Page 2539 of 2676
1 2.537 2.538 2.539 2.540 2.541 2.676

Angola: O Ensino Primário em Angola no século XIX

Publicado Originalmente en Jornal de Angola por Filipe Zau(*)  el 27 de Setembro, 2011

A 10 de Outubro de 1864, uma portaria assinada pelo ministro da Marinha e Ultramar, José da Silva Mendes Leal, referia o seguinte: “Sendo as escolas primárias o alicerce e a base da instrução pública e um agente de civilização que, pelo seu influxo nos progressos humanos, deve merecer a mais esmerada solicitude e aturados desvelos a todas as autoridades, manda Sua Majestade El-Rei, pela Secretaria de Estado dos Negócios da Marinha e Ultramar, que o governador-geral da província de Angola, tomando na maior consideração quanto respeita a este assunto.

A 10 de Outubro de 1864, uma portaria assinada pelo ministro da Marinha e Ultramar, José da Silva Mendes Leal, referia o seguinte: “Sendo as escolas primárias o alicerce e a base da instrução pública e um agente de civilização que, pelo seu influxo nos progressos humanos, deve merecer a mais esmerada solicitude e aturados desvelos a todas as autoridades, manda Sua Majestade El-Rei, pela Secretaria de Estado dos Negócios da Marinha e Ultramar, que o governador-geral da província de Angola, tomando na maior consideração quanto respeita a este assunto, frequentemente, inspeccione e faça inspeccionar as escolas da província, para que nelas se cumpra o que determinam as leis, que de instruções convenientes, formule os regulamentos respectivos, faça as recomendações oportunas e adopte todos os meios eficazes para que nas ditas escolas se estabeleça um regime carinhoso e atractivo, que trate ao mesmo tempo de instituir pequenos prémios para os alunos que se distinguirem e, finalmente, que acerca de tudo isto informe assiduamente, bem como no que se refere ao mérito, capacidade e diligência dos professores”.

No dia 25 de Janeiro de 1865, o governador-geral acusava recepção da portaria, comprometia-se a envidar todos os esforços e a utilizar todos os meios que estivesse ao seu alcance, para executar as ordens que havia recebido. De certo modo, a partir de meados do século XIX, a política portuguesa começou a modificar-se. Isto porque partiu do princípio que, educando os autóctones na base de uma mentalidade europeia, melhor preservava as colónias. Por outro lado, verificou que a perseguição às missões, levantava outro tipo de problemas, que não deixavam de se reflectir no conjunto dos problemas nacionais. Nesta conformidade, em 1871 chegaram a Angola os primeiros cinco sacerdotes goeses, dos 23 sacerdotes indianos que, naquela altura, exerceram actividade missionária em Angola.

A 3 de Junho de 1876, o Dr. Alfredo Troni, ilustre advogado de Luanda, recebeu a incumbência de inspeccionar as escolas da cidade, por parte do governador-geral Caetano Alexandre de Almeida e Albuquerque. Devia informá-lo sobre o conhecimento e competência dos mestres, métodos de ensino adoptados, grau de aproveitamento dos alunos, estado físico das escolas, condições oferecidas pelos edifícios, utilização prática dos meios de que cada escola dispunha… Alfredo Troni, autor da novela “Nga Mutúri” faleceu na cidade de Luanda em 1904, tendo deixado o nome ligado ao desenvolvimento cultural angolano. Em 1913, os seus herdeiros fizeram a entrega de 3.273 volumes da biblioteca particular de seu pai para serem incorporados ao recheio da Biblioteca Municipal da cidade de Luanda.
Poder dizer-se que a escola secundária existia, teoricamente, em Angola, desde 14 de Agosto de 1845, através da Escola Principal de Luanda. Na prática, era uma escola de ensino primário complementar, com vocação profissional, pois estava dirigida à preparação de futuros professores. O seu programa previa o ensino da Gramática Portuguesa, Geometria, Desenho e Escrituração Comercial. Desde 1772, funcionava também neste estabelecimento de ensino, com bastante irregularidade, a aula de latim, também conhecida por aula de gramática latina, especificamente frequentada por aqueles que desejavam seguir a vida eclesiástica. Esta escola veio mais tarde a alargar o leque de disciplinas, passando também a ministrar, francês ou inglês, História Universal, geografia mundial, matemática, física e economia política. Mas foi nesta fase que mais decaiu, chegando, a dada altura, a fechar portas, apesar de haver professores em exercício.

Em 1867, foi nomeada uma comissão encarregada de elaborar o regulamento para a Escola Principal de Luanda, chegando mesmo a pensar-se em estabelecer um internato, que permitisse ministrar a instrução e fornecer alimentação e meios de ensino a todos os alunos em situação de carência. “Apontava o interesse que tinha para o país a difusão da língua portuguesa, prejudicada pelo uso corrente dos idiomas nativos, sobretudo a língua bunda, que exercia profunda influência social.” Por outro lado, havia muitas crianças com dificuldade na aquisição de material escolar, algumas delas órfãs.

Se considerarmos colono, o indivíduo que sai da Europa com a intenção de viver permanentemente na colónia – não sendo portanto, soldado, degredado ou membro do serviço colonial – podemos então entender que a colonização portuguesa em Angola não começou antes de meados do século XIX (1849-1851), altura em que cerca de 500 “brasileiros” chegaram ao porto de Moçâmedes (Namibe). No entanto, isso aconteceu por se ter dado, entre 1847-1848, uma insurreição armada na cidade brasileira de Pernambuco. Angola, segundo Gerald Bender, não era, naquela altura, suficientemente atractiva para os portugueses vindos da Europa ou do Brasil. Logo, para que este primeiro processo de colonização pudesse resultar com alguma eficácia, teve o governo de usar métodos de intervenção directa, fornecendo passagens grátis para Angola. Uma vez chegados, era-lhes dado terra, habitação, animais, sementes e subsídios. A este processo chamou-se “colonização dirigida”. De entre as causas impeditivas do desenvolvimento do ensino em Angola, ainda em meados do século XIX, está certamente a escravatura, a dominação espanhola, a carência de um plano, a falta de acção dos governantes e a expulsão dos religiosos. Também para o laxismo colectivo em Portugal, na primeira metade do século XIX, haviam antes concorrido as invasões francesas, a divulgação das ideias liberais, a independência do Brasil, as guerras civis e as sucessivas revoluções que se registaram. Mas, sobretudo, deve realçar-se que a grande maioria dos emigrantes que partiram de Portugal para Angola eram em regra gente de baixo nível moral, com muitos degredados à mistura – massa rude, inculta, analfabeta, boçal, ambiciosa e cruel. Um exemplo deste facto aparece numa citação do governador e comandante-geral de Angola de 1764 a 1772, Sousa Coutinho: “ [Devemos] proibir, de uma vez para sempre, as penas que sobrecarregam este reino com prostitutas e degredados da pior espécie, [porque] a experiência de mais de dois séculos mostra que tais embarques foram inúteis e muitas vezes perigosos; (…) os seus vícios ganham raízes, gostam da ociosidade, estragam a sua saúde e morrem depressa. E através deste excesso da adversidade as suas mortes tornam-se mais úteis que as suas vidas.”

Um outro exemplo aparece na descrição de Joachin Monteiro, sobre Luanda, entre 1860-1870:

“Os mais selectos espécimens de facínoras e assassinos de grande quilate são enviados para Luanda para serem tratados com a maior consideração pelas autoridades. Ao chegarem à costa, alguns são alistados como soldados, mas aos assassinos mais importantes geralmente dá-se-lhes dinheiro e cartas de recomendação, para lhes garantir a sua liberdade instantânea, e eles começam por abrir tabernas, etc, onde roubam e vigarizam, tornando-se em poucos anos ricos e independentes e mesmo personagens influentes”.

Segundo Orlando Ribeiro, “Angola foi o principal lugar de degredo: no final do século XIX os degredados representavam 12 por cento da população branca, vivendo em Luanda numa liberdade surpreendente; muitos eram proprietários de casas de comidas. Nunca foi por diante o projecto de criar na Huíla uma colónia penal agrária. Só em 1932 cessou a remessa de condenados, umas vezes trabalhadores úteis, outras vezes, ociosos e turbulentos. Um relatório do governador-geral Sebastião Lopes de Calheiros e Meneses, datado de 31 de Janeiro de 1862, apresenta-nos, de certa forma, uma proposta de estratégia de desenvolvimento para Angola, de acordo com o pensamento da época. Atendendo ao facto deste relatório se nos apresentar um pouco longo, achámos por bem, retermo-nos apenas na sua parte final: “ (…) se é conveniente aceitar e aproveitar a instituição e autoridade dos sobas, é preciso também educá-los e aos seus macotas; é indispensável aportuguesá-los e, como meio poderoso de o conseguir, devemos ensinar-lhes a ler, escrever e contar, em português. Saibam português, quanto possível o grande de um sobado, que os pequenos o irão aprendendo. Se Portugal não pode, quase com certeza, criar aqui uma nação da sua raça, como criou do outro lado do Atlântico, ao menos eduque um povo que fale a sua língua e tenha mais ou menos a sua Religião e os seus costumes, a fim de lançar mais este cimento da causa da civilização do mundo e de tirar depois mais partido das suas relações e esforços humanitários. Dêmos, pois, aos pretos boas autoridades na pessoa dos chefes, bons mestres e directores nas pessoas dos padres, não imponhamos aos sobas senão a obrigação de dar soldados para a força militar e de ensinar a ler, escrever e contar a seus filhos e aos seus parentes e macotas, e deixemos que o tempo, a Religião e a instrução façam o seu dever.”

Em 1863, chegou a haver em Angola, 24 escolas primárias públicas, mas em 1869, o número baixaria para 16. De entre as principais razões, que contribuíram para o fracasso do ensino primário em Angola, podemos apontar as seguintes: “O perfil de saída dos alunos que frequentavam as escolas primárias era efectivamente fraco; os estudantes que se encontravam motivados para dar continuidade aos seus estudos acabavam por esmorecer e desistir; os conhecimentos adquiridos estavam desajustados das necessidades do meio, daí a escola não se tornar atractiva; as autoridades minoravam os problemas existentes, chegando a nomear professores sem que houvesse alunos.”

Em 1864, foi editada pelo angolano Manuel Alves de Castro Francina e por Saturnino de Sousa Oliveira, que tinha desempenhado a missão de cônsul-geral de Brasil, em Angola, a obra intitulada “Elementos Gramaticais da Língua N’Bundu”, que se dizia, na altura, ser o único compêndio gramatical de que se dispunha, para fazer o estudo do idioma qimbundo, vulgarmente designado naquele tempo por “idioma angolense”. Saturnino de Sousa e Oliveira organizou também um vocabulário da língua qimbundo, que foi editado pela Imprensa Nacional.

A 16 de Novembro de 1868, uma portaria ministerial aprovava a decisão do governador-geral, quanto à educação dos dois filhos do barão de Cabinda, Manuel José Puna, serem educados por conta do Estado. Ainda de acordo com Martins dos Santos, “este mostrou-se ser sempre muito dedicado a Portugal; deve-se-lhe em boa parte a integração das terras do enclave e distrito de Cabinda no conjunto do património territorial português, quando se desenrolou a famosa questão do Zaire. Abre-se aqui um parêntesis para, de acordo com Orlando Ribeiro, referir que “a República Democrática do Congo, nasceu de um conceito teórico de Geografia Política: um Estado tende a ocupar uma bacia hidrográfica e a buscar saída para o mar. Com 2.331.000 quilómetros quadrados é o mais vasto país da África negra, embora a bacia do Congo se estenda por 3.700.000 quilómetros. Para buscar um corredor de acesso ao Atlântico separou-se Cabinda do resto de Angola e o ex-Zaire, afinal, foi belga na margem direita e apenas na esquerda permaneceu português. Manuel José Puna havia sido educado no Rio de Janeiro a expensas do Governo de Portugal, já depois da independência do Brasil, o que aconteceu com outros naturais de Angola. Deslocou-se a Lisboa, em visita aos filhos, talvez em 1871, tendo sido gentilmente hospedado pelo monarca. Recebeu o baptismo na capital portuguesa, apadrinhando o acto o rei D. Luís e a rainha D. Maria Pia.”

Uma outra portaria ministerial de 3 de Dezembro do mesmo ano, comunicava que os dois educandos já haviam chegado a Lisboa e sido “confiados a um dos melhores estabelecimentos do ensino particular da capital portuguesa, a Escola Académica. Mais tarde regressaram às suas terras e exerceram as funções de professores do ensino primário. Um deles, Vicente Puna, mostrou possuir qualidades aceitáveis, ao contrário do irmão, João Puna, cujo comportamento mereceu críticas e até castigos.” Este último acabou por ser exonerado compulsivamente por ter sido acusado “de não cumprir as suas obrigações, abandonando a escola e dando mau exemplo de decoro e dignidade, não apresentava qualquer resultado do seu trabalho, pois lhe faltavam elementos indispensáveis para exercer o cargo, tendo qualidades más que dizia não ser capaz de coibir”.
Ainda por volta de 1868, Moçâmedes (Namibe), segundo dados oficiais da época, tinha 1.211 habitantes, sendo 837 escravos, 99 libertos e 275 indivíduos livres. Destes últimos, havia 210 pessoas de cor branca, os restantes eram negros ou mestiços. Já Luanda, segundo dados referentes a 18 de Janeiro de 1856, só em escravos tinha 14.124 que, segundo Martins dos Santos, “o comentador da situação reconhecia que era altamente desproporcional à população livre da cidade.”

* Ph. D em Ciências da Educação e Mestre em Relações Interculturais

Imagen tomada de: http://cdn2.portalangop.co.ao/angola/pt_pt/files/highlight/2015/11/53/0,68e0d36f-3407-4f42-8522-f513cd49da15.jpg

Comparte este contenido:

Salud laboral: la prevención del cáncer profesional

Europa/29 de Mayo de 2016/

Por: Jesús Uzkudum

Según la OMS (Organización Mundial de la Salud), el cáncer es la 2ª causa de muerte en la mayoría de los países desarrollados y principal causa de muerte en el trabajo. Se estiman unas 107.000 muertes anuales en el mundo, exclusivamente por la inhalación de fibras de amianto.

¡Ojo¡ No se puede olvidar, que existen otros cancerigenos laborales, a los que están expuestos un 24% de los trabajadores/as; en Euskadi, por el peso industrial, es probable que el porcentaje sea superior. Frente a los riesgos de estas sustancias, se requieren rigurosas medidas de prevención. Una asignatura pendiente para la mayoría de las empresas.

La IARC (Agencia Internacional de investigaciones sobre el Cáncer) reconoce 433 agentes cancerígenos, de los que aproximadamente la mitad están presentes en el ámbito laboral.

Además, define 18 procesos productivos como cancerigenos: producción de aluminio, fabricación de caucho, freír con alta temperatura, fundición de hierro o acero, trabajo nocturno … en todos ellos ha quedado demostrada la existencia de mayores índices de cáncer.

La exposición laboral a sustancias como amianto, sílice cristalina, polvo de maderas duras, humos de soldadura, cromo, hidrocarburos aromáticos, cloruro de vinilo,…etc., son causa de cientos de cánceres y graves enfermedades respiratorias, que anualmente se generan en nuestra Comunidad.

Conocer el riesgo y no implicarse en el reconocimiento del origen profesional de estás graves enfermedades profesionales es colaborar con el fraude y la ocultación existente por parte de las Mutuas. Ello supone, además, una burla a las victimas (que pierden la salud y las prestaciones económicas que les corresponden), evita la adopción de rigurosas medidas de prevención en las empresas y continua condenando a muertes prematuras a otros trabajadores.

Los cánceres profesionales son evitables, su prevención es posible, incluso, es fácil la sustitución de algunos cancerigenos. La legislación señala claramente, la obligación del empresario, para evitar o reducir el riesgo con rigurosas medidas preventivas. Obligación que viene siendo ignorada, con la colaboración de los Servicios de Prevención y la vista gorda de la Inspección de Trabajo.

Al parecer, la mayoría de las empresas y sus Mutuas, prefieren “la práctica del avestruz”, (tratando de ignorar el riesgo, para evitar futuras demandas judiciales de las victimas), mientras eluden asumir que la prevención es la opción mas rentable para las victimas, empresas y el conjunto de la sociedad.

Para la Comisión europea, el cáncer profesional, es la 1ª causa de mortalidad laboral, atribuyendo a la misma el 53% de las muertes en el trabajo. Por cierto, unas cifras muy diferentes a las aquí registradas (El CEPROSS registra en los 4 primeros meses de 2016, 10 cánceres y el 40% de ellos en Euskadi), dejando al descubierto la inhumana ocultación del origen laboral de las enfermedades.

Ante la gravedad del problema, la Comisión europa legisla para la mejora de la protección de trabajadores y trabajadoras ante estás sustancias, modificando la Directiva 2004/37/CE sobre Carcinógenos y Mutágenos, reduciendo los niveles de concentración máxima permisibles a 13 cancerigenos (Sílice, Cromo, Cloruro de Vinilo, Polvo de madera, Fibras cerámicas,…) en los lugares de trabajo. Aunque el nivel de seguridad, frente a un cancerigeno, es 0 de exposición, reducir la exposición supone un avance. Esa exigencia de reducción es necesario trasladarla ahora a las empresas.

Para la Comisaría Europea de Empleo y Asuntos Sociales, Marianne Thyssen: “El cáncer tiene repercusiones devastadoras en los trabajadores, las familias, la industria y la sociedad”. Con la modificación prevista de la Directiva, “Se salvarían cien mil vidas en los próximos 50 años”.

Decenas de miles de trabajadores/as continúan expuestos a sustancias cancerigenas en su trabajo, con el agravante de una escasa adopción de medidas de prevención. Por otro lado, nadie persigue con contundencia las infracciones preventivas de carácter criminal.

Resulta incompresible que las Autoridades Sanitarias continúen dando importancia exclusiva en sus campañas a los hábitos individuales de vida de los trabajadores, olvidando la intensa exposición a cancerigenos en el trabajo, precisamente donde más fácil y eficaces pueden ser las medidas preventivas contra la epidemia de cáncer y las enfermedades respiratorias.

Si alguien tenía dudas, múltiples sentencias judiciales demuestran como las empresas han incumplido la legislación vigente desde hace medio siglo. La legislación establecía: “El aire de los locales de trabajo y anexos, se mantendrá en un grado de pureza tal que no resulte nocivo a la salud del personal y cuando pueda llegar a serlo, se dispondrá de analizadores e indicadores de su composición, imponiéndose medidas preventivas”. Asimismo, desde 1961, se imponía (la necesidad de medir y reducir) los niveles máximos de concentración de partículas de Amianto y Sílice en los lugares de trabajo. Es cierto, como luego se ha demostrado, que dichos niveles de concentración no garantizaban la protección de la salud; pero aun así, de aplicarse, se hubiera reducido la actual epidemia de cáncer y enfermedades respiratorias.

Las empresas incumplieron con descaro las Leyes de Seguridad e Higiene, incluso la más elemental medida preventiva, como “lavar la ropa de trabajo”, para evitar el traslado del riesgo al domicilio.

Si las empresas continuan incumpliendo la legislación preventiva frente a los cancerigenos, sin vigilancia sanitaria adecuada del personal expuesto, la Autoridad laboral debería perseguir a los responsables, aplicando castigos ejemplares, incluida la legislación penal. Hay demasiadas vidas en juego para seguir mirando hacia otro lado.

Finalmente, considero necesario animar a los trabajadores/as y delegados/as sindicales, que aun teniendo en cuenta las dificultades para la acción sindical introducidas por la reforma laboral, a que se impliquen más que nunca en la defensa de la salud laboral, el control de las sustancias y hagan visible el indiscutible origen profesional de la epidemia de cáncer pulmonar y enfermedades respiratorias. Necesitamos recuperar el proverbio: “Piensa mal y acertaras” cuando un compañero o jubilado enferma de cáncer, tras haber estado expuesto a tóxicos laborales.

Reconocer el origen profesional del cáncer cuando afecta a un compañero o amigo, unido a la exigencia de compensación, es la mejor garantía para que se adopten medidas preventivas y se sustituyan las sustancias cancerigenas en el ámbito laboral.

Fuente: http://www.sinpermiso.info/textos/salud-laboral-la-prevencion-del-cancer-profesional

Comparte este contenido:

La globalización amenaza las expresiones culturales latinoamericanas

Perú/ 29 de Mayo de 2016/El Diario. es

Entrevista a: Silvia Rosa Martínez.

Las expresiones culturales latinoamericanas están siendo amenazadas por la globalización y las nuevas tecnologías, lo que genera la grave consecuencia de que los pueblos estén comenzando a perder su identidad, afirmó la experta peruana en Patrimonio Cultural Inmaterial, Silvia Rosa Martínez.

En una entrevista con Efe, la directora ejecutiva del Centro Regional para la Salvaguardia del Patrimonio Cultural Inmaterial para América Latina (Crespial) afirmó que la cultura es un componente importante para sostener la diversidad, pero que la globalización está acabando con ella.

 «Todas las expresiones culturales están amenazadas en el futuro por la globalización. La homogeneización de la cultura por las distintas tecnologías van a hacer que algunas prácticas se pierdan con el tiempo», destacó la peruana Martínez.

Según la experta, la modernización lo que ha traído es la homogeneización de la cultura, lo que significa que muchos elementos se parecen, como por ejemplo, la artesanía local que se produce en Costa Rica son objetos que se pueden encontrar en Chile, Argentina, Perú, o hasta son hechos en China o Taiwán.

«En todas las ferias venden lo mismo, los chicos consumen lo mismo, eso genera que se empiece a perder eso que nos identificaba, eso que nos hacía diferentes, y nos vamos pareciendo mucho más, por lo que también vamos perdiendo el valor y el respeto a la diferencia, a la diversidad cultural», dijo Martínez.

La directora ejecutiva de Crespial se encuentra en Costa Rica como invitada especial del Ministerio de Cultura y Juventud para que imparta un taller sobre la sensibilización, identificación y expresiones del Patrimonio Cultural Intangible costarricense.

El Crespial, con sede en Perú, es un centro de categoría dos de la Organización de las Naciones Unidas para la Educación, la Ciencia y la Cultura (Unesco) que está dedicado a fortalecer las capacidades para que los países puedan potenciar su patrimonio inmaterial por medio de espacios educativos, cursos, capacitaciones, intercambio de experiencias y espacios de difusión.

El Patrimonio Cultural Inmaterial abarca todas aquellas expresiones culturales que son parte de la identidad de un país, de una región o de un pueblo y que buscan ser heredades en el futuro. Un patrimonio cultural vivo.

Algunos de los ejemplos más populares son el tango, danza característica de Argentina; el carnaval de Barranquilla, la fiesta cultural más importante de Colombia; el círculo de capoeira, una práctica de lucha y danza afrobrasileña; o el carnaval de Oruro, la máxima representación de las festividades en Bolivia.

Aunque también existen otras expresiones menos reconocidas como el boyeo, un desfile de carretas con sus respectivos bueyes que se realiza en la zona rural de Costa Rica, así como la ceremonia de la Nan Pa’ch, un ritual de veneración del maíz en Guatemala, o el tradicional tejido del sombrero de paja toquilla, que realizan los agricultores del litoral de Ecuador.

«Hay algunas tradiciones culturales que vemos como ‘simples’ pero no nos damos cuenta que generan un paisaje cultural en el cual el país se ve beneficiado. El mundo está pensando en la economía con el valor agregado, si no contamos con el valor agregado no tenemos cómo competir, pero ese valor agregado es el cultural. El problema es que la gente quiere consumir envasados», manifestó la peruana.

De esta forma el patrimonio cultural no se limita a monumentos, colecciones de objetos o infraestructura, sino que comprende tradiciones heredadas como las artes del espectáculo, usos sociales, rituales, actos festivos, conocimientos y prácticas relativos a la naturaleza y el universo, y saberes y técnicas vinculados a la artesanía tradicional.

«Es un patrimonio vivo pero que consideras que es identitario y quieres que continúe. Sin embargo, Unesco no va a promover todas las expresiones culturales, sino que va a tratar de buscar aquellas que refuerzan la paz mundial o valores éticos sin discriminación racial», manifestó la peruana.

Para Martínez hay mucho retos para los Estados y la misma sociedad, entre ellos, salvaguardar al Patrimonio Cultural Inmaterial, conversar sobre prácticas tradicionales, generar más discursos sobre los beneficios y realizar más estudios e investigación.

Datos de la Unesco indican que actualmente hay 391 expresiones culturales que forman parte del Patrimonio Cultural Inmaterial de la Humanidad, de ellas, el 11 % requiere medidas urgentes de salvaguardia y solamente el 3 % tiene acciones para su protección.

Fuente: http://www.eldiario.es/cultura/globalizacion-amenaza-expresiones-culturales-latinoamericanas_0_521098250.html

Fuente de la Imagen: https://www.google.co.ve/search?q=amenaza+a+expresiones+culturales&client=firefox-b-ab&biw=1024&bih=489&tbm=isch&source=lnms&sa=X&ved=0ahUKEwiio679ooDNAhUIGh4KHbesAE4Q_AUIBigB#imgrc=5vdN4J0nX5toqM%3A

 

Comparte este contenido:

Aumento del riesgo corporativo en América Latina: En la cuerda floja

Por: Carlos Caceres y Fabiano Rodrigues Bastos

El rápido incremento de la deuda corporativa en América Latina —estimulada por la abundancia de divisas a bajo precio en la última década— ha contribuido a incrementar el riesgo corporativo. La deuda total de las empresas no financieras de la región creció de USD 170.000 millones en 2010 a USD 383.000 millones en 2015. Con la desaceleración del crecimiento potencial en los distintos países de la región, en línea con el final del superciclo de los productos básicos, les será más difícil a las empresas operar con una mayor carga de deuda y márgenes de seguridad reducidos.

En este contexto, las empresas de América Latina se encuentran sobre una cuerda floja. Dado que las condiciones del financiamiento externo se han endurecido, el cruce hacia el otro lado —que deberá realizarse principalmente por medio del ajuste y el desapalancamiento—, aunque necesario, se ha vuelto más riesgoso. Después de haber avanzado un buen tramo, el cruce ha cobrado una mayor peligrosidad a causa de los fuertes vientos en contra, como la desaceleración mundial de la demanda y episodios de volatilidad de mercado exacerbada.

En nuestro último informe regional , y en un documento de trabajo complementario, analizamos más a fondo los factores que generaron riesgo corporativo en América Latina en la década pasada. Utilizamos información financiera de cerca de 500 empresas no financieras que cotizan en bolsa de entre 2005 y 2015 en siete de las economías más importantes: Argentina, Brasil, Chile, Colombia, México, Panamá y Perú. Luego, estudiamos los principales factores que impulsan la dinámica del riesgo corporativo en la región. Analizamos las condiciones al nivel de la empresa, a nivel de los países y a nivel mundial, y los factores que contribuyeron al último aumento del riesgo corporativo.

Señales de alarma

Los datos indican que el riesgo corporativo reflejado en el aumento de los diferenciales de los swaps de incumplimiento del deudor (CDS, por sus siglas en inglés) se incrementó, en efecto, en 2014–15 (véase el gráfico 1), aunque solo en los casos de Argentina y Brasil se acercó a los niveles observados durante la crisis financiera mundial. Aunque no sorprenda, el año en que la mayoría de los precios de las materias primas alcanzaron su nivel máximo (2011) marca el inicio de las diferencias de riesgo entre los países, ampliándose de manera continua desde fines de 2014.

SPA Corporate Risk Chart 1

Nuestros resultados indican lo siguiente:

  • Todas las dimensiones —empresarial, interna y mundial— son relevantes, aunque en distintos grados y con distintas implicancias para cada país. En líneas generales, los factores macroeconómicos internos, en particular el ritmo de la depreciación de la moneda y los cambios en los diferenciales de los bonos soberanos, constituyen factores directos clave que generan una presión al alza sobre el riesgo corporativo desde 2011 (véase el gráfico 2).

SPA Corporate Risk Chart 2

  • Las condiciones externas —en especial los indicadores de aversión al riesgo mundial (como el índice de volatilidad de mercado elaborado por el Mercado de Opciones de Chicago, o índice VIX)— constituyen un factor predominante del riesgo corporativo. Las pruebas de estrés indican que los shocks externos pueden provocar aumentos significativos del riesgo corporativo en la región: que va de 100 a casi 300 puntos básicos en caso de que el crecimiento del índice VIX sea solo la mitad del máximo observado durante la crisis financiera mundial.
  • Los factores macroeconómicos y políticos internos han tenido un rol de particular importancia en las presiones al alza sobre el riesgo corporativo en Argentina y Brasil a través de la depreciación acelerada del tipo de cambio y de una ampliación de los diferenciales de los CDS soberanos, reflejo de considerables desequilibrios macroeconómicos (véase el gráfico 3). El aumento de las vulnerabilidades corporativas en Colombia se ha visto impulsado por la profunda depreciación cambiaria y por el deterioro de la situación a nivel de las empresas. Esto último ha generado presión al alza sobre los diferenciales de los bonos corporativos en Perú. En cambio, Chile, México y Panamá han experimentado presiones mucho más leves sobre el riesgo corporativo dados sus factores internos relacionados con la situación económica.
  • En todas estas economías más importantes de América Latina, las condiciones financieras mundiales benignas (en particular, la baja volatilidad de mercado) han ayudado a contener el riesgo corporativo a pesar del ritmo más lento de la demanda externa y la caída de los precios de las materias primas.

SPA Corporate Risk Chart 3

Minimizar el riesgo

La solidez de los marcos políticos es importante para el riesgo corporativo. En efecto, dado el fuerte vínculo entre los diferenciales de los bonos corporativos y de los bonos soberanos, la estabilidad macroeconómica y la credibilidad de las políticas son una defensa importante frente a las presiones adicionales sobre los diferenciales de los bonos corporativos. Por ejemplo, es fundamental controlar los riesgos de la sostenibilidad fiscal y la inflación, en especial en Argentina y Brasil, a fin de contener el riesgo corporativo.

Sin embargo, dada la importancia de los factores mundiales que impulsan el riesgo corporativo interno, puede ser que la ejecución de políticas macroeconómicas sólidas no sean suficientes; también es imperativo apoyar ajustes microeconómicos subyacentes. Eso significa promover la capacidad de las empresas de realizar los ajustes necesarios. En particular, el desapalancamiento ordenado por medio de soluciones de mercado debe constituir la primera línea de defensa en las empresas más endeudadas. No debe utilizarse capital del sector público para evitar los ajustes necesarios en el sector empresarial. En el caso de las empresas insolventes, la reestructuración y la legislación sobre quiebras deben minimizar tanto los costos administrativos como las pérdidas económicas relacionadas con los incumplimientos.

Por último, es de vital importancia mejorar el seguimiento y la supervisión y poner en marcha políticas macroprudenciales bien orientadas a fin de aliviar los riesgos y efectos derrame, especialmente en el sistema financiero. Las autoridades deben vigilar de cerca los balances de las empresas y flujos de ingreso, particularmente los de las empresas no financieras que revisten importancia sistémica. Las entidades de regulación financiera también tienen un rol clave. La adecuada supervisión consolidada, particularmente en casos de estrecha interrelación entre empresas financieras y no financieras, sigue siendo una herramienta fundamental para mitigar el riesgo.

*Articulo tomado de: http://blog-dialogoafondo.org/?p=6588

*Fuente de la imagen: http://maribelpd.blogspot.com/2011/04/el-riesgo-financiero-y-sus-diferentes.html

Comparte este contenido:

Tratar al público como a niños de once años

Por: Jorge Riechmann

Ah, madurar –la vieja intimación de la Ilustración europea: salir de la minoría de edad de la que nosotros, nosotras mismas somos a la postre responsables…[1]

Hay algo profundamente pueril en las fantasías de omnipotencia en las que nos regodeamos, colectivamente, los habitantes de las sociedades industrializadas.[2] La fantasía infantil de movilidad absoluta e instantánea (la alfombra o la escoba voladora, el deseo que instantáneamente nos transporta a otro lugar o tiempo) la persiguen el fabricante de automóviles y el planificador del transporte. La fantasía infantil de la inmortalidad, de la juventud perfecta, de la curación instantánea, la persiguen por igual el personal sanitario, la industria cosmética y los ingenieros genéticos. La fantasía infantil de la abundancia inagotable y eterna (Jauja, Cornucopia) está escrita en los estandartes de la sociedad de consumo.

Leí hace años en una entrevista con Chicho Ibáñez Serrador, el popular realizador televisivo, una cosa que me impresionó bastante. (Lo impresionante no era el contenido de su afirmación, sino el momento de sinceridad: se estaba diciendo lo que no debía decirse. Se hacía pública una de las verdades centrales de nuestra sociedad, verdad que –para que no se conmuevan los cimientos de la dominación– no puede admitirse que lo sea.) Ibáñez Serrador dijo que, en su trabajo –crear televisión–, él tenía que suponer que se dirigía a chavales de trece o catorce años de edad; tenía que tratar a todo su público como a niños y nunca como a adultos.

Desde entonces, la cosa ha ido a peor. Hoy, una de las reglas básicas en las campañas electorales convertidas en reality shows dice: no subestimar nunca la ignorancia del votante. “La mentira y la exageración han caracterizado las campañas de Donald Trump y Boris Johnson pero Trump ha llevado su menosprecio por el electorado más lejos, limitándose a utilizar lenguaje infantil en sus discursos, declaraciones y tuiteos. Su palabra favorita es yo, la cuarta que más utiliza es Trump, y entre las 13 más utilizadas están perdedor, perdedor total, idiotas, tontos y estúpidos. Un estudio detallado hecho por una universidad de Estados Unidos ha concluido que el vocabulario y la gramática de Trump corresponden a la forma habitual de hablar de niños de once años o menos…”[3]

Enorme es la presión para que no lleguemos nunca a ser adultos, o al menos nos comportemos como niños en los asuntos que nos atañen a todos. (Y con demasiada frecuencia nos plegamos fácilmente a esa presión, abdicamos de nuestra responsabilidad, esquivamos el comprometernos con nuestras propias vidas.) Asistimos a la destrucción del uso público de la razón. Paul Valéry afirmó en cierta ocasión que la política era el arte de mantener a la gente apartada de los asuntos que verdaderamente les concernían: tal es la definición de política que hoy se pone cotidianamente en práctica, a veces cínicamente, a veces ni eso.

“Es verdad que las gentes de hoy en día no creen en la posibilidad de una sociedad autogobernada y esto hace que una tal sociedad sea, hoy, imposible. No creen porque no quieren creer, y no lo quieren creer porque no lo creen. Pero si en alguna ocasión empiezan a quererlo, entonces lo creerán y podrán.”[4]

Quien dice: “los seres humanos son como son, y por ser así su naturaleza nunca se podrá construir con ellos un orden social distinto”, es el mismo que tiene en sus manos el poder (los resortes de socialización, los recursos económicos, los medios de formación de masas, etc) para hacer que los seres humanos sean “como son” –y no distintos.

Quien afirma que no hay alternativas es el mismo que tiene el poder para destruirlas. (Aquel dibujo de no sé qué humorista gráfico. Una voz desde lo alto sentencia: “No estáis preparados para la democracia”. El hombrecillo pregunta: “¿Cómo lo saben?” La voz: “Porque hemos consagrado a ello lo mejor de nuestros esfuerzos”.)

[1] Immanuel Kant, en su celebérrimo opúsculo Qué es la Ilustración, argumentaba: “La Ilustración es la salida del hombre de su autoculpable minoría de edad. La minoría de edad significa la incapacidad de servirse de su propio entendimiento sin la guía de otro. Uno mismo es culpable de esta minoría de edad cuando la causa de ella no reside en la carencia de entendimiento, sino en la falta de decisión y valor para servirse por sí mismo de él sin la guía de otro. Sapere aude! [¡Atrévete a saber!] ¡Ten valor de servirte de tu propio entendimiento!, he aquí el lema de la Ilustración…”

[2] Recupero aquí un fragmento de mi texto inicial en Jorge Riechmann (coord.), Necesitar, desear, vivir, Catarata, Madrid 1998, p. 35-36.

[3] John Carlin, “El salto a la modernidad”, El País, 23 de mayo de 2016; http://internacional.elpais.com/internacional/2016/05/22/actualidad/1463923563_855703.html

[4]  Cornelius Castoriadis: “Una sociedad a la deriva” (entrevista). Archipiélago 17, Madrid 1994, p. 109.

– See more at: http://tratarde.org/tratar-al-publico-como-a-ninos-de-once-anos/#sthash.8qrOg0sH.dpuf

Comparte este contenido:

El aprender-haciendo desde Tecnologías de Información Libres: Yenchi, una herramienta para seguimiento de violencia de género

Contexto

La violencia de género, más específicamente la dirigida contra la mujer sea ésta de origen intrafamiliar o no, en la actualidad como tema de indagación científica, más allá del morbo de los sucesos involucrados, está visibilizada en medios de comunicación gracias a labores de activistas de género.

Sin embargo, esta visibilización es desigual (simplificando los incidentes y normalizando las circunstancias) y en nuestro país no se cuenta aún con el apoyo de herramientas tecnológicas que permitan sistematizar la información y, además, acceder de modo público a ésta de forma fiable, completa, abierta y con acceso a las fuentes primarias y, al mismo tiempo, posibilite su manejo adecuado y su utilización para la construcción de políticas públicas eficaces de atención preventiva de las diferentes realidades involucradas en dicho proceso.

Como colectivo, ActivistasxSL se articula desde el año 2006 agrupando a desarrolladoras de software libre del país, convertidas en activistas en favor del software libre, con el propósito de avanzar hacia una progresiva feminización de quienes trabajan con Tecnologías de Información Libres (TIL) y, al mismo tiempo, hacia la divulgación de los aportes de las mujeres al sector tecnológico, y la apropiación de la tecnología por parte de quienes son activistas naturales de movimientos feministas en el país.

En el cumplimiento de estos cometidos, se han articulado dos Foros de Mujeres y Tecnologías de Información Libres (2011 y 2013) pero también se han realizado actividades para la inclusión tecnológica de mujeres con discapacidades diversas, aunque principalmente visuales, facilitándoles formación en tecnologías libres no sólo para su uso sino también para su apropiación. En retrospectiva es también destacable el avance en la visibilización nacional de compañeras que, desde las TIL, han hecho importantes aportes a desarrollos nacionales y su incorporación a puestos medios y directivos de departamentos y servicios de TIL en el Estado Venezolano.

Sin embargo, como activistas sensibilizadas hacia la causa feminista, y conscientes además del potencial innovador de las TIL y su carácter potenciador en la articulación de tareas colectivas, quedaba la deuda de aportar a la causa feminista desde nuestras áreas de competencia en tecnología, aportando una propuesta realizable y que permitiera, en suma, dar alguna respuesta a necesidades evidentes como la mencionada falta de información fiable sobre incidentes de violencia de género.

El proceso

Con ese propósito, el colectivo ActivistasxSL buscó conocer de primera mano los mecanismos oficiales de manejo de información en situaciones de violencia de género, a fin de investigar los modos en los cuales, desde las TIL podían hacerse aportes para ello.

De la indagación hecha con organismos oficiales, emergió la propuesta de aportar al servicio oficial de denuncia telefónica de agresiones, con una herramienta que permitiera hacer un seguimiento y detección de zonas geográficas con mayor incidencia por tipo de agresión. En términos técnicos, esta propuesta conduce a la construcción de un sistema de información geográfica.

Esta idea viene reforzada por una investigación exploratoria de carácter empírico a fin de conocer de aportes similares por parte de otros colectivos femeninos de tecnologías libres. Al respecto, se localizaron antecedentes muy interesantes de uso de herramientas de geolocalización para representación gráfica de zonas de mayor intensidad de hechos de violencia de género, destacándose experiencias en seguimiento de reportes de ciberacoso, el cual constituye un delito muy importante dado lo efímero de su traza y lo complicado de su rastreo para quien no está familiarizado con el uso de la tecnología.

Una forma pertinente de uso de herramientas de tecnologías de información libres, aplicadas al manejo de información de violencia de género, es a través del desarrollo de sistemas de información geográfica que faciliten la contextualización de los espacios geográficos en los cuales se evidencian estos hechos, mostrando no sólo la representación espacial de hechos delictivos, sino también información adicional que sea de utilidad en la construcción de interpretaciones y análisis posteriores con miras a su atención, mitigación y prevención.

Los Sistemas de Información Geográfica (SIG), son herramientas de apoyo a la visualización y tratamiento de información. En su aplicación, los SIG involucran la geolocalización, agrupan información, tecnologías, metodologías y protocolos para facilitar toda forma de almacenamiento, análisis y manejo de datos geográficos tomados de la realidad y relacionados con dos elementos: la vinculación espacial de los datos colectados y sus características resaltantes.

Por ello, la construcción de sistemas de información geográfica implica la vinculación directa de los datos con las tecnologías de información y comunicación, que facilitan la construcción de mapas e imágenes con información, y también su almacenamiento, análisis y procesamiento posterior.

La acción preventiva de la violencia de género y las tareas de asistencia inmediata y posterior a las víctimas emprendidas por instituciones oficiales y por activistas, también pueden beneficiarse, de la utilización de la tecnología y el conocimiento disponibles en cuanto al seguimiento geoespacial y situacional utilizando la tecnología y el conocimiento útil para tareas de seguridad, además de las tareas propias del ejercicio de la inteligencia de servicios policiales sensibilizados hacia el tema.

La evidencia recabada en el estudio preliminar hecho por ActivistasxSL, reveló la necesidad de aplicar políticas integrales de prevención y atención de la violencia de género, lo cual supone orquestar, conduciendo desde la perspectiva interinstitucional sensibilizada hacia esta realidad, diversas aristas de atención a los problemas identificados. Desde la perspectiva de los cuerpos de seguridad, esto pasa por el fortalecimiento y la profesionalización de éstos y supone también su familiarización y adiestramiento con el uso de tecnologías de información y comunicación. Desde la perspectiva de instituciones públicas, supone la sensibilización hacia el tema de la violencia de género como una realidad mucho más frecuente de lo que es admitido, lo cual supone además de una definición clara de políticas de manejo, digitalización y automatización de la información, la realización de tareas de sensibilización en estos temas dirigidos a la población en general y a funcionarios y funcionarias en particular.

La Propuesta

En vista de los hallazgos preliminares, tanto en temas de manejo oficial de información sobre violencia de género, como en cuanto a aportes hechos desde otros colectivos de activistas feministas de tecnologías de información libres, se plantea en ActivistasxSL la posibilidad de construir o reutilizar una herramienta de SIG libre para apoyar el proceso de manejo de información sobre hechos de violencia de género en nuestro país.

 

Es allí donde las experiencias acumuladas por las integrantes de ActivistasxSL en socialización, uso, desarrollo e implementación de plataformas de tecnologías de información libres, supusieron un valor agregado para la construcción de la propuesta. En específico, el manejo instrumental básico de una herramienta como Ushahidi (http://ushahidi.com) para la representación geoespacial de distintos sucesos, por parte de activistas del colectivo supuso un elemento de peso en la valoración de cuál opción utilizar en la propuesta definitiva.

 

Así, ActivistasxSL optó por adaptar una interfaz web para un sistema de representación geoespacial de incidentes de violencia de género, valiéndose de herramientas de software libre, a fin de reflejar esta información en el ámbito nacional. Con el propósito de ofrecer esta herramienta al Ministerio del Poder Popular para la Mujer, se exploraron varias alternativas tecnológicas y se establecieron protocolos de revisión y de pruebas.

 

Entre las opciones de tecnologías libres examinadas por el colectivo, se evaluó la herramienta Ushahidi[1], que es una aplicación web, basada en PHP v5.2.3+ y MySQL v5.1+, que puede servirse desde Apache v1.3+, Apache 2.0+, o lighttpd, diseñada inicialmente para atender denuncias ciudadanas en tiempo real durante la violencia post-electoral en Kenia durante el 2008. Su potencial radica en la representación geográfica de reportes y la opción de facilitar la interacción transmedia de sus usuarios, proveniente de distintas fuentes como feeds de páginas de noticias, correo electrónico, plataformas de redes sociales y mensajería de texto entre otras.

 

En este sentido, para los propósitos planteados por ActivistasxSL, la posibilidad de representar información sobre un plano cartográfico, visualizarla en tiempo real y garantizar al mismo tiempo su almacenamiento en una matriz de metadatos representó, junto a su facilidad de uso, portabilidad y simplicidad, las mejores características de Ushahidi.

 

Por otro lado, Ushahidi ha sido utilizada en varios países por activistas feministas para representar distintos tipos de violencia contra la mujer. Entre sus implementaciones para este propósito destacan el proyecto de lucha contra la violencia de género de Camboya (nominado por la ONU para el Premio de la cumbre Mundial del 2013), React! plataforma colaborativa para compartir información entre personas afectadas por violencia de género y Actí, gaviota en guaraní, plataforma de similares características propuesta para ser utilizada en Paraguay.

 

Finalmente, el uso de Ushahidi como herramienta para el sistema geoespacial propuesto, supone el respeto a consideraciones al marco legal vigente en país que establece, en la Ley de Infogobierno, la obligatoriedad tecnologías de información en su gestión interna e interrelación con otros entes y el Poder Popular (Artículo 6 ) y el uso privilegiado de programas informáticos en software libre a fin de “garantizar al Poder Público el control sobre las tecnologías de información empleadas y el acceso de las personas a los servicios prestados” (Artículo 34).

 

Es así como a finales del año 2014, se optó, como solución tecnológica en la propuesta por el uso de Ushahidi en una implementación llamada Yenchi donde se manejaría la información geográfica a través de su instalación en la dirección url https://yenchi.activistasxsl.org.ve. (ver Gráfico No.1)

 

Gráfico No.1

Gráfico1

Captura de pantalla de instancia de Yenchi

Fuente: Elaboración propia

 

Yenchi es un vocablo pemón con el que el padre nombra a su hija, la madre utiliza el vocablo urume para referirse a su hija. El nombre de Yenchi para la plataforma de reportes de violencia de género, se escoge por la particular perspectiva desde ActivistasxSL sobre la tecnología libre como un espacio, más, de cuidado para la formación y desempeño integral de la mujer.

 

En el proceso de articulación de la plataforma, se tomaron reportes hechos a través de noticias en distintos puntos del país, representándolos en distintas categorías habilitadas, en concordancia con las descripciones presentadas, a fin de validar su funcionamiento, tal y como se detalla en el Gráfico No.2.

 

Gráfico No.2

Gráfico2

Instancia de Yenchi y categorías de reportes habilitados

Fuente: Elaboración propia

 

 

Yenchi en el presente.

La plataforma, habilitada para su uso desde comienzos del año 2015, no ha logrado sin embargo, ser utilizada de modo activo por las instituciones encargadas de la coordinación de políticas de mitigación y prevención de la violencia de género en el país.

Pese a ello, cuenta con todas las funcionalidades requeridas para garantizar la generación de reportes y relatos, para su contextualización a través de la inclusión de material adicional como fotografías, videos, audios y otros, y para su correcto almacenamiento para una consulta y tratamiento posterior.

Así, el objetivo inicial de ofrecer una herramienta en tecnologías libres para ser utilizada por instituciones públicas encargadas de atender el manejo de información sobre violencia de género, ha sido parcialmente cubierto. Sin embargo, es importante destacar el proceso de aprendizaje generado en las activistas y derivado de la implementación de Yenchi.

 

Desde ActivistasxSL entendemos que este modo de aprender que es tan frecuente en el desarrollo de las tecnologías de información libres, encaja en la modalidad de aprender-haciendo, entendido como una forma de aprendizaje activo. En nuestro caso, los contenidos significativos tuvieron lugar desde la investigación previa hasta la implementación de la plataforma y la divulgación de su uso.

Precisamente porque desde el activismo en colectivo entendemos que el aprendizaje es un proceso de formación y autoformación permanentes, Yenchi es un proceso inacabado que, en corto plazo debiera atender tareas de difusión y complementación de las categorías de los delitos reportados, así como mejora de los mecanismos de reportes y vinculación con las instancias públicas responsables y otros colectivos feministas interesados en apropiarse de la herramienta.

La puesta en práctica de los principios y potencialidades básicas de los sistemas de información geográfica basados en tecnologías de información libres, al manejo de información sobre violencia de género, evidenció a Activistasxsl un espacio de acción claramente acotado en el cual se puede, además avanzar en el logro de los objetivos centrales del colectivo.

 

Otras referencias de interés.

  1. Violencia en la sociedad de la información, un informe para la sociedad boliviana
  2. Comunidad de Madrid, programa No Te Cortes, atención a violencia de género en jóvenes.
  3. Desde este enlace encontrará una sistematización interesante sobre ciberviolencia de género.
  4. Violencia de género versus violencia doméstica: la importancia de la especificidad. De Beatriz Gimeno y Violeta Barrientos Silva, aborda las definiciones necesarias para evidenciar las especificidades de las situaciones violentas hacia la mujer.
  5. Socioantropología de la violencia de género, artículo de Carmen Teresa García y Blanca Elisa Cabral en el cual exploran evidencias sociosimbólicas de las violencias hacia la mujer a través del estudio de las circunstancias particulares de quienes acuden a la Casa de Las Mujeres de Mérida (Venezuela).
  6. Algunas Ideas básicas sobre ciberacoso.
  7. Violencia de Género. Artículo de María A. Branchs donde explora las tareas pendientes en cuanto a políticas públicas nacionales para atender y reducir las incidencias por violencia de género contra la mujer, en atención a los convenios internacionales firmados por Venezuela.
  8. Publicar tu información privada es violencia de género: Sexabuso

 

 

[1] Ushahidi significa testigo en swahili.

 

Foto: https://wiki.ushahidi.com/download/attachments/5669528/Map%20of%20Ushahidi%20Maps%20.png?version=1&modificationDate=1350600350000&api=v2

Comparte este contenido:

Colonial Legacies and Social Welfare Regimes in Africa: An Empirical Exercise


Colonial Legacies and Social Welfare Regimes in Africa: An Empirical ExerciseThis paper identifies three types of welfare regimes in Africa, based on the insight that tax and expenditure regimes are closely associated. Using cluster analysis, the author highlights historical legacies in current welfare policies, demonstrating that welfare regimes in Africa have been strongly determined by the ways in which different countries were incorporated into the colonial economy. The author finds that many of the new social welfare reforms are taking place in what he refers to as labour reserve economies, and are generally internally rather than aid-driven. He stresses the importance of thinking of social expenditure in relationship to domestic resource mobilization, and finds that the focus on aid and social expenditure has tended to obscure this important aspect of welfare regimes in Africa.

Thandika Mkandawire is Chair and Professor in African Development at the London School of Economics, a Senior Fellow of The Graduate School of Development and Practice and Visiting Professor at the University of Cape Town.

  • Publication and ordering details
  • Pub. Date: 27 May 2016
    Pub. Place: Geneva
    From: UNRISD

Informe disponible desde Mkandawire-PDRM

Imagen tomada de: http://www.irishtimes.com/polopoly_fs/1.1736427.1395680271!/image/image.jpg_gen/derivatives/box_620_330/image.jpg

Comparte este contenido:
Page 2539 of 2676
1 2.537 2.538 2.539 2.540 2.541 2.676