51 anos atrás, no dia 1° de Abril de 1964, as elites e os militares derrubaram Jango instaurando 20 anos de regime fechado, terror, torturas e assassinatos. A Expressão Popular, comprometida com a História, tem produzido ao longo dos anos uma série de livros sobre o período e sobre a herança nos dias atuais do golpe que destituiu direitos democráticos e perseguiu os movimentos sociais, partidos de esquerda e grupos progressistas.
– A imprensa de esquerda e o movimento operário (1964-1984) de Celso Frederico.
Trecho do livro: «O golpe militar de 1964 marca uma nova etapa histórica nas relações entre o Estado e o movimento operário. Até 1930, a questão social era considerada uma simples questão de polícia; no período que se estende de 1930 a 1964, ela se torna uma questão política; a partir de 1964 os militares no poder enquadram a questão social como um assunto referente à segurança nacional.
Nesse novo contexto, o movimento operário foi alvo da repressão sistemática comandada pela polícia política. Logo após o golpe, uma das primeiras medidas tomadas foi a repressão ao sindicalismo. Sessenta e três dirigentes sindicais tiveram seus direitos políticos cassados; houve intervenção em quadro confederações, 45 federações e em 383 sindicatos»
– O combate nas trevas de Jacob Gorender
Trecho do livro: «[os militares] não perderam tempo no desmantelamento da rede de organizações em que se apoiava a FMP [Frente de Mobilização Popular]. Centenas de sindicatos caíram sob intervenção, as Ligas Camponesas foram dispersadas e as chamas de um incêndio televisado queimaram a sede da UNE (…) Cassações de direitos políticos, iniciadas com o primeiro Ato Institucional, inquéritos policial-militares e processos administrativos expurgaram das Forças Armadas e do serviço público civil mais de dez mil pessoas (…) Torturas e assassinatos deram início ao terrorismo de Estado»
– Trabalhadores e sindicatos no Brasil de Marcelo Badaró Matos
Trecho do livro: «A repressão aos sindicatos mostrava bem o caráter da ditadura que se instalava. A articulação de militares com empresários ligados ao grande capital nacional e estrangeiro, apoiada pelos latifundiários e políticos conservadores, deu-se em torno da contenção dos avanços dos movimentos organizados de trabalhadores no campo e na cidade. Por outro lado, a crise econômica, que só fazia crescer desde o fim do governo JK, seria combatida pela ditadura com uma receita cujo principal remédio era o arrocho salarial. Para tanto, controlar os sindicatos era fundamental [para a ditadura e para a burguesia]»
– A esquerda e o golpe de 64 (Denis de Moraes)
Sinópse: Originalmente em 1989, seu objeto é o elenco de concepções, táticas e projeções (e, sobretudo, de ilusões e equívocos) com que os diferentes setores da esquerda brasileira se movimentaram especialmente sob o governo João Goulart, derrubado a 1º de abril de 1964.
Reconstruindo o processo político que culminou nos idos de 1964 como que num roteiro fílmico, o autor reconfigura o protagonismo de sujeitos coletivos e de personalidades da esquerda – cujos depoimentos comparecem em seguida – que jogaram papéis relevantes naquela conjuntura.
Para as gerações que não experimentaram o drama dos anos 1960, a dinâmica daquela história, sem a qual não se pode compreender o Brasil dos dias de hoje, surge límpida na grandeza da sua esperança e na tragédia dos seus limites.
– Memórias da resistência (Marco Escrivão, Tito Flávio Bellini e Pedro Russo – orgs.)
Trecho do livro: «Mas não seria perigoso, insistamos reavivar conflitos capazes de colocar em risco as conquistas democráticas das últimas décadas? Diante de tal pergunta, apenas uma resposta é eticamente aceitável: se devemos relembrar, esclarecer e julgar casos de prática sistemática de violência de Estado contra sua população civil é pelo simples motivo de que tais práticas não apenas continuam existindo, como tampouco perderam em constância e brutalidade.
Se as torturas e assassinatos praticados por agentes estatais deixaram de ser realidade para a classe média, movimentos como as Mães de Maio nos impedem de esquecer que o mesmo não pode ser dito sobre os moradores das periferias e outras minorias anômalas que transitam pelo espaço público»