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Inger Enkvist: “A nova pedagogia é um erro. Parece que não se vai à escola para estudar”

Por El País

Pedagoga sueca, com mais de quatro décadas de experiência na educação, critica método que dá mais iniciativa aos alunos na sala de aula e defende um ensino mais tradicional

O silêncio reina na rua de pedras onde mora Inger Enkvist, em Lund, uma das cidades mais antigas da Suécia, com uma das universidades mais importantes deste país nórdico. Ninguém diria que a poucos minutos a pé fica o centro urbano. Esta calma chega ao interior de seu apartamento, uma sobreloja com grandes janelas e um jardim traseiro comunitário. Seu escritório, luminoso e cheio de livros, é um reflexo de sua ideia de como é preciso se entregar a qualquer tarefa intelectual: com ordem, concentração, seguindo regras…, lendo.

Começou sua carreira educativa como professora do ensino secundário, e agora é catedrática emérita de espanhol na Universidade de Lund. Centrou sua pesquisa na obra de Mario Vargas Llosa e Juan Goytisolo, e escreveu ensaios sobre José Ortega y Gasset, Miguel de Unamuno e María Zambrano. Publicou vários livros sobre pedagogia – como Repensar a Educação (Bunker Editorial, 2006, digital) – e centenas de artigos, além de ter assessorado o Governo sueco no assunto. Sentada na sala de sua casa, Enkvist conversa em espanhol sobre como acredita que as escolas deveriam ser, enquanto bebe um suco de frutas vermelhas servido num jarrinho de barro comprado em Segóvia. Falando com ela, não é nada difícil imaginá-la no seu colégio, ainda menina, tirando ótimas notas.

Pergunta. Como recorda sua escola?

“O novo desafio é controlar o acesso ao celular. As escolas fazem bem em proibi-lo e os pais devem vigiar seu uso em casa. Devem saber dizer “não”

Resposta. Era pública e tradicional. Não tenho más recordações. Talvez houvesse algumas aulas chatas, mas às vezes a vida é assim. Os alunos chegavam na hora e não havia conflitos com os professores. A Suécia me deu uma educação gratuita e de qualidade.

P. Os tempos mudaram. Continua valendo a disciplina daquela época?

R. A relação entre pais e filhos se baseia mais do que nunca nas emoções. Temos uma vida mais fácil, e queremos que nossos filhos também a tenham. Mas a escola deve estar consciente de que sua tarefa principal continua sendo formar os jovens intelectualmente. A escola não pode ser uma creche, nem o professor um psicólogo ou um assistente social.

P. Qual deve ser a finalidade do ensino infantil?

Inger Enkvist, no escritório da sua casa, no centro de Lund (Suécia).
Inger Enkvist, no escritório da sua casa, no centro de Lund (Suécia). EVAN PANTIEL

R. Deve ser muitas coisas, mas sua tarefa principal é dar uma base intelectual. Dar conhecimentos aos jovens, prepará-los para o mercado de trabalho, transmitir-lhes uma cultura e proporcionar-lhes uma ideia da ordem social, porque a escola é a primeira instituição com a qual as crianças se deparam, e é importante que vejam que há algumas regras, que o professor é a autoridade e que é preciso respeitar tanto ele como os colegas.

P. Mas a tecnologia torna mais difícil controlar crianças hiperestimuladas.

R. Sempre houve dificuldades na aprendizagem. Há 50 anos, era o fato de precisar andar uma hora para chegar ao colégio, ou oferecer refeições nutritivas. Hoje se trata da enorme quantidade de estímulos. O novo desafio é controlar o acesso ao celular e ao computador para que se concentrem. As escolas que proíbem o celular fazem bem. Em casa, os pais devem vigiar o tempo de uso da tecnologia. Proibir é muito difícil, porque se criam conflitos, mas um pai moderno deve saber dizer “não”. Deve resistir.

P. Há pedagogos que afirmam que a escola tradicional é chata e educa crianças submissas, e que é preciso aprender a aprender.

R. A escola é um lugar para aprender a pensar sobre a base dos dados. Isso de insistir em aprender a aprender sem falar antes de aprendizagem é uma falsidade, porque não podemos pensar sem pensar em algo. Sem dados não há com o que começar a pensar.

P. A escola não deveria ser um lugar onde se divertir?

“O que os exames do PISA não revelam é se existe uma boa atmosfera na sala de aula, se bons princípios de trabalho são inculcados, se as ciências humanas são bem ensinadas”

R. A satisfação na escola deve estar vinculada ao conteúdo: entrar numa aula e que lhe contem algo que você não sabia. Mas é preciso saber que, para entender algo novo, é necessário fazer um esforço. Além disso, é fundamental que o professor nos ensine a ler e também como nos comportar. É impossível aprender bem sem que haja ordem na sala de aula. Essa é a base principal: comportamento, leitura e avaliação pelo conhecimento.

P. O que opina da tendência de pôr almofadas na sala de aula para que os alunos se deitem?

R. Isso é enganar os jovens. Para aprender a escrever, uma criança precisa sentar-se bem, olhar para frente, ter lápis e papel, concentrar-se… Aprender pode ser um prazer, mas, insisto, exige um esforço e um trabalho. É preciso dizer isso às crianças. Se não, estamos enganando-as. Tocar violino, por exemplo, não é fácil. Exige muita prática. Os estudos do psicólogo sueco Anders Ericsson mostraram que é necessário um esforço prolongado para melhorar em algo. Para ser bom em algo você tem que se dedicar 10.000 horas. E precisa fazê-lo de forma consciente e trabalhar com um professor. Sua pesquisa avaliza a ideia tradicional de uma escola baseada no esforço do aluno, sob a orientação de um professor.

P. Há quem diga que não é preciso decorar porque tudo está no Google.

R. Essa é outra falsidade. O Google é uma ferramenta genial. É de grande ajuda para os adultos, porque sabemos o que procuramos. Mas, para quem não sabe nada, o Google não serve de nada. Há intelectuais que andam por aí dizendo que estudar geografia não foi útil. Acredito que se esqueceram de como e quanto aprenderam na escola. Afirmar essas coisas é uma falta de honradez com os jovens. E menosprezar a importância em si da vida intelectual do aluno.

P. Em que consiste a nova pedagogia que você critica?

Inger Enkvist: “A nova pedagogia é um erro. Parece que não se vai à escola para estudar”
EVAN PANTIEL

R. A nova pedagogia é um pensamento que se vê por toda parte no Ocidente. A Suécia a adotou nos anos sessenta. Consiste, por exemplo, na pouca gradação das notas, por isso muitos pensam que não há razão para estudar muito se isso não for se refletir no histórico escolar. Dá-se muita importância à iniciativa do aluno, trabalha-se em equipe e, ao mesmo tempo em que as provas desaparecem, aparecem os projetos e o uso das novas tecnologias. Em geral, parece que se vai à escola para fazer atividades, não para trabalhar e estudar. Dá-se mais ênfase ao social que ao intelectual. Acho que é um erro. Por um lado, os alunos com mais capacidade não desenvolvem todo o seu potencial e, por outro, os que têm uma menor curiosidade natural por aprender não avançam. Além disso, muitos gostos são adquiridos, como a história, a leitura e a música clássica. No começo podem parecer chatos, mas, se alguém insistir para que tenhamos um primeiro contato, é possível que acabemos gostando. Atualmente, muitos jovens escolhem sem terem conhecido e, claro, escolhem o fácil.

P. A Espanha é um dos países da OCDE que dedica mais horas à lição de casa. Isso tem alguma utilidade?

R. Quando a jornada é muito longa, como na Espanha, não faz sentido. Se um aluno está cansado, a lição de casa não melhora o seu rendimento. É preciso buscar um número ideal de aulas pela manhã, quando a criança está mais acordada, dar-lhe um tempo de descanso e, à tarde, talvez uma tarefa de revisão do que fez durante aquele dia. Um bom exemplo é a Finlândia, onde os alunos entram às oito da manhã e saem às duas da tarde, incluindo o almoço; exceto às quintas-feiras, quando saem às quatro da tarde.

P. Quando criança, você era um grande leitora. Como despertar esse prazer se uma criança não está interessada?

R. Era uma leitora compulsiva. Ninguém teve de insistir para que eu pegasse um livro. Mas há crianças que precisam disso. Talvez no começo seja necessário forçá-las um pouco, encorajá-las para que se tornem leitoras de lazer. Como se faz isso da escola? Comprar bons livros para a biblioteca e recomendar um a cada sexta-feira. Um aluno pode contar o que leu naquela semana. Fazer pequenas competições para ver quem leu mais. Medir como o seu vocabulário aumenta. E explicar que a leitura lhes permitirá, quando adultos, um melhor desenvolvimento. Se os alunos começam a ler, quase todos descobrirão que é um prazer. Mas eles precisam de horas. Calcula-se que na maioria dos países se dedicam 400 horas à aprendizagem da leitura na escola primária. Para ser um bom leitor, são necessárias 4.000 horas. É impossível ter tanto tempo na aula. Eles têm de fazer isso em casa. O que os pais podem e devem fazer é ler com os filhos: apoiar a leitura e servir de modelo.

P. Mas as humanidades estão perdendo peso.

R. Dizem que o amanhã será dominado pela tecnologia e pelas ciências naturais, e que o que é histórico não é importante. Além disso, as provas do PISA [Programa Internacional de Avaliação de Estudantes], um conjunto de exames organizados pela OCDE para avaliar as competências de alunos de 15 anos em ciências, matemática e leitura] não levam em conta as humanidades porque é difícil comparar esses conhecimentos entre países, então a vontade de competição os leva a dar mais ênfase às matérias que fazem parte do PISA e negligenciar as outras. Tanto a escola quanto a família devem dar mais ênfase às humanidades.

P. A visão do PISA é a de uma escola que deveria funcionar como uma empresa?

R. A OCDE é uma organização econômica e analisa a educação a partir dessa perspectiva. O que o PISA não revela é se existe uma boa atmosfera na sala de aula, se bons princípios de trabalho são inculcados, se as ciências humanas, as ciências sociais, as matérias estéticas como arte e música, que são essenciais, são bem ensinadas. O PISA é uma prova muito específica que analisa algumas coisas. As escolas e os países deveriam defender que eles ofereçam muito mais do que isso.

P. Em seus livros, você aponta a Finlândia como um dos grandes modelos.

R. A educação na Finlândia foi tradicional, embora há dois anos o Governo tenha lançado um programa mais parecido com o da Suécia, porque meu país tem um desempenho escolar inferior, mas tem um comportamento econômico superior e criou empresas de tecnologia como Spotify e Skype. O Governo finlandês parece pensar que com um pouco de desordem suas escolas serão mais criativas. Não acredito nisso.

P. A Finlândia era tradicional? Não há exames no ensino obrigatório nem os havia antes dessa reforma que você menciona.

R. É preciso repensar a fobia aos exames. O exame ajuda a se concentrar em um objetivo. Que em tal dia você tem de saber esses conhecimentos. Um bom professor ensina coisas aos alunos, revisa com eles e faz algumas provas. E constroem outros ensinamentos sobre o que já foi aprendido, então esses conhecimentos voltam a aparecer mais tarde. Não faz um exame sobre algo sem importância. Com a prova final acontece a mesma coisa. É um objetivo claro. Ajuda a ter uma visão global.

P. Na Finlândia não se compara tanto as escolas, o que é comum na Espanha. É assim?

R. Na Finlândia continuam com a tradição de confiar nos professores. Quando existe um controle estatal do desempenho e se fazem comparações entre as escolas, o ambiente se deteriora. Para os professores, gera estresse e rancor em relação a quem te controla.

P. Como deve ser um bom professor?

R. Responsável e bem formado. Deve acreditar no poder do conhecimento. Não se é bom professor apenas pelo que se sabe sobre a matéria, nem só porque sabe conquistar os alunos. É preciso combinar ambos os elementos: atrair os alunos para a matéria para ensiná-la adequadamente. É preciso recrutar professores excelentes em que alunos, pais e autoridades possam confiar. E a menos que haja uma situação grave, devemos deixá-los trabalhar.

P. Como foi sua experiência na sala de aula?

R. O aluno tem de respeitar as instruções do professor, fazer as lições de casa e, por exemplo, não mentir. Antes, mentir era muito grave. Agora parece que não acontece nada. Vi jovens que inventam motivos para justificar por que não fizeram um trabalho, que escrevem de forma pouco legível para gerar dúvidas ou discutem o tempo todo com os professores. Sei o quão desagradável é que um aluno tente mentir para você. Vi isso no ensino médio e na universidade. Quando um professor sente que não é respeitado, que tentam enganá-lo, todas as relações de ensino se rompem.

P. O que fazer com as crianças que incomodam e não deixam os outros trabalharem?

R. Isso é um tabu. É considerado pouco democrático. Diz-se que devemos dar uma oportunidade a todos. Mas o que acontece quando uma criança problemática não deixa os outros trabalharem, quando se fala com ela e com os pais, mas não se corrige? É preciso colocá-lo em um grupo separado para ver se percebe e muda.

P. E as crianças que se esforçam, mas não atingem o nível?

R. Elas podem ter aulas de reforço. E podemos oferecer itinerários diferentes, como no caso de Cingapura.

P. E repetir de ano?

R. Fazer repetir uma criança às vezes serve e às vezes não, porque cada um é diferente. Gosto do sistema de Cingapura, onde o lema é que cada criança pode atingir seu nível ótimo. Existem diferentes maneiras de conseguir isso: uma maneira, digamos, normal e outra, expressa. A segunda inclui mais conteúdos em menos tempo. Há quem diga que é menos democrático, mas creio que, pelo contrário, é mais democrático porque convém à criança, à família e ao Estado. E há menos evasão escolar, um problema muito mais grave.

P. Não está aprendendo também por imitação? Ou seja, os alunos adiantados podem puxar aqueles que ficam para trás?

R. Funciona quando o grupo tem um bom nível e um bom professor. E se aqueles que têm de se integrar são poucos e querem fazê-lo. Se não, o que geralmente acontece é que aqueles que não querem trabalhar arrastam os outros.

P. O bilinguismo que combina inglês e espanhol prolifera nas escolas espanholas. Você matricularia seus filhos em uma dessas escolas?

R. Primeiramente, eu analisaria outras opções. Aprender inglês é bom, mas é preciso perguntar o que deixamos de aprender de outras matérias. Tenho dúvidas. Acredito que se pode aprender bem inglês com algumas horas de aula sem sacrificar outros conhecimentos, como por exemplo, as ciências. Na Suécia, as aulas de inglês só começam aos 9 ou 10 anos.

Fonte da entrevista: https://brasil.elpais.com/brasil/2018/07/17/actualidad/1531826084_917865.html

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La Historia es Nuestra: De Quilicura a Camboya, la profesora chilena nominada al Global Teacher Prize (Audio)

Chile / 29 de julio de 2018 / Autor: Redacción / Fuente: Cooperativa

Paula Molina entrevista a Catherine Berríos, profesora de francés de la UMCE sobre el camino que la llevó a trabajar en un orfanato en una localidad cercana a la frontera con Tailandia. La docente habla de la enseñanza como negocio en Chile y de la propuesta del Ministro de Educación, de arreglar los techos de los colegios con “bingos”.

Fuente de la Entrevista:
https://www.cooperativa.cl/noticias/pais/educacion/colegios/la-historia-es-nuestra-de-quilicura-a-camboya-la-profesora-chilena/2018-07-23/164514.html
ove/mahv
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Nos falta pedagogía de la discapacidad, educación en la diversidad, en el respeto al diferente y empatía»

Entrevista a Vicky Bendito, la periodista que ha iniciado una campaña en change.org para que la Constitución cambie su artículo 49 para que la definición de “disminuidos físicos, sensoriales y psíquicos” se sustituya por la de “personas con discapacidad”

Hay quien como Vicky Bendito no se amilana ni ante la mismísima Constitución. Y es que esta periodista y experta en comunicación por más que la Carta Magna en su artículo 49 le diga que las personas con discapacidad son “disminuidos físicos, sensoriales y psíquicos”, se niega a sentirse como tal. “Yo soy sorda y punto”, dice alto y claro. Por eso, con la fuerza de una mujer que desde que nació se hizo dueña de su destino, ha hecho una petición en change.org con la que está rompiendo barreras (lleva cerca de 73000 apoyos) y con la que pide cambiar una expresión pasada de tiempo y poco acertada por la de “personas con discapacidad”. “Ni de broma pensé que iba a cosechar más de 72.000 firmas, ni que fueran a mencionar mi iniciativa en la Comisión Constitucional del Congreso de los Diputados cuando no llevaba ni un mes. Fue un subidón oír cómo el presidente de la Comisión de Discapacidad del Congreso de los Diputados, Jordi Xuclà, hablaba de mi petición y de lo que también es una vieja reivindicación del Cermi. Y también fue otro subidón escuchar a la vicepresidenta del Gobierno, Carmen Calvo, que estaba de acuerdo con la propuesta que, por cierto, es también vieja promesa, pues en 2005, el entonces presidente del Gobierno, José Luis Rodríguez Zapatero, anunció que propondría a las distintas fuerzas políticas cambiar el término disminuido por personas con discapacidad”, explica a Diario16. Además Bendito reconoce que dicho cambio “sería una preciosa forma de celebrar el 40 aniversario de nuestra Carta Magna que, además, dejaría constancia de que nuestros legisladores están a la altura de la sensibilidad y las demandas sociales”, comenta.

La viva imagen de la resiliencia

La periodista y activista de la discapacidad se siente “afortunada” y con “una vida razonablemente buena”. Ni su síndrome de Treacher Collins (una enfermedad rara congénita, discapacitante e incurable que afecta al rostro), ni su discapacidad, le han impedido llegar hasta donde ha querido. “Desde octavo de EGB quería ser periodista, lo tenía muy claro, y ya llevo 25 años en el mundo del periodismo y la comunicación, llevo más de 20 años con un hombre maravilloso que es mi marido, mi familia no la cambio por ninguna otra, pues sin ella, no estaría donde estoy hoy, y unos amigos estupendos que me apoyan, me entienden, me dicen lo que piensan, me aceptan tal como soy y siempre están ahí”, cuenta.

En tu caso no se te ha puesto ningún obstáculo por delante, no has tenido miedo. ¿Eres de las que no se amedrentan?

Soy peleona, sí, no soy de las que se resignan, pero, lo confieso, a veces la sonrisa se me cae al suelo y lloro de impotencia y ese día digo, hasta aquí he llegado, porque, hablo de mí, hay ocasiones en la que mi discapacidad me pesa. Por ejemplo cuando quiero ir al teatro y tengo que pillar las entradas más caras para poder estar cerca del escenario y escuchar, porque no hay bucle magnético; cuando tengo que comprar un procesador nuevo que, además, tiene un precio desorbitado; cuando tengo que comprar determinados productos farmacéuticos que he de utilizar siempre y que la seguridad social ya no cubre, cuando veo que hay cenutrios que aparcan en una plaza de aparcamiento para personas con movilidad reducida porque “es más grande y está más cerca de la puerta”, o cuando veo que quienes prosperan en muchas empresas son personas sin discapacidad, llevando menos tiempo que otras con discapacidad que han demostrado de sobra su profesionalidad. ¿Cuántas personas con discapacidad ocupan cargos públicos que no tengan que ver con la discapacidad?

¿Cuántas veces sentís las miradas que juzgan o etiquetan en lugar de las que ven a las personas capaces que sois?

Hablo por mí. Las miradas se producen a diario, pero yo ya ni las siento, he aprendido a ignorarlas. Recuerdo una vez que iba con mi suegra en el autobús y, cuando nos bajamos, me dijo: “¿Viste cómo te miraba esa señora?”. “No, la verdad”. “Se te quedó mirando y me molestó, y me le quedé mirando feo”, me dijo toda indignada. “Vas a tener que acostumbrarte, porque esto es parte de mi día a día”. Son tantas, que llega un momento en que ni cuenta te das, salvo que sean muy descaradas, claro. En mi caso, que nací con el síndrome de Treacher Collins lo que más llama la atención es el rostro. Siempre digo que no me molesta que me miren, es normal, mi cara llama la atención, sino cómo me miran. Hay miradas y miradas. Las hay de curiosidad, de sorpresa, de horror, de morbo. Mucha gente me mira y no se corta en un pelo, y siguen mirándome como si fuera un objeto inanimado, y se recrean, rozando la mala educación, eso sí que me molesta. Luego hay gente a la que le da pudor su reacción y enseguida se disculpan y preguntan con mucha educación qué me ocurrió, si tuve un accidente o me quemé la cara, por ejemplo.

“SIEMPRE DIGO QUE NO ME MOLESTA QUE ME MIREN, ES NORMAL, MI CARA LLAMA LA ATENCIÓN, SINO CÓMO ME MIRAN. HAY MIRADAS Y MIRADAS”

¿Pero el desánimo no te invade a veces? 

Soy humana. Respiro hondo y tiro otra vez para adelante porque, entre otras cosas, no queda otra. Porque somos nosotros los primeros que tenemos que poner en evidencia las desigualdades que sufrimos, los que tenemos que pelear, en nuestro entorno más próximo, poco a poco, día a día, por nuestro lugar en el mundo, por nuestros derechos, recogidos en ese maravilloso tratado que es la Convención de Derechos de las Personas con Discapacidad, porque, como me decía una amiga mía en una de esas crisis, “si lo dejamos en manos de otros, esto se va al carajo del todo”. No hay que resignarse. En un post que escribí hace ya, decía que creo en la gente que pelea para que este mundo sea un lugar mejor en el que vivir porque, si no fuera por esa gente, la esclavitud no se habría abolido, las mujeres no tendrían derecho al voto, la educación sólo sería cosa de unos cuantos privilegiados, la ciencia no habría evolucionado y muchas enfermedades no tendría cura, el hombre no habría puesto un pie en la luna y las personas con discapacidad aún seríamos unos tullidos inútiles y un lastre para la sociedad.

¿Cuánto te ha ayudado el sentido de humor en la vida?

Muchísimo. El humor es muy sano, impide que te amargues. Además, contribuye a que los demás aprendan a tratar la discapacidad con naturalidad.

 ¿Con qué término te quedas con el de discapacidad o el de diversidad funcional?

Con la expresión “personas con discapacidad”, que es la que recoge la Convención de la ONU sobre Derechos de las Personas con Discapacidad, firmada y ratificada por 141 países, entre ellos, España. La expresión “diversidad funcional” no la comparto. La respeto, pero no la comparto. No me define. Me resulta confusa. No me considero que tenga una variedad o abundancia de varias desemejanzas. Y mis funciones biológicas no son más o menos diversas que las de una persona sin discapacidad. Lo que yo tengo es sordera y, por lo tanto, tengo una discapacidad. Punto. Forma parte de mi vida y lo tengo más que asumido. Y las personas con discapacidad formamos parte de la diversidad, tan amplia como grande es el mundo.

¿Qué tiene de malo el término personas con discapacidad? Recuerdo una entrevista del diario El Mundo al periodista y político Raúl Gay, quien ahondaba en esta cuestión y afirmaba que “hay una diferencia entre rechazar términos ofensivos y crear expresiones vacías de contenido que no hacen referencia a la situación real”. Y estoy de acuerdo con él. No se trata de negar la realidad, sino de dignificarla.

¿Recuerdas tu primera entrevista?  

La primera que hice como estudiante de periodismo fue a la actriz Amparo Larrañaga. Majísima. Me encantó conversar con ella y aún guardo aquella entrevista. La primera que me hicieron, fue en la cadena Ser, en el programa de Iñaki Gabilondo. Precisamente iba con quien luego sería el presidente del Cermi, Luis Cayo. Cuando me presentaron lo hicieron como “Vicky Bendito, que es sorda funcional”… sorda funcional. Me quedé estupefacta. Cuando me dieron la palabra, lo primero que dije fue: “Es la primera vez que me dicen que soy sorda funcional. Pensaba que era sorda a secas”.

¿Cuántas exclusiones hay en la vida de una persona con discapacidad?

Muchísimas, como te decía antes, sistemáticas y estructurales. La vida de las personas con discapacidad es una carrera diaria de obstáculos para acceder al trabajo, para tener independencia económica, para acceder a los productos de apoyo que necesitan, para acceder a la educación en igualdad de condiciones que el resto (la ONU ha afeado recientemente a España que vulnera el derecho de las personas con discapacidad a la educación inclusiva). Da un paseo por la calle y observa.

Tu petición viene a decir que las palabras os hieren y os aíslan y os hacen de menos…

A las personas con discapacidad y a cualquiera. Las palabras envejecen, algunas adquieren connotaciones muy negativas y entonces sirven para humillar, degradar, herir, y otras reconfortan, animan, fortalecen, impulsan, transforman. Es esencial la forma en la que nos expresamos. Y las palabras, el lenguaje, la forma en que nos expresamos, como la sociedad, también evolucionan. ¿O acaso nuestra sociedad es la misma de hace un par de siglos y nos expresamos de la misma forma que en aquella época?

¿La inclusión empieza por el lenguaje respetuoso y empoderante?

Y preciso. Como te decía, no se trata de negar la realidad, sino de dignificarla. La inclusión comienza en las palabras precisas y las palabras se aprenden desde la niñez, transforman, y la transformación empieza en los propios ciudadanos, y los ciudadanos se forman desde el colegio, porque la educación, la formación es la que nos da las herramientas que necesitamos para ser libres y respetuosos, para comprender, respetar y aceptar la diversidad, de la que formamos parte las personas con discapacidad, y construir una sociedad verdaderamente inclusiva.

A quien te vea como invalida o impedida ¿qué le dices?

Que está equivocado, que soy una persona con discapacidad, que formo parte de la minoría más grande del mundo, que en este mundo cabemos todos con respeto y educación, que mi discapacidad no me hace menos válida que otras personas y que, por supuesto, no me ha impedido dedicarme a la profesión más bonita del mundo, en la que llevo 25 años.

¿Sigues soñando con un futuro en el que los medios dediquen más espacio tanto a las enfermedades raras como a la discapacidad?

Sí. En términos generales, hay excepciones, se habla poco, con poco rigor y muchas veces desde un punto de vista muy paternalista. Hay pocas informaciones, y no porque no haya temas, que los hay y para profundizar. Antes te hablaba de la cantidad de exclusiones que sufren las personas con discapacidad, de la discriminación silenciosa que supone la falta de accesibilidad, como también hay historias humanas increíbles. También sueño con que los periodistas con discapacidad tengamos más visibilidad, que alguno presente un informativo de televisión, por ejemplo. La visibilización contribuye a la normalización. Que haya más personajes con discapacidad en las series de televisión. Hace poco vi una serie buenísima. Me estaba encantando hasta que apareció un personaje con discapacidad. El único que salía en toda la serie y era una persona amargada de la que todos echaban pestes, o actores con discapacidad, que los hay. O un presidente del Gobierno con discapacidad.

¿Nos falta humanidad?

Nos falta pedagogía de la discapacidad, educación en la diversidad, en el respeto al diferente, empatía.

¿Has sentido como mujer con discapacidad algún tipo de discriminación?

Sí. Por ejemplo, cuando quise ser madre y me sometí a un tratamiento de fecundación in vitro para que mi hijo no heredara mi síndrome, tuve que ir a una clínica privada, pues en aquel entonces la seguridad social no cubría casos como el mío. Ahora eso, afortunadamente, ha cambiado.

La sociedad ha avanzado mucho. Hasta hace unas décadas, las personas con discapacidad éramos un lastre para las familias y para la sociedad. Hoy, las personas con discapacidad estamos mejor consideradas, qué duda cabe, tenemos la Ley General de Derechos de las Personas con Discapacidad, una convención de la ONU, una comisión parlamentaria de discapacidad que es permanente y legislativa, científicos e ingenieros que investigan para derribar barreras y mejorar la calidad de vida de las personas con discapacidad y con enfermedades raras, un movimiento asociativo muy importante que da voz a las personas con discapacidad, cada vez hay más gente que comprende la importancia de la accesibilidad, y eso es magnífico, pero aún queda mucho trabajo por hacer. Roma no se conquistó en un día ¿No?

 

Y ¿de esa discriminación silenciosa de las personas con discapacidad que supone la falta de accesibilidad?

Ha habido una carencia de 17 años para que todos los edificios, bienes y servicios fueran accesibles, sin embargo, el 70% de los edificios españoles no son accesibles. Apenas hay bucles magnéticos, información audiovisual subtitulada o en lengua de signos, información en braille o lectura fácil, pictogramas. Más de quince años y seguimos con barreras de todo tipo. Decepcionante, indignante. A lo largo de estos años, no ha habido ni una sola campaña por parte de las administraciones públicas para informar de esta obligación legal y fomentar la accesibilidad, cuando, según la Convención de Derechos de Personas con Discapacidad, la accesibilidad y la inclusión son derechos fundamentales para las personas con discapacidad, pues sin ellas no es posible nuestra participación en la sociedad como ciudadanos.

Muchísimas empresas españolas no cumplen con las tasas de discriminación positiva para la inclusión laboral de personas con discapacidad en sus plantillas. Se han hecho campañas institucionales en radio, televisión y prensa por parte de las administraciones públicas para alertar del peligro de las drogas, del alcohol, contra la violencia de género, para reducir los accidentes de tráfico, contra el acoso escolar… pero nada, ninguna que hiciera referencia directamente a la discapacidad. Las únicas que han salido, que yo recuerde, son de determinadas organizaciones privadas, como Fundación ONCE, por ejemplo. Y no es que no haya información, datos, hay multitud de informes y estadísticas que radiografían periódicamente nuestra situación.

Son tantas cosas que da la impresión de que somos ciudadanos de segunda, de que lo nuestro siempre puede esperar, total, deben pensar, no hacemos ruido, pues bastante tenemos con sortear la carrera de obstáculos que de por sí es nuestra vida diaria. Aún hay una concepción paternalista de la inclusión. Y no se trata de beneficencia, se trata de derechos.

Fuente: http://diario16.com/nos-falta-pedagogia-la-discapacidad-educacion-la-diversidad-respeto-al-diferente-empatia/
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Raúl Acuña: «Transformar vidas a través de la educación sí es posible»

Entrevista al director ejecutivo de la Fundación Don Bosco, organización dedicada a labor benéfica brinda soporte académico, psicológico, espiritual y afectivo a niños y adolescentes de entornos vulnerables

Con más de cien años en el Perú, la Congregación Salesiana, a través de la Fundación Don Bosco, brinda espacios seguros para que los menores de bajos recursos y socialmente vulnerables puedan educarse y crecer en ambientes donde prime “la razón, la religión y el amor”. Así lo afirma su director ejecutivo, el padre Raúl Acuña, quien contó a Correo las labores que lleva a cabo dicha organización.

En el caso de los niños en situación de riesgo, ¿cómo los insertan en la sociedad? 

Se les ofrece una casa de familia. Esta es un espacio abierto, nadie retiene a los menores ni se les encierra. Aunque sí hay un orden, una organización; hacemos que se sientan libres y darles un entorno familiar. Luego que se los acoge, se les brinda una terapia psicológica, porque muchos vienen de hogares dañados, de círculos de drogas y otros problemas que no los ayudan a estudiar. El trabajo se realiza con los sacerdotes, educadores y voluntarios. Nuestro objetivo como salesianos es transformar vidas a través de la educación, porque es posible. Los apoyamos para que no solo terminen la secundaria, sino que también tengan una opción para que puedan defenderse en la vida, dándoles la posibilidad de que estudien en diferentes institutos, donde los acompañamos.

¿Cuál es el enfoque educacional que brindan?

Tenemos un enfoque integral. No solo vemos el aspecto académico, sino también físico, psicológico, espiritual y afectivo. Siguiendo la tradición de nuestro fundador (Juan Bosco), empleamos el sistema preventivo.

¿En qué consiste?

Se basa en tres elementos primordiales para la crianza y educación de los menores: razón, religión y amor. La primera es darles “un porqué” a las situaciones que pasan, tomando como base la religión, porque somos una congregación cristiana y católica donde les enseñamos que hay un Dios que nos ama. Aquí retomamos la vida cristiana, siempre con libertad. El amor que se manifiesta en el clima de familia, de buena educación, con buen trato, nada de castigarlos, sino corregirlos y darles ese afecto que muchas veces no lo tienen en casa.

¿Cómo se corrige a los menores? 

Priman el diálogo y la comunicación. No le llamamos castigo, porque ellos se dan cuenta de que si se portan mal, no van a poder disfrutar de otras cosas. Por ejemplo, si tal fecha hay salida, pues ellos no van a salir, o tendrán que hacer las tareas más difíciles, como lavar los platos. Los niños aprenden que tienen que asumir las consecuencias de sus actos.

¿Cuál es el perfil y los requisitos para que los jóvenes puedan ser admitidos en estos espacios?

Recibimos menores de 13 a 18 años, que estén en una situación de riesgo social, de orfandad, que estén pasando un momento difícil, ya sea por la droga, alcohol o situación de abandono.

¿Qué es lo más difícil de sostener en todo este trabajo que realizan? 

La parte económica. Uno saca cuentas y para sostener las 11 casas que tenemos y a los 500 jóvenes a los que albergamos en este año, en diferentes lugares, además de la alimentación, vivienda, agua, luz, teléfono, educadores y psicólogos, se necesita una fuerte cantidad de dinero. Nosotros pedimos ayuda de nuestra congregación.

Es por ello que están organizando una rifa solidaria para noviembre… 

Así es. El objetivo de esta rifa es poder solventar algunos gastos. Nuestra congregación está en 132 países, entonces tenemos gente solidaria que nos ayuda a que sigamos llegando a más niños y adolescentes. La rifa solidaria “Juntos por las Misiones de la Sierra” será el 11 de noviembre, a las 11 a.m., en la avenida Brasil 210. Serán 127 premios, en conmemoración a los 127 años que tiene la Congregación Salesiana.

¿Qué harán con el dinero recaudado? 

El dinero servirá para sostener las casas de acogida para niños, niñas y adolescentes que tenemos en la sierra, además de algunos proyectos que tenemos allá. Reforzar la alimentación y educación de los menores.

¿Cuánto se recaudó en la última rifa?

En la rifa del 2016 recaudamos 650 mil soles, que sirvió para implementar, en la selva, algunas casas de acogida. Hemos ayudado a que se compren algunos motores para que las comunidades que tienen sus peque peque puedan comunicarse entre ellas.

El padre padre Raúl acuña es director ejecutivo de la Fundación Don Bosco. Nació en Ayabaca, Piura. Lleva más de 20 años como sacerdote. Desde el 2010 asumió la dirección de dicha fundación.

Fuente: https://diariocorreo.pe/cultura/raul-acuna-transformar-vidas-traves-de-la-educacion-si-es-posible-832419/

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Leonel Fernández a Correa: «No hay conexión entre la universidad y la sociedad en sentido general»

Por RT

En esta nueva edición de ‘Conversando con Correa’, el expresidente de Ecuador dialoga con Leonel Fernández, expresidente de la República Dominicana. La conversación entre ellos empieza girando en torno a la importancia de la educación como medio de desarrollo social y, en concreto, sobre las carencias y particularidades del ámbito universitario de América Latina.

La conversación que el expresidente de la República Dominicana, Leonel Fernández, y Rafael Correa mantienen en esta edición de ‘Conversando con Correa’ empieza girando en torno al desarrollo del ámbito académico de América Latina con preguntas específicas sobre la importancia de la educación: «¿Por que América del Norte se desarrolló y América del Sur permanece en su desarrollo?».

Correa admite de entrada que «las respuestas son múltiples», pero señala principalmente a la «falta de calidad» en las universidades latinoamericanas y a su «falta de presupuesto«. Además, menciona una «mal entendida autonomía» de las universidades, que consiste en «darles la plata y que no rindan cuentas a nadie«. «Como sociedad debemos exigirles resultados» con respecto a «un plan de desarrollo y de objetivos comunes», sostiene el exmandatario ecuatoriano.

Leonel Fernández, expresidente de la República Dominicana
«En América Latina, el sector privado no aporta nada a la investigación, desarrollo e innovación»Leonel Fernández, expresidente de la República Dominicana

Por su parte, Leonel Fernández alude al presente centenario de la reforma de la Universidad de Córdoba y glosa brevemente la importancia histórica de aquel acontecimiento antes de dar su particular diagnóstico de los problemas que ha sufrido la educación en América desde entonces: el «predominio de dictaduras y gobiernos represivos«, lo que propició que los centros universitarios se convirtieran en «el refugio ideológico de la gente que estaba en el movimiento progresista, que estaba por la democratización de nuestros pueblos». Eso produjo, según el expresidente dominicano, «una desviación desde el punto de vista de la producción del conocimiento científico hacia una ideologización que encontraba su mayor sustento en el mundo universitario».

Otro problema más actual denunciado por Fernández es que, «en América Latina, el sector privado no aporta nada a la investigación, desarrollo e innovación». El político defiende que «la universidad debe dejar de ser un refugio ideológico para ir más hacia el avance del conocimiento y el avance de la ciencia» y orientar el rumbo del cambio hacia «un mayor crecimiento económico» y a una obligada «sostenibilidad».

Leonel Fernández, expresidente de la República Dominicana
«El contacto con las universidades españolas ha tenido un impacto muy positivo en el alumnado latinoamericano»Leonel Fernández, expresidente de la República Dominicana

A continuación, Correa afirma que «América Latina es un productor marginal de ciencia y tecnología» y asume que, desde su punto de vista, esto «no es solo problema de presupuesto ni de armonización de políticas ni de coordinación», sino «un problema cultural«. El expresidente de Ecuador incide también en la carencia de una cultura del esfuerzo. «En América Latina, a veces queremos obtener el título sin siquiera asistir a clase», lamenta.

A su vez, Fernández señala otro déficit del sistema educativo universitario en la región: «Muchas veces, al acabar una licenciatura, no se tienen las herramientas necesarias para insertarse en el mercado laboral», y concluye al respecto que «no hay conexión entre la universidad y la sociedad en sentido general. Estas es una de las fallas que tenemos que ir corrigiendo».

Entre las ventajas que ofrece la actualidad del mundo universitario, Fernández se refiere a lo que denomina «la internacionalización«.

Leonel Fernández, expresidente de la República Dominicana
«Hay que ver la universidad al servicio de un desarrollo sostenible y repensar desde ella la erradicación del hambre y la pobreza».Leonel Fernández, expresidente de la República Dominicana

«Las universidades, para poder progresar, tienen que intercambiar con otras a nivel internacional», asegura el expresidente de la República Dominicana, que indica a continuación que el contacto con las universidades españolas ha tenido un impacto muy positivo en el alumnado latinoamericano, en especial, entre los estudiantes que han podido estudiar en el extranjero. «Ese estudiante se transforma y desarrolla mentalidad global» añade.

No obstante, en una fase más avanzada de la charla, Correa señala: «si no cambiamos el ámbito académico de América Latina y no exigimos más, no saldremos del estancamiento actual». Por su parte, Fernández explica que «hay que ver la universidad al servicio de un desarrollo sostenible y repensar desde ella la erradicación del hambre y la pobreza«.

Durante el encuentro, Rafael Correa y Leonel Fernández profundizan también en otras cuestiones de actualidad y de gran interés, un diálogo que podrán ver en el video del programa que les ofrecemos aquí en su totalidad.

Fuente: https://actualidad.rt.com/programas/conversando-correa/282912-leonel-fernandez-correa-universidad-sociedad

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“La escuela es el mejor inicio para una sociedad inclusiva”. Entrevista a Efrén Carbonell

Entrevista/26 Julio 2018/Autor: Mar Domènech Bert/Fuente: El país

Entrevista a Efrén Carbonell, referente de la escuela inclusiva y comprometido desde hace años con la formación y la investigación para una educación de calidad para todos

En octubre hará un año de la aprobación en Catalunya del decreto de Escola Inclusiva. Este establece que todos los alumnos se escolaricen en centros ordinarios, y solo a petición de la familia en centros de educación especial los alumnos con necesidades asociadas a una discapacidad severa o profunda. Por eso, hemos querido entrevistar a Efrén Carbonell, asesor en materia de necesidades educativas especiales al Departament d’Ensenyament de la Generalitat de Catalunya y director de la Fundació ASPASIM de Barcelona, dedicada a los servicios educativos, laborales, residenciales y sociales para las personas con discapacidad. Además, desde 1996 forma parte del grupo de trabajo europeo FORMADIR para la integración de las personas con discapacidad.

PREGUNTA. ¿En pocas palabras cómo podemos definir el modelo de escuela inclusiva?

RESPUESTA. Es un modelo de escolarización donde todos los alumnos, sin exclusión alguna, se educan juntos en los centros educativos ordinarios. La inclusión es el mayor reto para las escuelas de todo el mundo y es el foco central de la Agenda 2030 para el desarrollo sostenible de Naciones Unidas.

P. La teoría suena muy bien, ¿pero en una sociedad perfeccionista, elitista y competitiva en la que vivimos funcionará el modelo de escuela inclusiva?

R. La educación es un derecho universal… y además, desde 2006 existe la Convención sobre los Derechos de las Personas con Discapacidad ratificada por la mayoría de estados miembros de Naciones Unidas. También resulta alentador y supone todo un reto querer romper con este modelo de sociedad que tiende a la segregación. La escuela es el mejor inicio para una sociedad inclusiva. Pero es importante que tengamos en cuenta que un alumno permanece en la escuela entre el 7% y el 12% de su tiempo, el resto está fuera de ella.

P. ¿Actualmente de qué herramientas disponen los centros para que esto sea posible?

R. El nuevo Decreto Educativo 150/2017 regula de una forma muy correcta los diferentes niveles de intensidad de apoyo que necesita cada alumno en función de sus NEAE (Necesidades Específicas de Apoyo Educativo). Se distinguen entre los soportes universales, los adicionales y los intensivos (estos corresponderían a un apoyo auditivo para un alumno sordo o a un velador para aquel que tiene algún problema de autonomía). Así, pasamos de una visión de déficit a una actuación educativa basada en los apoyos.

P. ¿Qué otros países hay como referentes/ejemplos a nivel internacional?

R. Los países anglosajones son un buen ejemplo y en el ámbito europeo vamos avanzando. Ahora ya no es momento de hablar de inclusión sí o inclusión no; ahora toca hablar de ¡Cómo la hacemos y que sea de calidad!

Ahora ya no es momento de hablar de inclusión sí o inclusión no; ahora toca hablar de ¡Cómo la hacemos y que sea de calidad!

P. ¿Qué valores surgen en una escuela inclusiva?

R. En una escuela inclusiva se cultivan y arraigan valores tales como la dignidad, el respeto, la comprensión, la empatía o la solidaridad. Los propios que irán definiendo una sociedad donde quepamos todos sin exclusión y en equidad.

P. ¿Cómo podemos educar, más allá de la escuela, una sociedad más inclusiva?

R. En esta lucha estamos todos aquellos que no solo creemos, sino que trabajamos en una educación para todos, sin discriminación de ningún tipo. No es que seamos unos soñadores idealistas, sencillamente nos mueve el deseo de construir una sociedad que abarque a TODOS… en el sentido más universal y global posible. Si no es así «la inclusión» pierde todo su significado, y se convierte en una palabra vacía más.

P. ¿Qué respuesta se tiene de la comunidad educativa ante este nuevo modelo? ¿Y por parte de las familias?

R. La inclusión no es una finalidad en sí misma, es más bien un proceso que pasa por diferentes momentos en función de cada centro. Las familias se tienen que agrupar y constituir en las propias AFAS de las escuelas, en comisiones de Atención a la diversidad y redes InterAFAS.

P. ¿Y los niños que dicen? ¿Podemos decir que la mirada del niño es la más inclusiva de todas?

R. La mirada del niño siempre es la verdadera, la que está limpia de prejuicios, tópicos y tabúes.

P. ¿Los niños con necesidades especiales encuentran en una escuela ordinaria todo el apoyo y atención especial?

R. Tenemos que partir de que las escuelas o espacios educativos existen porque hay niños-alumnos con diferentes velocidades de maduración, intereses, carácter, personalidad, condiciones de salud y estilos de aprendizaje distintos. Por eso, cada alumno debería tener esencialmente un nombre, no una etiqueta con más o menos niveles zaherimiento.

Es necesario, por tanto, proporcionar a los alumnos los medios para eliminar las barreras que puedan impedir su participación en los centros ordinarios y, en la medida de lo posible, dentro del grupo de referencia. De hecho, uno de los postulados esenciales de la escuela inclusiva precisa que los recursos acompañan al alumno, y no al revés. El alumno no debería ir donde están los servicios específicos como se sigue haciendo habitualmente.

Es necesario, por tanto, proporcionar a los alumnos los medios para eliminar las barreras que puedan impedir su participación en los centros ordinarios

P. ¿Se está preparado con respecto a profesorado y recursos?

R. En la actualidad se han puesto en marcha diferentes planes de formación del profesorado. Actualmente han recibido la formación básica la mitad de los maestros de educación especial.

P. Si cada niño / a tiene unas necesidades personales, ¿Cómo se puede hacer una educación inclusiva universal? ¿Cómo se personaliza esta inclusión?

R. El secreto está en empezar bien temprano desde las guarderías. La mirada del niño son las gafas que todos deberíamos ponernos. Si desde bien pequeños se empieza, al final absolutamente todo se normaliza. Como más grandes se hacen más difícil es esta normalización.

P. ¿Se puede mantener la inclusión en todas las etapas educativas? ¿Cómo?

R. Si partimos del grupo de referencia, se puede ir más allá del aula y del grupo de edad. También se tiene que tener en cuenta toda la escuela, las posibles interacciones y situaciones de aprendizaje que se pueden producir.

En este sentido, es importante tener presente que la enseñanza obligatoria es también la ESO. La calidad de la transición interetapas es esencial en la vida de cualquier niño/a, y muy positivo si el alumno va acompañado de los compañeros habituales de la Primaria.

P. ¿Cómo funciona la escolarización compartida entre escuela ordinaria y centros de educación especial?

R. Es evidente que los centros de educación especial, en el marco de la LEC y de la tradición pedagógica en nuestro país, deberían tener un papel capital para avanzar con firmeza hacia una escuela que responda a las necesidades educativas de todo el alumnado.

Estos espacios son un activo que no puede retraerse del proceso ni se puede ver conformado a unas prácticas de escolarización compartida en horario lectivo. Estos mantienen, con toda la buena fe y bondades del mundo, un modelo excluyente, discriminatorio y a veces pedagógicamente perverso. Y que además, merma capacidades de respuesta y procesos de cambio dentro de la escuela ordinaria. En la mayoría de casos es impensable la aplicación en el caso de los alumnos sin discapacidad.

P. Y a nivel económico, ¿poner en marcha este nuevo modelo educativo es posible?

R. Siempre serán necesarios más recursos, sin embargo, hay más cursos que recursos humanos. Esto provoca humanos con grandes recursos, y con necesidad de irse formando y preparando continuamente.

En los años ochenta, se diseñó toda una arquitectura de apoyo a las escuelas que, por aquel entonces, eran integradoras, con maestros de educación especial, EAP, etc.

Tenemos una gran red a rebosar de conocimiento. Ahora hay que activarla y gestionarla con altas dosis de eficiencia y efectividad.

P. Recientemente el Comité sobre Derechos de las Personas con discapacidades de la ONU ha sacado un informe en el que denuncia la violación sistemática que se produce en España sobre el derecho de los alumnos con discapacidad a recibir una educación inclusiva y de calidad. ¿En Cataluña qué dicen los colectivos con alguna necesidad especial – discapacidad? ¿Realmente se sienten incluidos?

R. El papel lo aguanta todo, pero ahora hay que cambiar actitudes y poner en marcha todo el potencial de conocimiento que existe en el mundo educativo para hacer avanzar este Derecho.

Imagen: http://www.educacio-inclusiva.net/wp-content/uploads/2014/05/efren-carbonell.jpg

Fuente: https://elpais.com/elpais/2018/07/18/mamas_papas/1531907328_876854.html

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Entrevista a José María Avilés, autor de ‘Educar en las redes sociales’. Es imperdonable que se usen los dispositivos móviles para apagar al niño.

Por: Marta Moreno. EDUCACIÓN 3.0. 25/07/2018

¿Son las redes sociales una competencia necesaria en la Educación? Hablamos con José María Avilés, autor de ‘Educar en las redes sociales’ (Desclée De Brouwer), un libro que presenta un programa para introducir esta competencia, tanto en las aulas como en casa.

Aboga por incluir en las aulas y en familia la educación en tecnologías digitales y redes sociales.

¿Qué beneficios supone para el alumno, tanto a nivel académico como personal?

Esta educación aporta al niño criterio para tomar decisiones acertadas, tanto para sí mismo como para los demás. Debemos educar en el manejo adecuado de las redes. Si las familias los ayudan a comportarse en la vida real, también deben hacerlo en la virtual, ya que no dista mucho una de la otra.

¿En qué consiste el programa PRIRES?

El programa es una propuesta tanto organizativa como curricular. Decimos que es colaborativa porque pone en marcha un sistema organizativo que permite trabajar en conjunto a los tres los elementos básicos de las comunidades educativas: familia, profesorado y alumnos.

Este sistema permite poner de acuerdo a los tres sectores para que se trabajen juntos a través de la puesta en marcha de las 57 actividades que plantea el libro. Estas actividades proponen crear el plan de acción tutorial en el que los centros programan ejercicios en el nivel que ellos establecen, según los cursos. Durante las clases, el profesorado implicado, las familias y los alumnos desarrollan actividades de manera conjunta.

Dentro del programa existe el apartado de cibermentorías.

¿En qué consisten exactamente?

Son chicos y chicas de cursos superiores que han pasado antes por otros sistemas de apoyo entre iguales, han sido mediadores de equipos de ayuda de trabajo en convivencia y son seleccionados para una actividad: acompañar a los más pequeños en su relación con las redes sociales. Estos chicos se muestran como referentes, ya que los más pequeños pueden tener problemas o dudas que no sepan resolver.

¿Qué riesgos morales conlleva un mal uso de las redes sociales?

Cuando usas las redes sociales, estás actuando a través de una pantalla donde nadie te ve. El riesgo moral viene cuando el niño no establece en la red los mismos criterios de privacidad, respeto, convivencia democrática o seguridad que establecería en el mundo real. Por lo tanto, es necesario conformar una serie de pautas que permitan a los niños comportarse de la misma forma que se comportarían el mundo real sin que necesiten tener un control parental continuamente.

¿Qué competencias se espera que adquieran los alumnos después de participar en el programa PRIRES?

En general el programa pretende construir un abanico de competencias que ayuden al niño a manejarse en las redes con responsabilidad y salud. Dentro de estas competencias podrían destacarse:

  • Preservar la privacidad
  • Construir una identidad adecuada
  • Comunicar de la forma adecuada
  • Anticipar consecuencias antes de apretar al botón
  • Ser capaces de mostrar las emociones
  • Autoprotección

¿Cómo ha recibido la comunidad educativa la propuesta?

Se ha recibido con los brazos abiertos porque era necesaria. La comunidad educativa pedía a gritos un programa que otorgase, tanto a padres como al profesorado, el papel protagonista que tienen en la educación digital de los niños. Bajo mi punto de vista es un error estratégico pensar que la Policía y las Fuerzas de Seguridad van a educar a los chicos en esto.

Esta competencia se debe cubrir en las aulas y en casa. Debemos tener muy presente que no por ser nativos digitales tienen las competencias digitales necesarias. Deben ayudarlos a que se eduquen esas competencias.

Pautas para el buen uso de las redes sociales en adolescentes

El libro trabaja algunos aspectos que, desde mi punto de vista, son relevantes para llevar a cabo esa educación en las redes sociales:

  • Privacidad: deben cuidarla porque en las redes cada vez está más limitada. Hay que educar a los chicos para que tengan conciencia y saber qué dicen, tanto en espacios públicos como en privados.
  • Control: debemos hacerles ver que cuando suben algo a la web, pierden  el control sobre ello.
  • Identidad: lo que compartimos en redes, los comentarios que dejamos, los likes que damos,… todo constituye un mosaico que dibuja nuestra identidad en un sentido u otro. Deben ser, por tanto, conscientes de qué imagen están dando porque en un futuro, cualquier usuario puede rastrear y cuestionar cosas que en un momento no creíamos importantes para nosotros.
  • Comunicación: debemos mostrarles qué comunicar, cuándo hacerlo y a quién hacerlo. Es primordial transmitirles que no se pueden comunicar con un desconocido igual que con un familiar .
  • Comunicación en emociones: también es muy importante que los niños aprendan qué comunican con cada emoticono. Saber en qué matices deben fijarse para establecer los dobles sentidos que aporta la comunicación no verbal e interpretarlos de la forma correcta.
  • Pensamiento consecuencial: hay que anticipar las consecuencias antes de tomar decisiones.
  • Autorregulación: tienen que aprender a regular lo que muestran y dicen en redes sociales. ¿Por un like vale cualquier cosa?

¿Cuál es la edad recomendada para que los niños tengan su primer móvil?

No existe una edad establecida para comprar el primer móvil. Lo que los padres deben tener en cuenta es que cuando dejen al niño con una pantalla, siempre tienen que tener el acompañamiento adulto. Es imperdonable que se usen los dispositivos móviles para “apagar al niño”. Si el niño usa el dispositivo tiene que tener un referente adulto que le ayude a ser crítico y tomar pautas.

Además, conviene hacer un análisis de la necesidad psicológica que cubrirá el móvil. No debemos permitirles ni ofrecerles situaciones que en vez de beneficiarles, les estén perjudicando.

¿Qué criterios deben tener en cuenta los padres para comprar el primer teléfono móvil?

Hay que buscar criterios educativos. Para poder hacerlo, los padres deben razonar y entender las situaciones idóneas para comprar el primer móvil al niño. No deberíamos darle un móvil para cubrir unas necesidades que no tiene.

¿Cómo se puede prevenir desde la escuela el ciberacoso y el ciberbullying?

Uno de los objetivos de este libro es que sirva como un programa de prevención contra el ciberacoso.

Debemos hacer una educación preventiva contra esto. El discurso predominante debe ser un discurso de prevención, ya que sabemos que el silencio es el mejor aliado del ciberbullying. En ese sentido, hacer visible la necesidad de abordar este tema es algo fundamental.

Fuente: https://www.educaciontrespuntocero.com/entrevistas/es-imperdonable-que-se-usen-los-dispositivos-moviles-para-apagar-al-nino/86868.html

Fotografía: EDUCACIÓN 3.0

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