Portugal / 17 de mayo de 2017 / Fuente: http://www.portugal.gov.pt
«Há 30 anos, a questão crítica na ciência era o seu isolamento social», lembrou o Ministro da Ciência, Tecnologia e Ensino Superior, Manuel Heitor, acrescentando que, «com o programa Ciência Viva, foi possível pensar melhor a integração da ciência na sociedade».
Estas declarações foram feitas na comemoração dos 30 anos das primeiras Jornadas de Ciência e Tecnologia, na confrência sobre o futuro da ciência em Portugal, que decorreu em Lisboa, e que contou com uma intervenção do Primeiro-MInistro António Costa.
«A realização deste tipo de eventos, bem como a criação de inúmeros institutos e centros de investigação, também permitiu democratizar o acesso à ciência, alargando-a aos mais jovens», sublinhou o Ministro, referindo que o objetivo é conseguir «maior participação pública, através de um esforço crescente para ligar a ciência à sociedade».
Desafios para o futuro da ciência
Manuel Heitor referiu três desafios principais para a ciência em Portugal. Em primeiro lugar, os níveis de investimento: «Há 30 anos, a meta para o investimento científico era que a verba equivalesse a 1% do PIB, quando este valor era apenas de 0,4%», disse o Ministro.
Depois de uma quebra acentuada correspondente ao período de crise económica e financeira, entre 2011 e 2014, o País «retoma hoje o esforço de investimento, sendo a meta europeia de 3% do PIB», afirmou Manuel Heitor.
Em segundo lugar, o Ministro disse que, «há 30 anos, os níveis de investimento público eram de 75% face aos do privado. Atualmente, o público é apenas ligeiramente superior ao privado, mas ambos muito inferiores àquilo que são as metas europeias».
«Um aspeto positivo, é que a corresponsabilização do público e do privado está a ganhar cada vez maior importância em todo o mundo», ressalvou Manuel Heitor, «motivo por que o Governo lançou o programa Interface, justamente com o objetivo de reforçar os centros de intermediação e os laboratórios colaborativos».
Em terceiro lugar, o Ministro afirmou que «uma forma de aferir se as pessoas nesta área são suficientes é através do número de doutorados».
«Portugal está a formar 2,2 novos doutores por cada 10 mil habitantes, um número semelhante à Espanha, mas muito abaixo de países como a Finlândia, a Noruega ou a Holanda», disse ainda.
Manuel Heitor realçou que, «embora Portugal tenha evoluído muito na formação ao longo dos últimos 30 anos – quer relativamente ao número de doutores formados, quer quanto ao número de universidades com capacidade para ministrar programas de doutoramento – é preciso formar e empregar mais doutores».
Criar mais emprego científico
«Em relação ao emprego científico, só 27% dos bolseiros estão ligados a instituições, pelo que falta capacidade de contratação dos melhores em Portugal», afirmou também o Ministro, acrescentando que «urge melhor articular a ciência com o ensino superior».
Manuel Heitor disse: «Por isso este é um pilar essencial do Programa Nacional de Reformas, a par do Plano Nacional de Coesão Territorial, que visa melhor compreender relação entre a capacidade científica e o desenvolvimento do território».
«Precisamos de uma estratégia a quatro dimensões, que abra a base social do apoio ao conhecimento, reforce o topo do sistema, o emprego científico e as unidades de investigação associadas, dê maior centralidade ao ensino politécnico, e promova a participação pública nas agendas científicas», referiu o Ministro.
Sociedade assente no conhecimento
Manuel Heitor sublinhou que é preciso «estimular a ambição coletiva dos portugueses de aprender e atrair para o País uma verdadeira sociedade baseada no conhecimento», através de uma «elevada colaboração intergeracional, entre instituições, e entre os setores público e privado».
«No Encontro Nacional de Ciência 2016, o Governo apresentou o Plano Nacional de Ciência e Tecnologia nas suas várias dimensões, estimulando a capacidade de adaptação, lançando novas formas colaborativas e animando a capacidade de todos falarem, valorizando ainda a posição geoestratégica de Portugal», acrescentou o Ministro.
Manuel Heitor concluiu, alertando para a importância crescente da aquisição de competências digitais, num mundo cada vez mais globalizado.
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