A escola e a educação foram vítimas do golpe de Estada que censurou, perseguiu e assassinou estudantes e educadores. A ditadura pôs fim ao ambiente de otimismo entre educadores que avançavam na construção de uma educação popular e emancipatória. No lugar da educação crítica voltada à formação de cidadãos, a reforma no currículo imposto pelo golpe militar estava calcada em uma visão autoritária da educação que valorizava exclusivamente a formação tecnicista para mercado de trabalho. Com o golpe, são extintos importantes projetos como o Programa Nacional de Alfabetização, implantado por Paulo Freire, o movimento estudantil, em intensa efervescência é também profundamente afetado.
Mesmo com a democratização muitos retrocessos na educação não foram revistos e superados. Ainda hoje a escola reflete o silenciamento da sociedade em relação às violências ocorridas. O desconhecimento e a ocultação sobre os atos praticados pelos agentes da ditadura atingem o ambiente escolar, reproduzindo a violência simbólica por meio da negação da verdade e da formação de uma sórdida lacuna na narrativa histórica nacional.
Esses fatores fazem com que a educação em direito à memória e à verdade, isto é, a educação comprometida com o debate e a reflexão sobre a ditadura militar, seja de extrema importância, inclusive para transformar a escola e a educação, fortalecendo o ensino crítico e a cultura democrática. Como vetor fundamental para a construção e a solidificação de valores, a escola é espaço fundamental para discutir o que significou viver com liberdades e com direitos cerceados, para se refletir sobre o sentido de combater o regime autoritário e lutar pela democracia em um período em que pairavam o medo, o silêncio, as prisões arbitrárias, as torturas e mortes. Apenas revendo o passado de dor é possível caminhar na valorização democrática e de uma cultura de respeito aos direitos humanos, para que as violações cometidas não se repitam. Educadores, gestores e estudantes são os agentes fundamentais dessa mudança.
A importância da educação em direito à memória e à verdade é reforçada através das recomendações de diferentes comissões nacionais da verdade, como Comissão Nacional da Verdade e Comissão da Verdade Rubens Paiva.
A realização de atividades como visitas, cine debates, rodas de conversa, formação junto a gestores e educadores, realização de aulas na temática da ditadura, desenvolvimento de material pedagógico, produções textuais, fotográfica, audiovisual, desenhos, blogs, rádios comunitárias, imprensa jovem, comunidades virtuais, murais, campanhas; desenvolvimento de material pedagógico; reformulação de conteúdo programático; produções artísticas e culturais; são alguns dos exemplos de importantes passos no sentido de garantir o direito à memória e à verdade nas escolas.
Mais informações: http://cdmvsmdhc.wix.com/edital
Fonte: Coordenação de Direito à Memória e à Verdade