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Como a escola pode preparar os jovens para a participação da vida pública do país

A ocupação das escolas da rede pública no final de 2015 e movimentos como o do Passe Livre mostram que os jovens não estão apáticos e desinteressados, como dizem alguns. Eles estão mobilizados para participar da cena pública do País.

O empoderamento dos jovens depende dos espaços de participação que existem em suas comunidades e das chances que têm para se expressem e serem ouvidos. São essas oportunidades que possibilitam a confiança e a vontade de participar de temas que sejam próximos de seu cotidiano.

As novas tecnologias, como a facilidade para postar vídeos online e de usar as redes sociais, são ferramentas valiosas para uma educação cidadã e para o engajamento juvenil na participação da vida pública. Para tanto, as instituições de ensino têm que se transformar em escolas públicas de fato: democráticas, abertas à comunidade, onde os alunos tenham voz e façam parte ativamente do cotidiano, por exemplo em produções de rádio ou jornal escolar e na criação de grêmios estudantis.

A participação requer que o jovem aprenda a acessar, selecionar e analisar informações, de modo a construir conhecimentos que o ajude no exercício da cidadania. Cidadania esta que exige também aprendizado de valores democráticos como o diálogo, o respeito e a cooperação. Para isso, não se deve primeiro ensinar conteúdos e depois práticas relativas à cidadania, mas trabalhá-los de forma integrada, gerando uma educação que responda aos desafios do século 21.

Na zona leste de São Paulo, em São Miguel Paulista, o projeto Rede Jovem Comunica, realizado em parceria com escolas públicas da região, é um bom exemplo de engajamento juvenil. Ele produz programas de rádio, de TV e o jornal A voz do Lapenna, distribuído em toda comunidade. Ao possibilitar que os jovens usassem aparelhos tecnológicos como ferramentas de aprendizado nas mais variadas disciplinas, a iniciativa deu abertura para a experimentação e para a expressão dos alunos. Como afirma o coordenador do projeto José Luiz Adeve, «ao abrir as portas às novas tecnologias, usando-as nas práticas pedagógicas, a escola passa a acompanhar e mesmo protagonizar as mudanças sociais que vivem os jovens». Os alunos, por sua vez, dizem que aprenderam com o projeto não apenas a escrever melhor, mas a criar e se expressar melhor.

Uma educação comprometida com o mundo contemporâneo deve trabalhar para que crianças e jovens encontrem nele seu lugar. Quando incentivamos reflexões e indagações sobre o que significa relacionar-se em sociedade e construímos um ambiente de pertencimento à comunidade, as crianças e jovens passam a participar da vida pública do país e potencializam sua voz.

Imagem: Marlene Bergamo/Folhapress

Fonte: Maria Alice Setubal – Uol

*Maria Alice Setubal, a Neca Setubal, é socióloga e educadora. Doutora em psicologia da educação, preside os conselhos do Cenpec e da Fundação Tide Setubal e pesquisa educação, desigualdades e territórios vulneráveis.

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Brasil: SEÇÃO ESPECIAL: Manifestos em defesa da Democracia

A ANPEd faz 38 anos. Queremos a institucionalidade democrática como presente e futuro – ANPEd – Associação Nacional de Pós-Graduação e Pesquisa em Educação

Nossa mobilização é crucial neste momento para que não se comprometa nossas tão caras agendas de afirmação da soberania nacional, de Direitos Humanos, do fim da desigualdade e da busca da equidade social em nosso país.

Diretoria do ANDES-SN divulga nota sobre crise política – Sindicato Nacional dos Docentes das Instituições de Ensino Superior – ANDES-SN
Não pode haver democracia plena, se hoje os veículos de comunicação são instrumentos de desestabilização, a serviço do imperialismo norte-americano.

Pela democracia Sociedade Brasileira de Estudos Interdisciplinares da Comunicação

Em face do grave momento vivido pelo país, a diretoria da Intercom reitera seu compromisso com a defesa do Estado de Direito, da democracia e das salvaguardas individuais garantidas pela Constituição. E, como entidade da área de Comunicação, ressalta a importância de uma atuação equilibrada da imprensa, que deve dar espaço ao contraditório e não pode funcionar, jamais, como tribunal midiático.

Carta Aberta aos Associados Associação Brasileira de Pesquisadores de Jornalismo

A Diretoria e os Conselhos da SBPJor manifestam publicamente sua preocupação com o atual ambiente de insegurança político no Brasil, que coloca em xeque atribuições das instituições de poder nacionais e direitos das mais diversas ordens, conquistados historicamente.

Em defesa da democracia, dos direitos conquistados, das garantias fundamentais e da justa liberdade de informaçãoAssociação Nacional dos Programas de Pós-Graduação em Comunicação

A Diretoria da COMPÓS – Associação Nacional dos Programas de Pós-Graduação em Comunicação – vem a público manifestar sua preocupação com os rumos atuais da política e, em especial, com o posicionamento, muitas vezes, arbitrário e unilateral de setores da mídia, em estreita ligação com a judicialização da política.

Nota da Diretoria Executiva da ANPOCS em Defesa do Estado Democrático de Direito Associação Nacional de Pós-Graduação e Pesquisa em Ciências Sociais

A diretoria executiva da ANPOCS vem a público manifestar sua preocupação com iniciativas de interrupção de um mandato presidencial conquistado legalmente e legitimado pelo voto direto da maioria da população brasileira.

A Psicologia em Defesa da Democracia e do Estado de Direito Associação Brasileira de Psicologia Social

A Psicologia, por meio de suas entidades, tem afirmado e defendido valores democráticos que garantam o debate amplo, respeitoso e plural das ideias e projetos que circulam em nossa sociedade. No exercício de nossa profissão, aprendemos a defender a liberdade de expressão, a convivência da diversidade e os espaços coletivos de reflexão que possam fomentar a paz social.

Nota pela defesa da democracia e contra o golpe Associação Brasileira de Ensino em Psicologia

Vimos repudiar os atos ocorridos no dia 04 de março de 2016, através dos quais a democracia brasileira, tão fragilizada, sofreu mais um ataque por meio do espetáculo midiático dos grandes veículos de comunicação, com seus ranços antidemocráticos e de alguns setores do Poder Judiciário brasileiro, marcadamente atravessado por práticas penais seletivas e mecanismos de investigação duvidosos.

Nota em defesa do Estado de Direito e da Democracia Associação Brasileira de Antropologia

A Diretoria 2015-2016 da Associação Brasileira de Antropologia (ABA), diante da grave conjuntura política com que nos defrontamos nesse momento da vida pública brasileira, vem externar sua radical defesa do Estado de Direito e da Democracia em nosso país, construídos em anos de árdua luta contra o sempre redivivo autoritarismo, e contra as forças produtoras da desigualdade social.

Manifesto contra violência policial na PUCSP PEPG em Educação: História, Política, Sociedade

Os professores do Programa de Estudos Pós-Graduados em Educação: História, Política, Sociedade, da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, reunidos em reunião ordinária em 22/03/2016, vem a público  apresentar o seu mais veemente repúdio contra a ação abusiva, parcial  e violenta da Polícia Militar contra um grupo de estudantes que  simplesmente gritavam palavras de ordem contra outro grupo que defendia o impeachment da Presidente Dilma.

Manifesto à sociedade brasileiraAssociação Nacional de Pós-graduação e Pesquisa em Planejamento Urbano e Regional

A diretoria da Anpur manifesta profunda preocupação com o agravamento da crise política em que foi jogada a nossa democracia e justamente por agentes da lei que deveriam assegurar o respeito à legalidade e à ordem democrática no nosso país.

Fonte: Pensar a Educação em pauta –  Um Jornal para a Educação Brasileira

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Novas Dinâmicas do Ensino Superior no Brasil: O Público e o Privado

Novas Dinâmicas do Ensino Superior no Brasil: O Público e o Privado se propõe a explicar os processos recentes de privatização e mercantilização do ensino superior no Brasil, avaliando as respostas do sistema nacional para a demanda crescente por ensino superior no país.

O novo artigo do Grupo Estratégico de Análise do Ensino Superior (GEA – ES), da Flacso Brasil, é escrito por Helena Sampaio, professora adjunta do Programa de Pós-Graduação em Educação da Universidade Federal Fluminense (UFF) e líder do Laboratório sobre Acesso e Permanência (LAP/UFF).

Avaliando uma década de intenso crescimento de matrículas de ensino superior no país – número que atualmente gira em torno de sete milhões – ela destaca que nesse processo de ampliação do atendimento o setor privado – predominante no sistema de ensino superior brasileiro desde a década de 1970 – aumentou ainda mais sua participação e responde atualmente por 85% das instituições e por 74% do total de matrículas.

A autora aponta um aspecto particular do modelo privado de ensino superior no Brasil: o uso de recursos públicos para financiar parte significativa dos estudantes matriculados em instituições privadas. Sampaio se propõe a analisar esse financiamento público da demanda de ensino superior enquanto manifestação da privatização, observando principalmente dois programas federais: o Programa Universidade para Todos (Prouni), que concede isenção de impostos às instituições privadas com finalidade lucrativa em troca de bolsas, e o Fundo de Financiamento Estudantil (Fies), programa de crédito educativo garantido pelo governo.

O estudo é orientado por três hipóteses: “A primeira é a de que circunstâncias de cunho normativo, político-ideológico e de mercado confluem há pelo menos quarenta anos para o deslocamento do ensino superior na direção do mercado, tornando o sistema brasileiro um anfitrião receptivo das entidades privadas com fins lucrativos que atuam nesse mercado. A segunda hipótese é a de que políticas recentes de ampliação do acesso e permanência e os fenômenos de intensificação da privatização das matrículas e mercantilização desse nível de ensino são processos mutuamente implicados e dependentes. E a terceira hipótese é a de que as políticas de ampliação do acesso e de permanência no ensino superior adotadas nos últimos anos não só resultaram na expansão do sistema como também implicaram em uma nova reconfiguração do mesmo: aspectos constitutivos da dualidade público e privado, tais como origem do financiamento estudantil, custo para os alunos, mecanismos de acesso, distribuição geográfica das instituições, perfil dos estudantes, distribuição das matrículas por área do conhecimento, entre outros, tornam-se mais nuançados, dando lugar a outros contrastes e segmentações no interior de cada um desses setores”.

O trabalho reúne dados de diferentes naturezas e fontes: séries estatísticas do ensino superior no Brasil, dados quantitativos específicos ao setor privado, documentos oficiais relativos a leis e decretos que disciplinam o ensino superior no país.

Dividido em três parte, na primeira, a autora apresenta as circunstâncias prévias dos processos de privatização e mercantilização do ensino superior no Brasil. Na segunda, a partir de dados estatísticos, ela busca mostrar como as políticas de ampliação do acesso e permanência no ensino superior e os processos de privatização e de mercantilização desse nível de ensino são fenômenos mutuamente imbricados. Na terceira parte, a partir da análise de dados de matrículas no ensino superior, por cursos e áreas do conhecimento, Sampaio apresenta alguns indícios dos efeitos das políticas de ampliação do acesso e permanência no ensino superior e do mercado para uma nova reconfiguração do sistema nacional.

Confira o artigo completo aqui.

Foto: Luiz Filipe Barcelos/ UnB Agência

Fonte: Marina Baldoni Amaral – Flacso Brasil

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Brasil: 70% dos estudantes consideram que já ocorreu violência em suas escolas

capa_diagnostico_participativoA Flacso Brasil realizou, em parceria com o Ministério da Educação (MEC), o Diagnóstico Participativo das Violências nas Escolas: Falam os Jovens, como parte do Programa de Prevenção à Violência nas Escolas. O estudo foi realizado com a colaboração de professores e alunos das últimas séries do ensino fundamental, do ensino médio, e EJA, que foram capacitados para atuar no processo de diagnóstico, em escolas de sete capitais: Maceió (AL), Salvador (BA), Fortaleza (CE), Vitória (ES), São Luís (MA), Belo Horizonte (MG) e Belém (PA).

O estudo alerta para a “tendência a um homogêneo panorama de violência nas escolas públicas, percebidas pelos alunos, ainda que a intensidade de determinados indicadores varie ou tenha marcas regionais”.

Segundo os dados encontrados, a maioria dos estudantes considera que já ocorreu algum tipo de violência nas suas escolas (70%), com exceção dos jovens das escolas de Belém, onde 89% indicaram que não teria ocorrido nenhuma violência. A percepção de que nas escolas teria ocorrido algum tipo de violência foi mais intensa em Maceió (85%), Salvador (83%) e Belo Horizonte (80%).

Considerando o conjunto de cidades pesquisadas, cinco em cada dez jovens indicam que já foram agredidos nas escolas. Cyberbullying (definido pela pesquisa como “zoar, ameaçar ou xingar pela internet”) foi uma das agressões mais citadas, reportada principalmente em Vitória (37%), Belo Horizonte (27%) e Maceió, (27%). Roubos e/ou furtos foram apontados como outra violência comumente sofrida (25%), chegando a serem registrados em 33% em São Luís e 30% em Belém. Ameaças foram apontadas por cerca de dois em cada dez jovens, em cada cidade. Belém se destaca como a cidade em que os jovens menos indicaram ter sofridos agressões físicas (1%), quadro distante do apresentado por Salvador (17%) e Maceió (17%). Chega a 2% os relatos de violências sexuais na escola tomando como referência o conjunto de cidades pesquisadas. Esse patamar é ultrapassado por Salvador e Vitoria, onde 3% dos alunos denunciaram, respectivamente, ter sofrido tal violência.

Mais de um terço dos entrevistados (27,4%) apontam que já sofreram algum tipo de discriminação. Discriminação pelo “lugar onde mora” é uma das construções mais citadas (19%), principalmente em Maceió (28%), São Luís (25%) e Fortaleza (21%). “Raça” e “religião” foram citados por 18% cada. A pesquisa destaca a variedade de temas usados para discriminar: “há jovens que se perceberam vitimizados por sua ‘deficiência física’ (9% em Vitoria, 7% em Salvador, sendo que a média para o conjunto de cidades foi de 6%); por sua ‘orientação sexual’ (assinalado em 11% em Vitoria e 3% em São Luís, e em torno de 6,0% na maioria das demais cidades), por sua ‘classe social’ (cerca de 10% em Belém e Salvador, 9% em Fortaleza); já por preferência política chegou ao nível de 6% em Vitoria, superior ao anotado em outras cidades (em média 4%)”.

 A diretora da Flacso Brasil, Salete Valesan Camba, avalia que o caráter participativo da pesquisa, que incluiu estudantes e professores na realização do diagnóstico, tem “como resultado a possibilidade de, ao mesmo tempo em que desenvolve a pesquisa, formar educadores e jovens como pesquisadores da própria realidade, levando resultado aos pais e à comunidade em um processo de formação e educação”.

O estudo foi coordenada por Miriam Abramovay e realizado por Mary Garcia Castro, Ana Paula da Silva e Luciano Cerqueira. Conheça o diagnóstico completo aqui.

Fonte: Marina Baldoni Amaral –  Flacso Brasil

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Publicação traz relatos de universitários de origem popular

capa_geaCaminhadas dez anos depois: Relatos de universitários de origem popular, o sexto volume da Coleção Estudos Afirmativos, do Grupo Estratégico de Análise da Educação Superior no Brasil (GEA – ES), da Flacso Brasil, conta as trajetórias de alguns estudantes bolsistas do programa Conexões de Saberes dez anos depois do início do programa.

A primeira edição de Caminhadas contava a trajetória dos (as) bolsistas do programa até a chegada na universidade, escritos por eles (as) mesmos. A obra foi resultado de uma parceria entre o Observatório de Favelas do Rio de Janeiro, o Ministério da Educação (MEC) e universidades federais e resultou na publicação de 32 volumes que integram a Coleção Caminhadas de Universitários de Origem Popular, cada um deles contendo ao menos 25 narrativas autobiográficas sobre o trajeto que os estudantes percorreram até chegarem à universidade.

“Em 2006, a redação desses livros era ao mesmo tempo um ato de luta, de superação, de denúncia e de comemoração. Hoje, dez anos depois, alguns deles retornam para nos contar como tem sido o tempo vivido daquele momento até agora. Como antes, esses jovens têm muito a ensinar. Para quem duvida, basta ler as narrativas reunidas neste volume”, afirma André Lázaro, organizador da Coleção Estudos Afirmativos, na apresentação do livro.

Ele afirma também que as narrativas que integram este volume informam acerca dos processos, “ora sutis ora agressivos, com que preconceitos e discriminações atingem a juventude que, com imenso esforço e extraordinária dedicação, supera as condições de pobreza e alcança a universidade pública”.

“Espero que nosso leitor possa ser tocado por essas histórias de vida que superaram as adversidades impostas por uma sociedade elitista, racista, machista e preconceituosa. Espero que também possam ver que a questão não se resume ao mérito, mas às oportunidades, ou à falta delas, que temos durante a vida” afirma Leonor Franco de Araujo, organizadora da obra.

O livro completo pode ser acessado e baixado aqui.

Fonte: Marina Baldoni Amaral – Flacso Brasil

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Como discutir a crise política em sala de aula sem ser doutrinador

O ‘Nexo’ conversou com pesquisadores atrás de dicas sobre como aproveitar o momento político nas aulas

A crise política segue se agravando com a divulgação de diálogos entre Luiz Inácio Lula da Silva e Dilma Rousseff, a nomeação do ex-presidente como ministro e a presidente classificando a condução da Operação Lava Jato como ilegal.

Uma das consequências da turbulência é o clima de guerra que se instaura nas redes sociais e nas ruas, onde confrontos violentos entre partidários de diferentes visões têm ocorrido.

Para pesquisadores da área da Educação consultados pelo Nexo, o momento político em rebuliço captura a atenção dos estudantes, o que traz a oportunidade para discutir história do século 20, noções de cidadania e técnicas de construção de textos.

Veja abaixo a crise pode ser usada em sala de aula.

Busque imparcialidade#

O professor tem um posicionamento político sobre a crise, mas ele deve buscar ao máximo a imparcialidade, sob o risco de ser taxado de doutrinador e perder a atenção dos alunos.

Segundo Antonio Augusto Batista, coordenador de pesquisas do Cenpec (Centro de Estudos e Pesquisas em Educação, Cultura e Ação Comunitária), estudantes de ensino médio já devem ter as suas próprias opiniões, enquanto os do Fundamental I tendem a trazer as opiniões da família.

Em qualquer um dos casos, o professor deve se esforçar para não soterrá-las com a sua própria visão e autoridade dentro da sala de aula.

“Ele deve mostrar a sua avaliação, mas abrir a possibilidade de que o aluno se contraponha a ela. Se for usar textos jornalísticos, pode abrir espaço para um blog pró ou próximo do governo e um veículo de oposição. A internet está aí e o aluno sabe que há uma grande diversidade de informação”

Antonio Augusto Batista

coordenador de pesquisas do Cenpec

Adeque o nível do debate#

Para Luiz Carlos Villalta, professor de História do Brasil na UFMG, é necessário adequar o tema abordado à faixa etária dos alunos.

Alunos mais novos, do ensino fundamental, de seis a 14 anos, estão preparados para lidar com questões mais ligadas à civilidade, como a tolerância entre partidários de diferentes ideias.

“O grande perigo agora é a intolerância e a violência, que são um risco para a democracia brasileira tão nova e tão frágil. Há pessoas sendo agredidas fisicamente e verbalmente por ter posições políticas, e isso deve ser combatido na sala de aula.”

Luiz Carlos Villalta

professor de História do Brasil na UFMG

Para alunos mais velhos, do ensino médio, de 15 a 17 anos, ele sugere trabalhar também temas históricos e de filosofia política.

Use o noticiário#

Batista, do Cenpec, recomenda o uso de textos jornalísticos orais e escritos opinativos. Eles são ótimos materiais para discutir como a construção de uma frase muda a forma como ela pode ser interpretada.

“Tudo na linguagem tem efeito. Um título pode dizer ‘estudantes são mortos’, ‘estudantes são mortos pela polícia’ ou ‘a polícia mata estudantes’. Só o uso do agente, se está como sujeito, se está na voz passiva ou se está omitido representa um certo posicionamento editorial mais ou menos crítico sobre aquele fato.”

Antonio Augusto Batista

coordenador de pesquisas do Cenpec

A leitura de editoriais pode ser uma ótima forma de captar técnicas de argumentação.

“‘Isto não significa aquilo’, ‘não se pode pensar isso’. Ao mostrarem o argumento contrário, esses textos permitem localizar contra quem está falando”, diz.

Não parta do princípio de que os alunos estão a par de tudo#

Pela própria limitação de tempo e espaço do jornalismo, no entanto, os textos podem ser difíceis de entender para quem não está acompanhando diariamente o noticiário. O professor não pode cometer o mesmo erro.

Quando propõe discutir um texto, é tarefa sua identificar essas lacunas de entendimento e explicá-las em sala de aula.

«Umberto Eco dizia que o texto é um mecanismo preguiçoso, que vive do conhecimento que o leitor vai trazer. O professor de português tem que trazer o conhecimento que o leitor não tem.»

Antonio Augusto Batista

coordenador de pesquisas do Cenpec

Relacione a história recente com o passado#

Entre as linhas de abordagem sugeridas por Villalta, da UFMG, está a persistência do patrimonialismo no governo brasileiro.

“É um problema que vem da Península Ibérica. A Corte de Dom João VI era extremamente corrupta. Isso não desaparece com a Independência, com a República, com a redemocratização etc. A identificação dessa constância em vários governos é fundamental.”

Luiz Carlos Villalta

professor de História do Brasil na UFMG

A professora da PUC Maria Angela Barbato Carneiro, que estuda políticas públicas de educação avalia que “essas questões éticas e morais que ocorrem não estão só no momento presente simplesmente, são um acúmulo de uma bola de neve histórica.”

Por: André Cabette Fábio – NEXO

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|Vídeo| Fórum Social da Educação Popular – Convergência de Educação: A Educação Popular e os Direitos Humanos

Fórum Social Temático/Fórum Social Mundial Porto Alegre 15 anos

Mesa de Convergência de Educação: A Educação Popular e os Direitos Humanos
22 de janeiro de 2016 – Auditório Araújo Viana – Porto Alegre, Brasil

Apresentação por Salete Valesan Camba (Flacso-Brasil) e Alberto Sansano (STEs)

Com Mauri Cruz (ABONG), Camila Lanes (UBES), Driss El Yazami (CNDH/Marrocos), Baltasar Garzón, Moacir Gadotti (IPF), Beatrici Cardona (STEPV -i), Moyses Martins (Brasil Acessível), Boaventura de Sousa Santos (CES/UPMS) e Nilma Lino Gomes (MMIRDH).

Intervenção de Boaventura de Sousa Santos:

Mais informação sobre o Fórum Social da Educação: aqui 

Fonte: ALICE

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