 (Investigación Nacional por muestra de domicilio IBGE, 2017). Algunos de los jóvenes que no estaban cursando la Enseñanza Media, se encontraban en la Enseñanza Fundamental. Sin embargo parte significativa, en torno del 20%, no estudiaba. En la realidad brasilera muchos jóvenes trabajan (formal o informalmente) para contribuir con los ingresos familiares. Ese número es bien expresivo en las familias más pobres y en gran parte de los casos la necesidad de trabajo acaba limitando los estudios.

Más allá de las reformas citadas, la situación en Brasil se agravó en los últimos años con la ampliación expresiva de movimientos políticos de extrema derecha. Las organizaciones y proposiciones alineadas a esos grupos fueron decisivas tanto en el golpe de 2016, que destituyó a la Presidenta Dilma Rouseff, como en las elecciones de 2018 resultando en el ascenso del presidente Jair Bolsonaro (PSL) alineado a esa concepción. De esos movimientos se destacan según Lamosa (2018) Estudiantes por la libertad (EPL) y el Movimiento Brasil Libre (MBL), entidades brasileras ligadas a las redes internacionales como Atlas Network y Red Libertad 1/.

Brasil307 IIEn el campo educacional, esa vertiente comparte en gran medida la reforma empresarial de la educación – en particular la privatización de la educación pública, el control del proceso pedagógico de la escuela por medio de formación de profesores y estudiantes sintonizada a las habilidades y competencias del mercado de trabajo. Al mismo tiempo, ese grupo reaccionario agrega otras pautas y acciones, dentro de las cuales se destacan: el Proyecto Escuela Sin Partido, la militarización de las escuelas y el homeschooling, los cuales componen la base de las políticas educacionales bajo el gobierno de Bolsonaro 2/.

El Programa Escuela Sin Partido que está en trámite en la cámara de los diputados, como también en diversas cámaras estaduales y municipales, en algunas de ellas ya aprobado, tiene por objetivo vedar una supuesta “doctrinación política e ideológica” en las escuelas y enfatizar el control del profesor responsabilizándolo por la mala calidad de la educación. El Programa defiende que sería posible una escuela “neutra”, apolítica y que no discuta relaciones de género y otras contradicciones sociales, como también enseñe a los estudiantes conforme la convicción de los padres. Se puede percibir un amplio ascenso de criminalización de profesores, inclusive hay incentivos, tanto del Presidente como del actual Ministro de Educación Abraham Weintraub, a que filmen y denuncien a sus profesores.

La militarización de las escuelas se refiere a compartir la gestión de la escuela pública con militares (policías, bomberos y ejército). El Ministerio de Educación estableció en 2019 una subsecretaría de fomento a las escuelas cívico-militares para establecer alianzas con estados y municipios que deseen militarizar parte de sus escuelas. Para Freitas (2018) y Lamosa (2018) hay en esas escuelas una exacerbación de la disciplina rígida y autoritaria en particular en lo que se refiere al control de la conducta moral de estudiantes. Al mismo tiempo hieren la autonomía y la gestión democrática de las escuelas públicas.

El homeschooling o educación doméstica se refiere a la sustitución total o parcial de las actividades escolares por actividades en casa. Por medio de una medida provisoria el Gobierno Federal pretende reglamentar esa práctica en Brasil yendo a contramano del derecho a la educación, al acceso a contenidos universales impidiendo también los procesos de socialización vivenciados en la escuela.

Los recortes y las reducciones de recursos en la educación también ha sido una de las tónicas del gobierno actual. Los recortes en el financiamiento de la educación pública por parte del Ministerio de Educación (MEC) desde el inicio de este año giran en torno a 5 mil millones de reales que representa el 25% de su presupuesto total afectando tanto a la Educación Básica como a la Enseñanza Superior. En la Enseñanza Superior ocurrieron recortes de más de seis mil becas de estudiantes de Posgraduación y una reducción en torno a 30% del presupuesto de las universidades e institutos federales en los gastos discrecionales (utilizados para el pago del agua, luz, políticas de permanencia estudiantil, prestación de servicios [principalmente de vigilancia y de limpieza que son en gran parte tercerizados]). Si no se revierte está situación se inviabilizará el funcionamiento de estas instituciones a partir del segundo semestre.

Los recortes en la educación también han sido utilizados como chantaje para que el gobierno negocie la aprobación de la Reforma de la Previsión social. Para ellos la reducción en la educación es necesaria y con la aprobación de la reforma los recursos podrían volver. En reacción a estas estrategias y acciones políticas de ataques a la educación sucedieron grandes manifestaciones y movilizaciones contrarias a los recortes. La insatisfacción de la comunidad universitaria, de la población en general y de los sindicatos vinculados a los trabajadores garantizó la realización de dos grandes actos los días 15 y 30 de mayo que movilizaron un número muy expresivo de personas en las calles en más de doscientas ciudades brasileras. Esto demuestra el crecimiento exponencial del rechazo al gobierno y sus políticas que más allá del campo educativo han generado un empeoramiento de las condiciones de vida de los brasileros. Estas manifestaciones fueron reconocidas por la clase trabajadora organizada como preparativo para la huelga general que transcurrió el día 14 de junio a favor de la previsión, educación pública y empleo.

Lo que podemos percibir es que hay en curso una tentativa deliberada de privatización y mayor mercantilización en la Enseñanza Superior, de destrucción o reducción masiva de la universidad pública en un contexto donde ya predomina lo privado. Según Leher (2018), 73% de las matrículas de Enseñanza Superior brasilera son en instituciones privadas representando 6,3 millones de estudiantes en esas instituciones y 2,3 millones en las públicas.

En el campo educativo diversas son las luchas y resistencias frente a la reforma empresarial de la educación, a lo largo de todo este transcurrir. Podemos citar algunas: las luchas por la defensa de la universidad pública, gratuita y de calidad; las luchas de Magisterio de la Educación Básica por condiciones de trabajo; las luchas de los estudiantes con la ocupación de las escuelas contra la Reforma de la Enseñanza Media; la lucha del Movimiento de Trabajadores Sin Tierra por la educación y por la garantía de gestionar colectivamente las escuelas públicas en campamentos y asentamientos de la Reforma Agraria a partir de sus principios filosóficos y pedagógicos, entre muchas otras.

El desafío en marcha implica la articulación de las luchas educacionales entre sí y con un proyecto mayor de transformación social; un proceso de reconstrucción y fortalecimiento de las organizaciones de los trabajadores de Brasil, con vistas a superar la pedagogía del capital y el propio capitalismo, condición puesta para superar la barbarie y la destrucción sin medida del ser humano y de la naturaleza en nuestros días.

Caroline Bahniuk. Profesora y educadora popular. Doctora en Educación por la Universidade Federal de Santa Catarina. Actualmente realiza un Pos-Doctorado en el Programa de Posgraduación en Servicio Social de la misma universidad. Este artículo fue escrito en portugués. La traducción estuvo a cargo de Hemisferio Izquierdo.

3/7/2019

https://correspondenciadeprensa.com/2019/07/03/brasil-la-educacion-y-la-ofensiva-reaccionaria-del-capital/

Notas

1/ Sobre el ascenso de esos grupos de extrema derecha en Brasil ver CASIMIRO, Flavio Henrique. A nova direita – aparelhos de ação política e ideológica no Brasil contemporâneo. São Paulo: Expressão popular, 2018.

2/ Para Lamosa (2018) en los últimos años, en el campo educacional de Brasil se disputan en el interior de la clase burguesa dos frentes: el social liberal y el ultra conservador. El frente social liberal tiene como una de sus grandes expresiones el movimiento Todos por la educación, conforme abordamos anteriormente. El frente ultra conservador disemina un proyecto de criminalización de los profesores y de la escuela. El autor destaca las divergencias entre los dos frentes, sin embargo busca indicar las convergencias que no se encuentran tan aparentes, pero que en el análisis del autor se verifican por la adhesión a los proyectos de ambos frentes, por la presencia de intelectuales en ambos frentes y por el financiamiento, entre otros.

Referencias bibliográficas

FONTES, Virgínia. Hegemonismos e política: que democracia? In: MATTOS, Marcelo Badaró. (Org.). Estado e formas de dominação no Brasil contemporâneo. 1ed.Rio de Janeiro: Consequência, 2017.

FREITAS, Luiz Carlos. A reforma empresarial da educação: nova direita, velhas ideias. São Paulo: Expressão Popular, 2018.

LAMOSA, Rodrigo. Todos pela educação? A ofensiva empresarial no interior do Estado ampliado. In: Anais do X Simpósio Estado e Poder: Estado Ampliado. – Niterói, SC: UFF, 2018.

LEHER, Roberto. Universidade e Heteronomia Cultural no capitalismo dependente: um estudo a partir de Florestan Fernandes. Rio de Janeiro: Consequência, 2018.

MOTTA, Vania; FRIGOTTO, Gaudêncio. Por que a urgência da Reforma do Ensino Médio? Medida Provisória n° 746/2016 (lei n° 13.415/2017). Revista Educação e Sociedade, Campinas, v. 38, nº. 139, p.355-372, abr.-jun., 2017.

Fuente de la Información: https://vientosur.info/spip.php?article14958

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Brasil: Exministros rechazan políticas educativas de Jair Bolsonaro

Redacción: Kaos en la Red

Decenas de exministros de Ciencia de Brasil repudiaron las políticas del presidente de ese país, Jair Bolsonaro,hacia el sistema científico.

A través de un documento, titulado “La ciencia brasileña en estado de alerta”, publicado este martes, los extitulares de Ciencia denunciaron los recortes presupuestarios a los sistemas educativo y científico del país.

“Se agravan los recortes presupuestarios drásticos que podrán llevar a un retroceso sin comparación en la historia de la ciencia brasileña, área esencial y crítica, tanto para el desarrollo económico y social como para la soberanía nacional”, expresa el texto firmado por los exministros.

Las cifras arrojan que los institutos y universidades federales, responsables del 95 % de la producción científica brasileña, sufrieron este año un bloqueo del 42 % de su presupuesto anual. Asimismo, demuestran que se han cancelado 6198 becas de maestría, doctorado y posdoctorado.

De acuerdo con el texto, tal coyuntura genera condiciones que “estimulan la evasión de mejores cerebros”, y también la ausencia de representantes de la comunidad científica en comités y consejos gubernamentales.

El pasado mes de mayo, estudiantes y profesores protagonizaron protestas multitudinarias tras el anuncio de que se iban a producir recortes en las becas y presupuestos destinados a las instituciones federales, que se corresponden con más del 90 % de la investigación científica en Brasil.

Fuente: https://kaosenlared.net/brasil-exministros-rechazan-politicas-educativas-de-jair-bolsonaro/

 

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Argentina: La odisea de una maestra rural que viaja 120 km para educar a seis niños de jardín de infantes

Redacción; La Nación

Mónica Tortone todos los lunes deja su casa en General Pico, La Pampa, para hacer 120 kilómetros por caminos de tierra, olvidados y muchas veces inundados, que cruzan por el mítico Meridiano V (límite entre esta provincia y Buenos Aires), hasta llegar a la escuela N°13 de la Colonia El Balde en el Partido de Rivadavia, en los márgenes del mapa. Allí se queda una semana viviendo sola en una pequeña casa dentro del establecimiento. Durante todo este tiempo, es la única habitante de un paraje que no figura en los mapas y que sólo existe por la presencia de la escuela, y del Club Agrario El Balde, hoy sin actividad. «Me acostumbré a estar sola, y nunca tengo miedo, para mí es un cable a tierra quedarme acá», asegura esta maestra rural de 47 años que hace 18 años está a cargo del Jardín de Infantes de este rincón indómito en la llanura.

La Escuela N° 13 Remedios de Escalda de San Martín se ve desde lejos. El pastizal, algunos pocos árboles y la inmensidad del desierto pampeano, la destacan. Fue inaugurada en 1936. En cambio, el Jardín de Infantes cumplirá 25 años en el año 2020. Mónica tiene seis alumnos. A la primaria van diez. La matrícula es alta para el paraje. «Algunos llegan a caballo, otros a pie, y otros en auto», comenta Mónica. El alumno más lejano vive a diez kilómetros. La zona es un área que sufre las inclemencias de la naturaleza. En el 2011, un tornado hizo destrozos en la escuela. «Sentía cómo el viento quería llevarse el techo, se rompían los vidríos, y las ramas de los árboles caían», recuerda. En el 2017, todo el distrito padeció una de las más grandes inundaciones. La escuela quedó incomunicada por muchos días.

Mónica Tortone maestra rural de la escuela N°13 de la Colonia El Balde, provincia de Buenos Aires
Mónica Tortone maestra rural de la escuela N°13 de la Colonia El Balde, provincia de Buenos Aires

Travesía

La travesía hasta su puesto de trabajo arranca a las seis de la mañana todos los lunes. A las 13 llegan sus alumnos y a las 17 termina su día, pero comienza otro: el de su estadía en la soledad. «Me he tenido que acostumbrar a los ruidos naturales. Hay una paz muy grande, llego muy cansada al fin del día. Ordeno la casa, y tengo que hacer tareas administrativas de la escuela», afirma Mónica. La televisión es una compañía. «Miro a veces noticieros, pero es muy agresivo lo que veo. Me inclino por los documentales», sugiere.

Escuela rural N°13 de la Colonia El Balde, provincia de Buenos Aires
Escuela rural N°13 de la Colonia El Balde, provincia de Buenos Aires

Los primeros años vivió con su hijo, Gianfranco, pero luego debió irse a General Pico para continuar con sus estudios. «Fue un golpe duro», confiesa. Para no tener que cocinar, se prepara viandas el fin de semana. «Me quedo pensando, se me pasa rápida la semana», sostiene. Las tormentas son fuertes, muchas veces debe quedarse el fin de semana en el paraje, por los caminos inundados. «Estar sola me ayuda a valorar todo lo que tengo», reconoce. «Los hombres siempre preguntan si me da miedo quedarme, pero la verdad es que jamás lo sentí», confirma.

Las 11 escuelas rurales del Partido de Rivadavia están todas conectadas a internet a través del Programa RED (Rivadavia Educación Digital) que funciona desde hace nueve años, y se financia con presupuesto propio. Ya llegan entregadas 5.375 notebooks. «Quisimos tener barrera digital cero, y lo logramos», afirma Javier Reynoso, Intendente del Distrito. «Todas las escuelas tienen un aula virtual, con pizarrones y lápices digitales. «Tratamos de no usar tiza», enfatiza. El Programa además de incluir tecnológicamente a las escuelas rurales, suma a todas las demás urbanas, públicas y privadas. Está coordinado por una Comisión integrada por docentes jubilados, y el soporte técnico se nutre de mano de obra local.

En la provincia de Buenos Aires existen 3000 escuelas rurales con una matrícula de alrededor de 126.000 alumnos. «De acuerdo a las pruebas Aprender, se puede observar un mejor desempeño de las escuelas rurales, en comparación con las urbanas, tanto en primaria como en secundaria, y en cualquiera de las asignaturas que se analice», dice el director general de Cultura y Educación de la provincia de Buenos Aires, Gabriel Sánchez Zinny. 607 de las 1507 primarias rurales ya han recibido kits de robótica. 1030 jardines de infantes del entorno rural están incluidos en el programa de Educación Digital, Programación y Robótica. La conectividad permite la integración de niños que viven en parajes y pequeños pueblos aislados. «Ya hay más de 280 escuelas rurales con Internet», afirma Zinny.

«Algunos niños no suelen viajar, poder estar conectados es una gran herramienta», afirma Mónica para graficar la importancia de la tecnología en una escuela dentro de un ambiente en donde la soledad es inmensa. «Cuando tenemos la posibilidad de una salida, la aprovechamos, a veces es la única manera de que algunos niños conozcan otros lugares que no sea el campo», sostiene. Su semana culmina los viernes por la tarde. Si no ha llovido, puede regresar, existen varias huellas, pero elige la que supone esté mejor, la intuición es su copiloto. Si hubo viento, entonces los caminos se orean. La vuelta a la ciudad no es fácil. «Siento que todos están muy acelerados, para poder hablar tengo que cerrar las ventanas, los ruidos de los autos y las motos, son muy fuertes», concluye.

Fuente: https://www.lanacion.com.ar/sociedad/la-odisea-maestra-rural-viaja-120-km-nid2260236

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Presentan la primera guía teórica del idioma Ashéninka del Perú

América del Sur/ Perú/ 09.07.2019/ Fuente: larepublica.pe.

La guía contribuye al fortalecimiento de la educación intercultural bilingüe.

El pueblo Ashéninka, también conocido como ‘Asháninka del Gran Pajonal’, ha sido relacionado con el pueblo Asháninka debido a que tienen una historia común y a que tradicionalmente se han ubicado en la misma zona geográfica: la selva central del Perú.

El pasado 2 de mayo, el Ministerio de Educación reconoció oficialmente el alfabeto de la lengua Ashéninka de 22 grafías. Esta resolución es un gran paso para el impulso del desarrollo de la educación intercultural bilingüe que fomenta la Universidad Católica Sedes Sapientiae (UCSS).

El Programa de Educación Básica Bilingüe Intercultural de la UCSS, a través de su filial Atalaya NOPOKI, presentaron la guía teórico-práctica para el estudio de lenguas indígenas.

Este gran trabajo multidisciplinario ha hecho esta guía para el estudio de lenguas indígenas un documento con visión pedagógica pensada para la enseñanza de la lengua a nivel superior.

Brinda las herramientas necesarias para que se realice una adecuada enseñanza comparativa de la lengua, que permita una eficaz comunicación intercultural, debido a que los contenidos presentados en la guía, reflejan la realidad de la zona.

La guía está orientada a que los lectores relacionen el idioma castellano con el indígena, que es la primera lengua para la mayoría de estudiantes del Programa Magisterial de Educación Intercultural Bilingüe.

En la primera parte del documento se desarrollan contenidos teóricos correspondientes a la gramática: sintaxis y morfosintaxis; mientras que en la segunda parte se desarrollan los contenidos prácticos, donde se presentan textos según el nivel de avance académico y en cada unidad se aplican las macrodestrezas lingüísticas: hablar, escuchar, leer y escribir.

El propósito de esta guía es que los alumnos de educación superior logren un dominio de su idioma originario, Ashéninka, y del castellano para que sean docentes en educación bilingüe intercultural de calidad en las instituciones que se encuentren en la provincia de Atalaya en Ucayali

Fuente de la noticia: https://larepublica.pe/sociedad/2019/07/04/ucayali-universidad-presento-la-primera-guia-teorica-del-idioma-asheninka-del-peru/

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